Sem saída na carreira? A neurociência pode mudar sua
opinião sobre você mesmo e suas capacidades
Conceitos da neurociência podem ser valiosos para a
carreira
“Não
consigo aprender”, “nasci assim, vou continuar assim”, “minhas decisões de
carreira só têm base na razão” e “eu sei que não dá mais para mudar porque já é
tarde demais”.
A
neurociência traz conceitos que fazem cair por terra a validade das frases
acima. A ciência que ajuda a entender o funcionamento do sistema nervoso e de
como ele afeta nossos comportamentos e atitudes evoluiu nas últimas décadas e
tem alguns “tesouros” para quem está infeliz e não vê saída para sua carreira.
Confira
três conceitos e suas aplicações para o mundo do trabalho, segundo Marco
Fabossi, sócio-diretor e trainer da Crescimentum:
1. O cérebro se desenvolve até o fim da vida
Ninguém
está velho para aprender. Todo mundo pode se reinventar. E tudo isso graças à
neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de mudar e adaptar-se
estruturalmente quando é sujeito a novas experiências.
“Antes
havia a ideia de que o cérebro em um determinado momento parava de se
desenvolver e de se alterar. Mas ele é plástico, pode se modificar até os
últimos dias de vida. Adultos e idosos também têm cérebros plásticos”, diz
Fabossi.
Um
exemplo que o especialista cita é o de um homem adulto cujo principal hobbie
era jogar tênis e mandava muito bem com a mão esquerda. “Fiquei sabendo que
ele, na verdade, era destro mas tinha sofrido um acidente que prejudicou os
movimentos da mão direita”, diz.
Depois
de 35 anos jogando de um jeito, ele reaprendeu, em dois anos a jogar com outra
mão. “ Hoje ele joga melhor com a mão esquerda do que jogava com a mão
direita”, diz.
Para
a carreira, a lição da neuroplasticidade é a de que é possível aprender o que
você considerar importante para evoluir daqui para frente. Não importa a sua
idade.
2. Cérebro é mais emocional do que racional
“Quando
se fala em cérebro é natural que se pense mais em razão do que em emoção. Mas o
cérebro é mais emocional do que racional”, afirma Fabossi. O que domina a
atitude de um ser humano são as suas emoções.
Todo
estímulo que você recebe do mundo exterior passa primeiro por um juízo da parte
cerebral em que estão as emoções: essa situação me coloca em risco ou tem o
potencial de trazer uma recompensa?
“Se
o cérebro entender que a situação oferece risco, ele busca ativar o modo de
sobrevivência e não permite que a razão ajude a resolver a questão”, explica.
Em outras palavras: você só consegue ter uma atitude racional se as suas
emoções deixarem que isso aconteça.
Daí
a importância do desenvolvimento da inteligência emocional. Do contrário, você
pode ser sabotado pelo seu próprio cérebro.“A maneira como você interpreta a
situação, se vai trazer risco ou não, é que permite que a razão entre em campo.
Se
você conseguir enxergar em uma situação inédita e/ou difícil uma oportunidade
de aprendizado, ou seja, uma chance de receber a recompensa de saber algo novo,
é mais provável que consiga acessar a razão.
É
uma questão de exercício. Você pode “educar” o seu cérebro, segundo o
especialista. Ainda que o resultado não surja da noite para o dia, o cérebro
trabalha por comparação. Quando mais repertório de experiências encaradas como
aprendizados você tiver (e não como situações de risco) mais naturalmente a
ressignificação vai acontecer.
3. O cérebro tende a economizar energia
Vinte
e cinco por cento de toda a energia corporal é consumida apenas pelo cérebro.
Por isso, tenha certeza de que, para o seu cérebro, quanto mais economia de
energia, melhor.
O
resultado é o seguinte dilema: “um novo aprendizado demanda mais energia e o
cérebro é criado e concebido para economizar, tem a tendência natural de
continuar fazendo o que já é conhecido”, diz o especialista.
Ter
esse conceito em mente é útil para ficar mais vigilante em relação à vontade
que temos de ficar na zona de conforto, repetindo as mesmas ações, sempre. Se
você quer resultados diferentes na sua carreira, por exemplo, adicione
experiências também diferentes a ela.
Por
Camila Pati
Fonte
Exame.com