Não comece a se endividar no fim do ano
Diversas
pesquisas mostram que, em média, dois em cada três brasileiros usarão o 13º
salário para quitar dívidas. É uma atitude sensata e correta. Mas não é sensato
acreditar que dívidas são resultado do acaso ou de imprevistos e que, em 2025,
daqui a pouco, você não terá esse problema se imprevistos não ocorrerem. Só há
um motivo para o endividamento não planejado: más escolhas.
As
dívidas do início de dezembro começaram a se formar na empolgação de 12 meses
anteriores. Ao receber o 13º salário em 2024, muitos brasileiros já tinham
escolhas limitadas pelas dívidas acumuladas ao longo daquele ano. Dívidas foram
quitadas – isso já é tradição –, e o pouco que sobrou do 13º foi usado para
compras natalinas, celebrações, gratificações e gastos extras de férias.
Veio
janeiro e, com ele, as contas que se concentram nessa época, principalmente
IPTU, IPVA, matrículas escolares, anuidades de associações profissionais e
materiais e uniformes escolares. Sem dinheiro para quitar esses compromissos à
vista, já que o 13º fora consumido, restou aos brasileiros parcelar os
pagamentos possíveis, já no início do ano.
Ao
acumular prestações, não assumimos apenas um gasto financeiro maior. As
prestações nos impõem um limite menor para lidar com imprevistos. Elas diminuem
a verba para gastos avulsos, que poderiam ser remanejados diante de mudanças de
planos. Com menos liberdade, aumenta a probabilidade de falta de recursos. Isso
lança as famílias brasileiras no uso do cheque especial, do crédito rotativo no
cartão ou de outras formas de empréstimo pessoal.
O
mau uso do 13º agora se traduzirá em grande chance de limitar o uso do 13º
salário de 2024. Não é sensato continuar a empurrar dívidas com a barriga dessa
maneira. A regra básica é entender que o 13º salário serve para quitar os
grandes compromissos de janeiro, não para abater as dívidas acumuladas até
dezembro.
Quem
tem dívidas, que as pague agora, para não levar para 2025 os problemas deste
ano. Se sobrar dinheiro, reserve para quitar os gastos de início de ano.
Somente após essa reserva, caso ainda sobre dinheiro, você poderá se dar ao
luxo de ter um fim de ano generoso, com presentes mais caros. Se não for esse
seu caso, use mais criatividade e menos o dinheiro para presentear e tirar
férias.
Ao
fazer isso, o sentimento certamente será de privação, principalmente se
comparado aos hábitos nos anos anteriores. Esse padrão de escolhas não
precisará se repetir nos próximos anos. Com menos prestações em 2025, você terá
mais folga para aproveitar melhor seu próximo 13º. Quebre o ciclo das dívidas
agora e mantenha-se organizado. Garanto
que os finais de ano serão melhores daqui para a frente.
Por
Gustavo Cerbasi
Fonte
Exame.com