Instinto, razão e experiência: entenda os fatores que
guiam a boa tomada de decisões e como eles se equilibram
Tomar
uma boa decisão é o produto de uma tríade: instinto, experiência e razão. Na
prática, se não estiver certo se quer ter filhos, aplique a trinca descrita em
questão. O instinto dirá que a espécie deve ser perpetuada. Já experiência é o
que indivíduo viveu, as suas lembranças. E a razão o fará pensar nos gastos da
criação de uma criança.
Diante de uma escolha, é preciso fazer uma avaliação
com base em instinto, razão e experiência
Portanto,
diante de uma escolha, é preciso analisar o terreno sob todos os aspectos. Usando a cabeça, de
maneira calculista, ou com o coração, deixando a
emoção rolar. É o cérebro que decide qual rumo tomar, e para isso ele compara
as possibilidades. Estar no controle da situação e saber quando alternar entre
a razão e a emoção é um talento desenvolvido ao longo da vida.
Mas
ter alguns dilemas também é um bom sinal. “Quem não tem sonho, não tem meta, e
portanto, não pode tomar decisões”, explica Valdizar Andrade, especialista em
comportamento organizacional e autor do livro “O Poder da Decisão - Reflexões
de um Peregrino” (Universidade da Inteligência). Diariamente tomamos centenas
de decisões, sendo a maioria sem parar para pensar. Mastigar ou mudar de marcha
enquanto dirige, por exemplo, não requer qualquer tipo de elucubração. É
automático.
Mas
para a realização dos nossos objetivos de longo prazo, seja no campo
profissional, familiar ou afetivo, é preciso ter coragem e direcionamento. “Uma decisão significa uma mudança, ou seja,
é um ato de coragem para quem
quer fazer a diferença, superar os próprios limites e sair da zona de conforto”, resume
Andrade. “Tomar boas decisões e alcançar objetivos exige autoconhecimento e
foco”.
Decida-se!
Quanto
mais opções, mais dúvidas e mais difícil de decidir. Limitar as alternativas e
o tempo ajuda na tomada de decisão. Quando não há urgência, muita gente esquece
de decidir e realizar uma tarefa. “Para não perder o timing da decisão,
estipule prazos”, recomenda o especialista Alexandre Rodrigues Barbosa, autor
do livro“Construa Seus Sonhos” (Thomas Nelson
Brasil).
O segredo das boas decisões está no equilíbrio dos
três fatores. E, se errar, não tema: é melhor tomar uma decisão equivocada que
nenhuma decisão
As
emoções podem ser perigosas nessa hora, influenciando a pessoa a tomar a decisão errada. Quem nunca fez uma
besteira como gastar demais em uma liquidação de roupas, quando, em vez de
economizar, você acaba se endividando?
Segundo Barbosa, ao estabelecer metas e planejar a carreira e a vida pessoal,
as decisões estarão alinhadas com a sua vida. O segredo está no equilíbrio
entre os três fatores para fazer a coisa certa, usando o melhor de cada um
deles.
Se
houver um equívoco, não se desespere. Na próxima vez, seu sistema de recompensa
irá alertá-lo para não cometer o mesmo erro. É o que afirma o jornalista
científico Jonah Lehrer, autor do livro “Imagine – How Creativity Works”
(Imagine – Como a criatividade funciona; ainda sem edição no Brasil).
Lehrer
acredita que quanto mais entendermos o funcionamento do cérebro, mais perto
estaremos de acertar nossas escolhas. Isso porque o ser humano seria capaz de
bloquear impulsos nervosos, o que evitaria delizes.
De
acordo com ele, o cérebro está sempre um passo à frente, vislumbrando
resultados. Para realizar esse processo, faz uso do neurotransmissor dopamina,
que aumenta de nível quando o resultado é positivo, tornando a experiência
alegre. Quando a vivência dá errado, a dopamina cai
sensivelmente e ficamos frustrados. O
problema é que a busca por essa sensação de bem-estar pode ser prejudicial, tornando-se um vício.
O
humor e o pensamento positivo expandem a percepção, segundo apontou um estudo realizado pelo
neurocietista norte-americano Mark Jung-Beeman. A pessoa feliz tem mais rapidez e facilidade
na tomada de decisões, enquanto quem está tenso parece sofrer certo bloqueio mental diante de potenciais soluções.
A
intuição se sobressai na hora de tomar decisões sob pressão – como em um acidente de trânsito.
A primeira estratégia em caso de risco é ouvir a voz interior, ou a intuição,
também conhecida como sexto sentido.
António
Damásio, neurocientista português e professor da University of Southern
California, em Los Angeles, onde dirige o Instituto do Cérebro e da
Criatividade, ensina um método para fazer a coisa certa diante de várias alternativas. Não
importa a dúvida, pergunte-se “Isso é a minha cara?” A resposta o norteará pelo caminho certo, sem
deixar a decisão nas mãos de outra pessoa.
O
verdadeiro problema, segundo Damásio, não é errar, e sim abdicar do próprio
poder. Ou seja, é melhor tomar uma decisão errada
do que confiar sua resolução a alguém. O medo é paralisador e ter coragem é
indispensável para tomar decisões.
“Todo mundo sofre da síndrome do medo de errar. Quando pensam em tomar uma decisão, já pensam antes que vai dar
errado. Isso cria um campo negativo,
que impede que tomem decisões assertivas”, alerta Andrade.
Se
não tem confiança para agir, esperar e refletir pode ser uma solução. No entanto, o tempo perdido com a
hesitação jamais será recuperado. A procrastinação, hábito de deixar para
amanhã até que as coisas virem urgentes,
já é uma decisão: a de negligenciar.
“Quando
perceber que é sua
voz interior da preguiça falando, faça o contrário do que ela manda”, aconselha
Barbosa. Isso não significa que decisões importantes
devam ser tomadas num estalar
de dedos. “Às vezes tomam mais tempo e a gestão do mesmo nos ajudará a decidir melhor”, completa
Barbosa.
A
impulsividade tampouco é a saída. “É preciso ser ousado, acreditar na capacidade de superar e então
transcender. Isso não significa ser irresponsável
na tomada de decisões”. É bom trabalhar com 70% de certeza. Os 30% restantes
você dribla. A segurança afasta a possibilidade negativa”, diz Andrade.
Por
Renata Reif
Fonte
iG Delas Comportamento