Se a minha vida tivesse um fundo colorido,
mudaria mil vezes em cada dia. Nalguns dias a manhã acordaria azul celeste, de
tarde seria amarelo como o sol, ao fim do dia laranja como o pôr-do-sol e à
noite seria cinza, mistura do negro do céu e do branco da lua. Noutros o fundo
seria cinza escuro de céu de Inverno, de manhã e de tarde seria cinza claro da
cor das nuvens de Verão e a noite seria negra como a pantera que corre nas
florestas Africanas. E se às vezes acordasse negro iria mudando devagarinho até
que a tranquilidade da noite e da almofada o pintasse de branco imaculado.
Se a minha vida fosse como um filme de banda
desenhada e eu a pudesse pintar com lápis de cor, pintaria o amor de amarelo
como os malmequeres, a amizade de rosa claro como as madressilvas que cobrem os
muros das aldeias. Pintaria a alegria do riso das crianças de laranja como as
laranjas dos pomares e de azul vivo os abraços que daria aos meus amigos. De
vermelho cor de fogo, de laranja, de lilás como os lírios do campo eu cobriria
as noites maravilhosas de paixão.
Às vezes, quando vemos a vida tão cinzenta
deveríamos pensar no arco-íris e lembrar que há mais cores além do cinzento.
Sonhar com o amarelo, o verde alface, o violeta e o azul, com o vermelho e o
laranja e o cor-de-rosa porque às vezes os sonhos tornam-se realidade.
Nada na vida é a preto e branco, nada na
vida tem apenas uma cor, mas sim mil tons de cada cor. Há mil tons de azul, mil
tons de castanho, mil tons de rosa, mil tons de cada cor e do mais claro ao
mais escuro, todos os tons pintam os nossos dias.
Que seria deles, dos nossos dias sem as
cores? Que seria de nós sem o azul do mar, as cores do pôr-do-sol? Que seria de
nós sem o verde intenso das arvores na primavera? Não poderia viver sem o azul
do céu em dias de verão, nem poderia viver sem o vermelho das rosas aveludadas
dos jardins. Não quereria nunca viver se não pudesse ver o dourado das estrelas
numa noite de Verão, nem quereria viver se não pudesse ver o violeta das
orquídeas das árvores. Não me imagino a viver sem ver os peixes multicores nem
os pássaros que se enfeitam de plumas coloridas. Seria impossível viver sem o
azul dos olhos da minha filha.
As cores, são as cores que habitam os nossos
dias e lhe dão graça. Imaginam como seria viver num mundo sem cor, todo
monotonamente igual? Eu não. Eu não me posso sequer imaginar num mundo sem cor,
e por isso, agradeço todos os dias ao maravilhoso inventor da cor, esteja ele
onde estiver!
Por Cláudia Moreira - Ficção para a fábrica
das histórias
Fonte Clube dos Poetas Mortos