Organize suas finanças para não prejudicar a
administração do seu negócio
Separar
as contas pessoais e as contas da empresa pode ser uma dificuldade enorme para
empreendedores, mas é fundamental para garantir a perenidade do negócio. O
empreendedor jamais deve enxergar no lucro da empresa a sua renda mensal, ao
mesmo tempo em que precisa fazer um planejamento para cobrir seus gastos
pessoais.
Alexandre
Serodio, Empreendedor Endeavor e fundador do Beleza na Web, sempre foi rigoroso
com essa separação. Ele acredita que o dono do negócio não pode considerar suas
necessidades pessoais mais importantes que as da companhia. “A empresa é como
um filho. Se você só tem um prato de comida, mesmo que esteja passando fome,
vai garantir a refeição para o seu filho”, diz.
Mas
de onde vem tanta convicção? Para Alex, é óbvio: Se você investiu em um
negócio, é porque acredita que ele pode dar muito certo e precisa investir nele
antes de colher os frutos. Logo, a maior parte do lucro deve ser aproveitada na
própria empresa. “Um dia, a empresa um dia vai te prover”. Com a experiência de
Alex, reunimos dicas para não misturar PF com PJ.
Seu maior investimento é a sua empresa
Você
acredita na sua empresa? Então, por que tirar o dinheiro que poderia ser
reinvestido para impulsionar o crescimento dela e deixá-lo no banco como pessoa
física? Não estamos dizendo que você deve acabar com as suas reservas pessoais,
mas é preciso valorizar o seu ativo mais importante. Se o seu sonho é grande, a
empresa precisa ser prioridade.
Não se deslumbre
Todo
empreendedor passa por perrengues no início da trajetória. Mas não é só porque
a empresa começou a ter um faturamento relevante ou porque as contas finalmente
ficaram no azul que você pode achar que está com a vida ganha e sair gastando
como pessoa física. A dica de Alex é fixar um mínimo necessário para a vida
pessoal. Mínimo significa não sair para comer em restaurantes, não ter empregada
todo dia, não fazer várias viagens nem sair cheio de sacolas do shopping. Antes
de começar seu negócio, ele ganhava cerca de R$ 20 mil como executivo. Passou
cerca de dois anos vivendo com R$ 2 mil por mês. “A necessidade individual tem
que ser a mais básica possível”, afirma.
Salário do empreendedor
Para
estabelecer o salário do empreendedor, é possível considerar três aspectos. O
primeiro é a realidade do negócio. Não dá para fixar um valor que comprometa
planos de investimento e o pagamento dos demais funcionários. O segundo é achar
um parâmetro de acordo com as funções exercidas. Quanto você ganharia se
estivesse executando as mesmas tarefas em outra empresa? O terceiro são as
necessidades pessoais. Faça uma planilha com todos os seus gastos irredutíveis.
Em muitos momentos, o empreendedor não pode se dar ao luxo de ter um salário
maior que suas necessidades.
Misturar as despesas pode confundir a administração da
empresa
Como
saber quais são as reais despesas do seu negócio se você usou o cartão corporativo
para abastecer o carro no final de semana, pediu para a secretária pagar a
escola dos seus filhos ou bancou vários cafés durante o mês? Se gastos pessoais
são incluídos na conta, fica mais difícil entender o que está acontecendo no
seu negócio. Bagunça, inclusive, aquela matemática básica de que o lucro =
receitas – gastos. Além disso, pode diminuir a credibilidade da empresa diante
de investidores. No banco, tenha uma conta corrente para pessoa física e uma
para a empresa, assim fica mais fácil controlar os seus gastos e pagamentos e
os da empresa.
Não se engane
Ok,
você já entendeu, lucro precisa ser reinvestido. Porém, Alex faz um alerta: os
investimentos na empresa também precisam de prioridades. “Sempre considerei que
o que o consumidor não vê não tem valor. Até o ano passado, a cadeira onde eu
sentava era toda rasgada. Que diferença faz para o consumidor o braço da minha
cadeira?”. Ele defende um ambiente de trabalho limpo e bem cuidado, mas sem
luxos. Ou seja, o controle com gastos supérfluos precisa existir na empresa e o
empreendedor precisa resistir à tentação de criar regalias para si mesmo dentro
do negócio.
Itens
como carro e celular só devem entrar na conta da empresa se forem ferramentas
de trabalho e fundamentais para a performance. “Outro dia compraram latas de
lixo novas. Achei tão bonitas que fui comprar para a minha casa. Quando cheguei
na loja, descobri que custavam R$ 600, um absurdo. Comprei da empresa e pedi
para gastarem no máximo R$ 100”, conta Alex. “Pensar grande não quer dizer
gastar muito.”
Dinheiro parado é mau sinal
Alex
diz que se há dinheiro parado na empresa, há alguma coisa errada. O que entra
precisa girar. “A minha tesouraria fechava todo dia com R$ 100 na conta.
Acompanhávamos no Google AdWords quanto dinheiro conseguíamos investir por
hora. Calculávamos até os centavos”, conta.
Com
grandes poderes vêm grandes responsabilidades, Alex considera que usar o
dinheiro da empresa para despesas pessoais é, além de tudo, um desrespeito aos
funcionários. É como se o dono se achasse com mais direitos que toda a sua
equipe. A lógica deveria ser outra: quanto mais poder, mais responsabilidade
diante dos outros. É preciso dar o exemplo e não misturar.
Se
você ainda não tem uma planilha de despesas pessoais nem estabeleceu quanto
tira da empresa para os seus gastos, é hora de tomar uma atitude. Separar a
conta da empresa da conta do empreendedor é um dos itens mais importantes na
hora de controlar as finanças do seu negócio.
Fonte
Extra – O Globo Online