A dica é apostar na
personalização em vez de enviar o mesmo currículo para companhias diferentes
Um currículo bem-feito é fundamental para
garantir sucesso na busca por uma oportunidade de trabalho. No entanto, muitos
candidatos são descartados de cara porque não conseguem atrair a atenção dos
recrutadores para suas habilidades, pois não conseguem transmitir no papel o
seu potencial e experiência.
Além disso, avanços tecnológicos permitem
que a seleção de um candidato seja feita hoje com base em algoritmos. Sendo
assim, é importante dedicar uma parte do tempo para tornar o currículo atraente
e adequado ao perfil da empresa.
Esqueça o hábito de utilizar um mesmo
currículo para diferentes companhias. Adaptar o documento para a vaga aberta é
o primeiro passo. “Se o candidato tem interesse em uma vaga específica, vale
customizar o currículo e direcionar as informações para a posição que está
interessado”, ensina Raphael Falcão, da Hays Recrutamento.
Feito isso, o passo seguinte é destacar os
principais pontos da trajetória profissional. “Tem que focar, já de cara, nos
projetos que realizou, mensurar resultados que alcançou e como foi o início, meio
e fim deste trabalho”, explica Falcão. Importante colocar as atividades em
ordem cronológica bem como link para página de mídia social profissional. “Nada
de ficar enfeitando ou criando no currículo. O que faz a diferença é o
recrutador bater o olho e conseguir identificar, de forma clara, o que o
candidato faz bem e se sua experiência é compatível com a posição aberta ou se
teria outra área para aquela pessoa”, complementa.
Paulo Vieira, master coach, diz que o
currículo deve conter as promoções e cargos de liderança ocupados, bem como o
número de pessoas lideradas.
Na hora de escrever o currículo, o candidato
precisa pensar de forma estratégica, não apenas recorrendo à ordem cronológica
inversa (da mais recente para a mais antiga) para mostrar a trajetória
profissional. “Em cada uma das suas etapas profissionais, quais foram os
projetos mais relevantes? Qual foi sua participação? Quais os resultados? Procure
tangibilizá-los com números ou porcentuais. Se você tem uma experiência longa, coloque
apenas as últimas e mais relevantes passagens”, aconselha Leonardo Berto, gerente
de negócios da Robert Half. “Olhe para sua carreira e encontre aquilo que pode
destacá-lo dos demais. O currículo não tem que ter tudo, deve conter apenas o
suficiente para chamar a atenção do recrutador e ele querer saber mais sobre
você”, complementa Berto.
Com os processos cada vez mais
informatizados, é fundamental que o profissional adeque seu currículo para as
novas realidades virtuais. Isso significa que recorrer à palavra-chave para
mostrar as habilidades técnicas e comportamentais podem contribuir para o
perfil ser selecionado.
Por fim, tenha as redes sociais
profissionais atualizadas. Não é incomum o recrutador dar uma olhada nestes
perfis antes de chamar o candidato para a próxima etapa do processo seletivo.
A entrevista de emprego
Seu currículo foi selecionado para a vaga e
chegou a hora de passar pela segunda fase do processo: a entrevista de emprego.
Do mesmo jeito que as empresas usam a
internet para saber mais do candidato, o interessado em uma vaga deve fazer o
mesmo. Buscar o máximo de informações possíveis sobre a empresa, como áreas de
atuação, projetos, produtos e o perfil da companhia. Saber por que a vaga foi
criada e, se possível, falar com quem já trabalhou na companhia pode ajudar
nessa etapa.
“Conhecer a empresa é um diferencial porque
passa comprometimento, profissionalismo e organização. As informações coletadas
nas pesquisas devem ser usadas para direcionar suas respostas, mas isso deve
ser feito de forma sutil”, diz Falcão.
Segundo Berto, pesquisar sobre a empresa, os
clientes atendidos por ela e sua posição no mercado e outras informações que
vão mostrar que você está interessado em fazer parte do time. “Também serve
como preparo, caso o candidato seja perguntado sobre como contribuiria para a
companhia. Inclusive, antecipar o que pode ser perguntado durante a entrevista
ajuda o candidato se preparar”, diz.
