Deboche, assédio, intimidação. Essas são
algumas das atitudes relacionadas com o bullying. Esse tipo de atitude de um
indivíduo, direcionada a uma vítima, infelizmente existe desde os primórdios da
humanidade. Para que o bullying aconteça, é necessário que os agressores tenham
contato com suas vítimas, e com as atuais facilidades de comunicação e interações
virtuais, essas agressões têm alcançado números alarmantes. É o cyberbullying (ou
bullying online), que abre as portas para assédio 24 horas por dia, por meio de
computadores, celulares, ou outros meios que usam a Internet.
O bullying é um problema mundial, onde a
agressão física ou moral repetitiva deixam marcas para o resto das vidas. No
mundo real, o bullying pode ser verbal e também com agressões físicas. No
cyberbullying, as agressões são baseadas em ameaças, deboches e invasões de
privacidade. Há casos onde o agressor consegue obter senhas da vítima, acessa
seus e-mails, redes sociais, e a partir disso rouba fotos (muitas vezes íntimas,
podendo causar problemas gigantescos) e espalha essas informações ou comete
atos ilegais usando os dados da vítima. Por exemplo, mandando um e-mail para a
direção da escola, ou professores, com xingamentos e desaforos, a partir do
endereço de e-mail da vítima, somente para causar danos a sua imagem.
Apesar de boa parte dos adultos e pais não
tomarem conhecimento desses fatos (apenas 1 em cada 10 adolescentes contam aos
pais quando são vítimas de cyberbullying), esses casos são assustadoramente
comuns. Pesquisas indicam que mais da metade dos adolescentes são vítimas de
bullying online. É necessário que os pais acompanhem de perto o que acontece na
vida virtual dos seus filhos, e uma dica dada por muitos especialistas é que os
computadores utilizados por crianças e adolescentes precisam estar em locais
centrais nas residências. Os pais precisam acompanhar o tipo de comunicação que
os filhos estão tendo, e passar segurança para que, em casos de ameaças, os
filhos não ficarão sem acesso ao computador, mas que relatem o fato para que
possam ser auxiliados. Também é fundamental recomendar que não compartilhem
senhas e fotos íntimas mesmo com pessoas que julguem da maior confiança.
Um dos tipos de cyberbullying mais comuns é ridicularizar
alguém sobre o seu modo de vestir, ou etnia, religião etc. Um caso espantoso
desse tipo que teve muita repercussão neste ano foi o causado por, vejam só,
uma professora universitária no RJ. Ela postou no seu perfil do Facebook uma
foto debochando da aparência de um passageiro no saguão do Aeroporto Santos
Dumont. Esta foto foi sendo compartilhada e acabou chegando à própria vítima
fotografada, um advogado em viagem de férias. A professora foi afastada do seu
cargo na universidade onde trabalha e a vítima anunciou que a processaria
judicialmente. A repercussão do caso talvez tenha servido de exemplo para
outras pessoas que acham que podem debochar de alguém impunemente,
principalmente se este deboche for através de redes sociais, onde os comentários
dificilmente ficam privativos.
Para evitar o bullying, uma dica dos
especialistas é apresentar o mínimo de reação. Os agressores sentem satisfação
ao fazer os outros se sentirem ameaçados e magoados. Se a vítima não demonstrar
mágoa ou medo, o agressor se desmotivará. Discutir com alguém irracional não
leva a lugar algum, então, não perca seu tempo. Apenas diga que têm coisas
melhores para fazer e abandone a discussão, ignore as futuras mensagens e
bloqueio-o nas suas redes sociais.
Pais, mães e professores: o fundamental é lembrar
que os jovens precisam de um grande suporte social para não serem vítimas de
bullying. Pessoas isoladas e retraídas costumam ser presas fáceis. Já as
pessoas que possuem grupos saudáveis de convivência, praticam esportes e têm o
acompanhamento dos pais em atividades do mundo real e virtual, dificilmente serão
alvo dessas agressões, pois o grupo fortalece o indivíduo.
Por Marcelo Azambuja
Fonte Jornal Panorama