segunda-feira, 20 de março de 2023

INADIMPLÊNCIA É MAIOR BARREIRA

Atraso no pagamento de moradores onera o condomínio

Em dia: Pontualidade nos pagamentos das taxas condominiais é essencial para a manutenção de áreas externas

Planejamento financeiro é sempre bem-vindo em todos os condomínios, mas pode ser ameaçado pela inadimplência de alguns moradores. Infelizmente, a prática é comum em quase todos os residenciais e, dependendo do tamanho deles, pode pesar consideravelmente no bolso dos proprietários - afinal, no caso dos pequenos, todo o montante é dividido por poucos vizinhos.
Um dos problemas que faz crescer a inadimplência em condomínios é que os juros são relativamente baixos, de 2% sobre o valor devido. Com isso, os moradores priorizam o pagamento de outras dívidas.
Uma decisão recente do STJ permitindo a cobrança de multas adicionais deve ajudar a mudar esse quadro. Ainda assim, o advogado especialista na área imobiliária Armando Miceli defende que, em caso de atraso no acerto da cota condominial, o ideal é entrar com o processo o quanto antes, pois, mesmo que o débito pareça baixo, é preciso considerar as demais despesas, como as custas judiciais, juros e outras taxas.
- O atraso da cota condominial é uma situação corriqueira. Para o morador, é melhor pagar logo, pois, se o condomínio entrar com um processo judicial, as despesas aumentam. Ao síndico e administradores, o que sempre recomendo é que não deixem a inadimplência acumular por vários meses, porque pode virar uma bola de neve. E o próprio imóvel pode virar o meio de pagamento - recomenda Miceli.  
A orientação dele é que no primeiro mês de atraso seja enviada uma carta ao devedor, e o síndico prepare os documentos para que, no segundo mês (se for o caso), seja ajuizada a ação de cobrança.
Já o também advogado da área Arnon Velmovitsky acredita que seja melhor o condomínio esperar um pouco para entrar na Justiça, a fim de evitar as despesas. É que, nesses casos, o próprio condomínio arca inicialmente com as custas do processo, até que a sentença com cobrança seja proferida. Segundo ele, na prática, espera-se cerca de seis meses para resolver a pendenga. Vale cada condomínio avaliar, portanto, sua situação financeira, para saber se no seu caso é melhor esperar ou entrar logo com a ação. Em alguns, as despesas processuais podem ser mais onerosas que a dívida, por exemplo.
- Por mais desagradável e antipática que seja essa medida, é para o bem da coletividade e até para o próprio devedor em dificuldade, que, pressionado pela ação, terá que se esforçar mais para quitar a dívida – defende Miceli.

CADA CASO É UM CASO
Outra dificuldade é que nem todos os conjuntos têm explícito na convenção qual o procedimento se houver atraso de pagamento e, a cada ocorrência, tem-se que convocar uma reunião com 2/3 dos condôminos. Arnon explica que, no caso dos que não têm as regras claras, é mais fácil mudar a convenção sobre o assunto.
A inadimplência, de fato, provoca um rombo nas contas do condomínio, e a cobrança deve ser feita para não onerar os outros. Porém, é preciso ter cuidado ao cobrar a dívida Nada de expor o devedor, com listas de nomes em murais ou situações como impedir o uso de alguma área do residencial, explica Amon.
- A prestação de contas na reunião de condomínio é o momento certo para que o síndico ou administrador mostre a relação de quem está em dia e em débito com suas taxas.
Quando você atrasa o pagamento, onera injustamente os outros moradores - afirma o advogado.
Fonte O Globo Online