A confusão entre empreendedorismo e mercantilismo da
Advocacia é ruim para os Advogados
Na
advocacia, é muito comum se confundir empreendedorismo com comercialização dos
serviços ou mercantilismo jurídico. Este é um equívoco prejudicial que precisa
ser superado.
O
Código de Ética e Disciplina da OAB é um instrumento que regula a prática da
Advocacia e, entre outras coisas, disciplina a publicidade profissional dos
Advogados.
Neste
instrumento existem várias restrições ao uso da publicidade profissional. O
espírito geral das restrições é que o Advogado não transforme os seus serviços
numa mercadoria, dentro do espírito mercantil que reina no mundo dos negócios.
Ora,
por mais que se concorde que o Código de Ética da OAB se configure muito mais
como um instrumento de reserva de mercado, vedando o fácil acesso dos Advogados
iniciantes aos bons clientes no mercado, não sugiro a ninguém que passe por
cima de suas prescrições.
Mesmo
porque, o Código tenta impedir a mercantilização da Advocacia, mas não a adoção
de um comportamento empreendedor, típico dos homens e mulheres de negócios.
E
é o empreendedorismo que, creio eu, tem condições de resgatar o Advogado de uma
típica atividade liberal do século XIX, e colocá-lo em condições de disputar o
mercado do século XXI.
O empreendedorismo não está diretamente ligado ao
conceito de comércio
Ainda
que se exija dos empresários uma postura empreendedora (o que, de fato, não é a
regra geral), não se pode concluir disto que todo empreendedor seja
automaticamente um empresário.
O
empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, que consegue tirar as
ideias do papel, que inova a forma como um produto ou serviço entrega valor e
traz benefícios às pessoas.
Neste
sentido, mesmo um servidor público pode ser um empreendedor.
Juízes
que implementam projetos para agilizar a prestação jurisdicional são
empreendedores.
Um
órgão público que implanta um sistemas que torna o serviço prestado mais focado
no usuário final atua de forma empreendedora.
E,
claro, Advogados que focam sua atividade em seus clientes, visando entregar um
serviço jurídico de mais qualidade e transformando a vida das pessoas, são
empreendedores.
Igrejas,
associações de bairro, sindicatos, empresas, escolas e Universidades precisam
de pessoas com mentalidade empreendedora.
Não
seria diferente com a Advocacia.
O medo do empreendedorismo é ruim para a Advocacia
O
medo do empreendedorismo tem feito milhares de Advogados brasileiros atuarem de
forma amadora.
Por
acreditar que nada pode ser feito fora dos estritos limites da Advocacia
tradicional, deixam detalhes básicos de lado:
- não
desenham processos e fluxos de trabalho;
- não fazem
gestão financeira;
- precificam
mal seus honorários;
- fazem uso
inadequado da tecnologia da informação;
- não
praticam o marketing jurídico;
- fazem um
atendimento precário dos clientes e não implementam políticas de
fidelização;
- não traçam
estratégias ou planos de ação;
- não
monitoram ações nem avaliam resultados.
A tarefa de assumir o empreendedorismo como um elemento fundamental da formação dos Advogados é urgente.
E
as Universidade e Faculdades tem que enxergar isto.
Sob
pena de transformar o enorme contingente de profissionais despejados no mercado
todos os anos em sub-empregados mal remunerados ou advogados frustrados e ruins
de negócio.
Por
Ricardo Orsini
Fonte
JusBrasil Notícias