Uma das fases mais complexas, tristes e emocionalmente
desgastantes da vida é a altura em que os filhos passam a ter de cuidar dos
seus pais
Ninguém Prepara Os Filhos Para o Envelhecimento dos
Pais - mostra bem isso, e
milhares de pessoas identificaram-se com a nossa mensagem, e partilharam elas
próprias as suas experiências, o seu desespero e tristeza. Assim decidimos
deixar aqui aquelas que achamos serem as melhores formas de lidar com essa
difícil fase da vida.
Aceite Que As Coisas Mudaram - Este é o ponto essencial. As coisas
mudaram e o caminho faz-se em frente. Quando um pai começa a depender dos
filhos, tudo muda radicalmente, e nada do que conhecia ou fazia antigamente se
aplica. Os papéis inverteram-se, as metodologias antigas podem não se aplicar.
Prepare-se para começar do zero e acima de tudo aceite que assim é, por muito
difícil que seja.
Leve As Coisas Com Calma - Cuidar dos pais numa fase mais dependente é algo que exige
calma e discernimento. Não apresse as coisas, porque se não é fácil para si,
também não é fácil para eles. Deixe que o processo de cuidar se revele por si
próprio. Por muito que controle e lidere o que se passa, siga esse processo e
adapte-se naturalmente.
Não Tenha Expectativas Emocionais - Esta é uma fase emocional imprevisível.
Se existem pessoas que no final de vida podem abrir-se emocional e
espiritualmente, expressando o amor e carinho que sentem por si, também pode
acontecer o contrário, e tornarem-se distantes e frios. Isto pode ser mais
evidente ainda em casos de demência. Por isso, não tenha quaisquer expectativas
emocionais. Se criar uma ligação emocional e carinhosa maior nesta fase da vida
ótimo, mas não crie essas expectativas. Lembre-se, tudo muda. Mais vale não
esperar nada e ser surpreendido do que ter esperanças e ser arrasado.
Espere a Raiva Deles - Nesta fase os seus pais perdem aquilo que sempre tiveram:
autoridade. Essa perda não será fácil para eles, porque para além de ser algo
novo, é também um reflexo das suas debilidades. Em casos de demência a
agressividade pode ser um comportamento consequente, por isso, espere alguns
acessos de raiva.
Dê-lhes Autonomia
- A máxima que puder. Por um lado ninguém gosta de se sentir inútil e
dependente. Por outro, a preocupação pelos pais por vezes pode tornar-se
excessiva e inibir as pessoas. Dê-lhes o máximo de autonomia possível. Dê
sugestões e não ordens, porque é importante eles sentirem que continuam a
comandar a vida deles e tomarem as suas próprias decisões. Permita que decidam
tudo dentro do possível no que diz respeito aos seus cuidados.
Peça-lhes Conselhos - Uma das melhores formas de fazê-los sentir que ainda são
importantes para si, de lhes mostrar amor e carinho é continuar a pedir-lhes
conselhos no que diz respeito a coisas que se passem na sua vida.
Separe a Disfunção Emocional da Disfunção Cognitiva - As disfunções emocionais provavelmente
perceberá facilmente, através das suas conversas e interações. Mas as
disfunções cognitivas poderão ser novas para si. Aprenda a reconhecê-las, e
reaja cuidadosamente. Discuta estas disfunções cognitivas com os cuidadores
profissionais, e lembre-se, esta é uma das fases onde é importante levar as
coisas com calma.
Ame Os Prestadores de Cuidados - Não há melhores amigos nesta fase da vida
do que aqueles que estão a ajudá-la(o) a cuidar dos seus pais. Seja uma
assistente social, uma fisioterapeuta, enfermeira, médico, ou até um vizinho
que dê apoio, trate-os todos bem e reconheça a sua importância. É essencial que
todos mantenham um ambiente positivo à volta dos seus pais.
Conte Com o Seu Marido/Mulher - Se for solteiro, pode sobrar tudo para
si, caso contrário, aproveite a pessoa que ama para dar uma melhor apoio e
suporte a esta fase da vida. Por exemplo, por vezes os seus pais podem abrir-se
mais emocionalmente com um marido ou esposa, do que com os próprios filhos.
Acima de tudo porque nunca foram uma força de domínio e autoridade sobre eles,
e por isso pode não lhes fazer tanta confusão a perda de autoridade que sentem
consigo.
Proteja Os Seus Pontos Fracos Emocionais - Ninguém melhor que os seus pais conhecem
os seus pontos fracos emocionais e sabem como podem afetá-la(o). Se permitir
que eles estabeleçam dominância sobre si como uma reação à perda de autoridade,
poderão tirar partido desses pontos fracos para se "vingarem". Não
permita que isso aconteça. Acima de tudo deve-lhes os seus cuidados e carinho,
mas não lhes deve o seu bem-estar emocional.
Prepare-se Para a Insanidade de Irmãos - É uma fase complicada para toda a
família, quando a perspectiva da morte dos pais se aproxima. Muitas vezes as
pessoas revelam uma faceta desconhecida, quase sempre por motivos de divisão de
posses, dinheiro e testamento. Prepare-se e espere loucuras, mas não participe
nelas. Proteja-se o melhor possível, mas lembre-se que não há dinheiro ou bem
material que valha a sua dignidade.
Cuide de Si Própria(o) - Há uma máxima que é, se não estiver bem consigo própria(o)
não conseguirá estar bem para ninguém. Numa fase destas é fácil deixar-se
envolver demasiado pelas preocupações e pelos cuidados, mas isso não fará bem a
ninguém. Faça de ter um tempo para si e para cuidar de si uma parte importante
na sua rotina, para melhor cuidar dos seus pais.
Fale Com Amigos
- Desabafar com amigos, alguém que não esteja diretamente envolvido nos
cuidados mas ouça, aconselhe e apóie é muito importante. Para além disso, pode
também ajudá-la(o) a distrair-se desses momentos mais difíceis.
Divirta-se
- No seguimento da amizade, aproveite para se divertir. É importante voltar ao
ponto 1 - aceitar que as coisas mudar - e permitir-se a si própria(a) tempo
para se divertir, descontrair, despreocupar. Lembre-se que a sua sanidade
mental é vital para cuidar bem dos seus pais e que há coisas que não consegue
controlar e que o excesso de preocupação não resolve.
Reze ou Medite
- A vida não dá fases emocionalmente mais complexas e desgastantes do que a
fase de cuidar dos pais. O que está a passar é maior do que você, do que os
seus pais ou do que qualquer outra pessoa envolvida. Certifique-se de que
consegue manter a sua estabilidade mental, espiritual e emocional, seja através
da fé e religião, ou através da meditação.
Fonte
Revista Reviver