Dicas para a
entrevista
Berto relaciona algumas perguntas que podem
ser feitas e dicas para as respostas:
1. Por que você saiu
da empresa em que trabalhava?
Muitos candidatos acabam não apresentando de
forma clara e objetiva as razões pelas quais deixaram o último emprego, principalmente
se a razão foi por demissão. Não minta, pois um headhunter experiente vai se
aprofundar no assunto e acabar descobrindo. Ser demitido não é demérito para
ninguém, acontece. O melhor é dizer a verdade e explicar as razões para a sua
saída, se foi por um corte de custos ou porque a empresa queria um profissional
mais barato naquele momento
2. Por que você quer
trocar de emprego?
Pense com antecedência no que você irá
responder e estruture algo objetivo para falar ao recrutador. Não exponha o
atual empregador, falando mal de diversos aspectos. Mas não há problema algum
em dizer que você não se adaptou à cultura da empresa – e especificar algum
ponto em relação a isso – ou ainda justificar sua saída pela vontade de crescer
na carreira.
3. Podemos conversar
em inglês?
Aqui é para testar o nível de inglês que foi
indicado no currículo. Se o candidato colocou que é fluente mas tem um nível
intermediário, isso pode fechar muitas
portas.
4. Quais são seus
pontos fracos?
O candidato não deve falar que não tem
pontos fracos, pode passar a impressão de que não está correndo atrás para
melhorar suas competências profissionais. A verdade é que ninguém deve se achar
100%, sempre há algo em que se aperfeiçoar.
5. Qual é a sua
pretensão salarial?
Por mais desconfortável que seja falar de
salário, é importante ir para uma entrevista de emprego com um número em mente.
Não tem problema se o salário não é motivador para você, mas diga a partir de
quantos reais uma oportunidade pode lhe interessar.
Linguagem corporal
Segundo Berto, não é só a linguagem verbal
que diz algo sobre o candidato. O corpo também fala. A dica é procurar saber
alguns sinais corporais e o que eles significam para não transmitir a mensagem
errada na entrevista de emprego.
“Os recrutadores são especialistas em
analisar pessoas e prestam muito atenção na linguagem não -erbal”, ensina Berto,
que dá algumas dicas:
1. Inclinar-se para
trás
Se você quer demonstrar interesse em uma
conversa e na pessoa que está à sua frente, evite inclinar-se para trás. Mantenha-se
reto ou ligeiramente inclinado para frente.
2. Cruzar os braços
Esse é um clássico indicador de desinteresse.
Especialistas em linguagem corporal recomendam, inclusive, que você encerre uma
reunião se perceber que uma ou mais pessoas estão de braços cruzados ou
inclinando-se para trás.
3. Não manter
contato visual
Não olhar nos olhos de uma pessoa pode
passar a sensação de desonestidade.
4. Encarar demais
Não olhar alguém nos olhos é sinal de
desonestidade, mas encarar também não é positivo. Transmite agressividade. Para
manter o encontro confortável, olhe direto no olho da pessoa por um ou dois
segundos a cada vez e faça isso com frequência.
5. Segurar as
próprias mãos
As pessoas normalmente fazem isso quando
sentem nervosismo. Se quiser passar imagem de autoconfiança, não faça.
6.Colocar as mãos
para trás ou nos bolsos
Pode ser visto como um sinal de que há algo
a esconder.
7. Tocar o rosto
Principalmente se for no nariz ou na boca, é
um gesto que transmite decepção ou resistência.
8. Acenar com a
cabeça muitas vezes
Consentir com a cabeça é parte natural de
qualquer conversação e faz com que seu interlocutor saiba que você está
entendendo o que ele está falando. Mas fazer isso muitas vezes demonstra
fraqueza.
9.Dar tapinhas nas
pernas
É um gesto que mostra como você não está
confortável naquela situação.
10. Olhar de relance
no relógio ou celular
Não desvie sua atenção da conversa a menos
que seja extremamente necessário. E, se precisar fazê-lo, se justifique.
Por Gilmara Santos
Fonte Exame Online