Currículo: elimine adjetivos sobre o seu próprio
comportamento
Nas
mãos de recrutadores atribulados pelo excesso de trabalho e pela falta de
tempo, currículos muito longos e prolixos têm destino certo: a lixeira.
Mas
não basta ser econômico nas palavras (e nas laudas) para evitar que o seu CV
seja eliminado de cara por possíveis empregadores. Também é preciso ser
seletivo com o conteúdo, isto é, saber quais informações são realmente indispensáveis
para compor o seu retrato profissional.
Isabela
Tuca, consultora da Randstad Professionals, diz que muitos candidatos elaboram
CVs recheados de detalhes sobre suas rotinas de trabalho, mas se esquecem de
incluir números e outros indicadores concretos dos resultados que obtiveram em
cada emprego — um tipo de dado crucial para a seleção.
Do
ponto de vista do recrutador, talvez não importe muito a lista de atribuições
que você tinha quando era gerente comercial em 2011, por exemplo. Por outro
lado, saber que você gerou um crescimento de 20% nas vendas da empresa pode
fazer os olhos dele brilharem.
Para
não se perder, é bom ter em mente a estrutura básica de um CV. Ele deve
contemplar as seguintes seções: identidade do candidato (nome, nacionalidade,
idade e dados para contato), formação acadêmica e experiências profissionais.
Idiomas, atividades de aperfeiçoamento e hobbies podem aparecer ao final do
documento.
Para
Alexandre Kalman, sócio da Hound Consultoria, o campo “experiências profissionais”
é o que mais causa confusões e exageros. “Já vimos CVs com 20 ou 30 tópicos
explicativos para cada emprego”, afirma. “Também é a seção em que a linguagem
costuma ser mais prolixa e imprecisa”.
O
excesso, porém, pode aparecer por todo o documento — e precisa ser eliminado.
Veja a seguir 8 pontos que você pode cortar sem medo do seu currículo, segundo
os recrutadores ouvidos por EXAME.com:
1. Referências profissionais
Seu
ex-chefe é seu fã e certamente recomendaria você como profissional? Pode ser
interessante passar os contatos dele para um potencial empregador, mas não no
currículo. Segundo Isabela Tuca, consultora da Randstad Professionals, a
informação deve ser compartilhada apenas se os recrutadores a solicitarem na
fase da entrevista. No CV, nome e telefone de referências profissionais só
servem para roubar espaço de outros dados mais importantes.
2. Último salário ou remuneração pretendida
Na
visão de Tuca, dinheiro é um assunto delicado demais para ser tratado no espaço
limitado e inexpressivo de um currículo. “Se já você estabelece um limite para
o salário no CV, pode ser excluído automaticamente de alguns processos”,
explica. “É melhor falar disso na entrevista presencial, quando é possível
olhar no olho do recrutador, negociar e refletir sobre outras variáveis, como o
pacote de benefícios e o local de trabalho”.
3. Excesso de
informações para contato
E-mail,
número do celular e link para o seu perfil no LinkedIn costumam bastar para que
um recrutador encontre você. Segundo Alexandre Kalman, sócio da Hound
Consultoria, é desnecessário apresentar outras formas de contato no currículo,
como telefone de terceiros para recados ou perfis em rede sociais não-profissionais,
como Facebook e Twitter.
4. Dados da sua vida pessoal
Informações
que não digam respeito a quem você é como profissional podem ser dispensadas,
inclusive na etapa da entrevista. Assim, dizem Kalman e Tuca, você não precisa
dizer no currículo se fuma, tem filhos ou é praticante de alguma religião, por
exemplo. Também é desnecessário incluir o seu endereço residencial completo:
basta informar a zona da cidade ou o bairro onde você mora.
5. Autoavaliação comportamental
Você
pode ter uma autoestima invejável, mas nem nesse caso deve rechear o seu
currículo com expressões elogiosas à sua própria conduta profissional.
Adjetivos como “criativo”, “dinâmico”, “persistente” ou “incansável” devem ser
eliminados do documento, segundo Kalman. Além de soar antipática, a tática é
inútil. Quem deve avaliar se você tem ou não essas qualidades é o recrutador.
6. Histórico escolar pré-faculdade
Citar
todas as escolas pelas quais você passou na infância e adolescência é
completamente desnecessário — por mais famosas e respeitadas que elas sejam. De
acordo com Tuca, a instituição em que você cursou o ensino médio pode ser
relevante, no máximo, se você almeja uma vaga de estágio. Para todos os outros
casos, só merece espaço do currículo a formação acadêmica universitária.
7. Razões por trás de desligamentos
Como
o currículo deve ser sucinto, dificilmente você será capaz de contar toda a sua
história nos limites exíguos do documento. “Não tente explicar por escrito
eventuais demissões ou períodos de desemprego”, diz Tuca. “Fale desses detalhes
na entrevista, cara a cara com o recrutador”. Além de economizar espaço, você
evitará mal-entendidos e conclusões precipitadas sobre você.
8. Hobbies “aleatórios”
Não
há problema em mencionar atividades que você pratica por prazer no seu CV.
Porém, é bom que elas tenham alguma relação com o seu perfil profissional.
Informar que você faz teatro, por exemplo, pode ser interessante se a posição
exige boas habilidades de comunicação. Mas não é recomendável mencionar
atividades aleatórias, que não refletem nenhuma característica útil para o
trabalho. “Se não há nenhum significado interessante por trás do hobby, é
melhor deixá-lo de fora do currículo”, diz Kalman.
Por
Claudia Gasparini
Fonte
Exame.com