Consegue imaginar o
próximo passo para o tradicional currículo? A Michael Page observou as
tendências da área e conta suas projeções para o futuro
Currículo: agora é a
vez da sustentabilidade e tecnologia
Menos papel, mais interatividade. É assim
que estudo da Michael Page, consultoria global de recrutamento para posições de
alta e média gerência, imagina o currículo do futuro.
Esse seria o fim das preocupações com o
melhor modelo de currículo para utilizar, com as datas e descrições de cargos
que ocupou e com certificados de inglês em papel que ficam no fundo da gaveta.
“A palavra de ordem é sustentabilidade: cada
vez menos papel e cada vez mais interatividade”, fala Roberto Picino, diretor
executivo da Michael Page.
A consultoria projeta que dentro de um curto
prazo, cerca de 10 anos, haverá uma plataforma interativa que servirá como
portfólio completo e totalmente digital para os profissionais. E, claro, com
auxílio de tecnologias de ponta, como inteligência artificial.
Segundo Picino, em 40 anos de atuação com
recrutamento e seleção, a Michael Page já presenciou muitas mudanças no
currículo e, observando as demandas atuais, consegue ver uma nova transformação
no mercado. “É um tema presente e em evidência ano após ano: como apresentar o
CV de forma convidativa e conveniente?”, diz.
Colocar foto no currículo, por exemplo, já
foi uma grande polêmica. Agora, com o mundo digital, a questão se tornou quase
irrelevante. “Essa discussão eterna cai por terra quando estamos conectados na
rede. Com uma busca será possível achar fotos do candidato pela internet”, explica.
O sistema parecido com um site pessoal terá
suporte multimídia e comando de voz, segundo a consultoria. Também será
atualizado constantemente, com um registro definitivo de experiências, certificados,
habilidades técnicas e comportamentais.
O trabalho é uma parceria com a Foresight
Factory, empresa global de análise de mercados e predição de tendências de
tecnologia e comportamento.
O currículo do futuro será amplo e
personalizado, como uma curadoria de sua marca pessoal e um registro histórico.
O movimento de mudança já é observado pelas empresas de recrutamento, que já
usam ferramentas online para seus processos seletivos, e nas redes sociais, como
o LinkedIn.
“Vai fazer parte do dia a dia em pouco tempo
e vemos a transformação como um caminho sem volta. As pessoas vão se adaptar
como foi com os aplicativos de transporte pessoal. É difícil sair hoje na rua e
acenar para chamar um táxi”, fala o diretor da Michael Page.
Confira algumas das tendências para o futuro
do currículo:
Assistente pessoal
O currículo será uma interface única de
apresentação e de contato com o profissional. Com tanta informação, ferramentas
tecnológicas de ponta, como comando de voz e inteligência artificial, vão
auxiliar na interação e busca por conteúdo.
Controle de
privacidade
Com tanta informação, será necessário um
sistema de segurança e controles de acesso para diferentes pessoas. Assim, o
profissional poderá adaptar quem pode ver informações específicas em seu
currículo e quais são mais relevantes para o cargo que busca ocupar.
Documentos e
certificados digitais
Todas as conquistas e certificados poderão
ficar registrados de forma permanente, economizando o tempo do candidato de
buscar um documento e do recrutador para verificar as informações.
“Isso é perfeitamente factível e vai
dispensar trabalhos burocráticos. Seus dados da universidades estarão
conectados, por exemplo. As datas ficarão mais acertadas e será possível checar
tudo eletronicamente”, comenta o diretor.
Segurança
A consultoria prevê o uso de blockchain, tecnologia
de registro digital com criptografia, para proteger as informações dos
candidatos. Além de garantir que os dados não serão alterados ou fraudados. “Assim,
não vamos perder informações e saberemos as versões diferentes do CV, que vai
ser sempre melhorado e aprimorado”, comenta.
Novas habilidades
O CV do futuro também vai mostrar as
capacidades comportamentais do profissional. “Poderá ser através de testes de
personalidade ou dados sobre entregas de metas. O candidato vai poder mostrar a
análise de seus resultados, narrando sua história e levando isso para a
entrevista de emprego. Isso estará amarrado ao seu histórico de atividades”, diz
Picino.
Por Luísa Granato
Fonte Exame Online