terça-feira, 19 de dezembro de 2017

O BEABÁ DAS MOEDAS VIRTUAIS

O bitcoin tem atraído milhares de investidores, principalmente os que já nasceram na era digital, pois seu valor não para de subir. A moeda virtual, baseada em redes de computação abertas, difere do real e do dólar por não ter um Banco Central controlando sua emissão e seu funcionamento. Mas, para Luis Felipe Carvalho, professor de Administração da PUC Rio, apesar de não ser coberto por nenhum tipo de garantia ou subsídio legal, é uma criptomoeda segura, pois a rede existe há dez anos e nunca foi invadida por hackers:


— É como se uma pessoa tivesse escondido um tesouro de enorme valor e informado a região onde ele está escondido, mas ninguém consegue achá-lo. 
Hoje, em torno de 17 milhões de bitcoins estão em circulação no mundo. Cada um equivale a cerca de US$ 17 mil. O sistema de dados que registra as transações financeiras feitas na moeda virtual é a Blockchain. Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, a tecnologia vai se disseminar cada vez mais, porque barateia as transações bancárias e de câmbio. Ele acredita, porém, que a bolha dos bitcoins vai explodir como a bolha imobiliária americana, no auge da crise de 2008 (quando milhares de americanos que tinham dado suas casas como garantias para empréstimos deixaram de pagar as hipotecas, provocando um caos no sistema financeiro). 
— O problema é que as pessoas estão encantadas demais, achando que (a moeda virtual) tem um valor que, na verdade, não tem. Elas se acham espertas o suficiente para sair do mercado antes que os preços comecem a cair — disse Silveira.


Para Carvalho, há duas razões para a supervalorização: o bitcoin é uma moeda deflacionária, ou seja, a política de emissão de novas moedas está programada para diminuir progressivamente ao longo do tempo, até que se encerre quando forem emitidas as 21 milhões de unidades. Além disso, quanto mais pessoas aderem à rede bitcoin, outras se interessam e, com a maior adesão, o preço sobe. Já Silveira diz que o dinheiro só se valorizou tanto porque é uma forma de sonegadores, corruptos e bandidos fazerem transações ilegais, sem fiscalização. 
O mestre em Economia Fernando Ulrich explica no livro “Bitcoin: o que é e como funciona?” que, como não há uma autoridade central encarregada de criar unidades monetárias e verificar as transações, a rede depende de usuários (chamados mineradores) para registrar as transações. Eles têm computadores que resolvem problemas matemáticos complexos e são recompensados por isso, com novos bitcoins.


Mercado para apostar
A Bolsa de Chicago vai passar a negociar contratos futuros de bitcoins, a partir de amanhã (em uma plataforma chamada CME), o que permitirá que as pessoas apostem contra ou a favor do preço da moeda virtual, sem precisar comprá-la. Segundo Luis Felipe Carvalho, os contratos serão liquidados em dólar, o que tornará o investimento mais confiável, já que investidores tradicionais não querem aplicar dinheiro em uma criptomoeda. Para Pedro Paulo Silveira, isso não eliminará a possibilidade de o ativo ser uma bolha.
Para investir em bitcoins, é necessário fazer um cadastro em uma corretora que trabalhe na conversão por reais, por meio de depósito bancário ou cartão de crédito. Entretanto, o preço da unidade de bitcoin está tão alto, que é possível comprar subunidades da moeda.
— O bitcoin é divisível até oito casas decimais. É possível fazer uma analogia com o ouro. Quem compra uma barra de ouro? As pessoas falam de onça ou grama — explicou Luis Felipe.
Também existem mais de mil tipos de criptomoedas no mercado. Uma das mais famosas é a litecoin, que é um código espelho do bitcoin, cujo objetivo é fazer transações rápidas a custo baixo, já que registrar uma transação na rede bitcoin pode ser um processo bastante caro, inibindo transações menores.

Por Letycia Cardoso
Fonte Extra – O Globo