Não deixe a
ansiedade de mudar de trabalho atropelar você; desorganização da empresa no
processo de seleção é uma das pistas de que a pressa pode atrapalhar sua
carreira
Observar alguns
sinais desde o início da seleção pode livrar o profissional de uma decepção em
um novo emprego
Você já se arrependeu de ter saído de um
emprego por ter recebido uma oferta que parecia melhor, mas no fim era cilada?
Você se encantou pelo salário maior, pelos benefícios ou até a localização mais
perto de casa, mas logo no início já percebeu que o ambiente é estressante, não
existe uma boa comunicação entre os setores e as suas tarefas não são bem
aquilo que estava imaginando, certo? Estas características de uma empresa podem
parecer algo que só quem já trabalha ali consegue perceber, mas não é bem assim.
Para a diretora de negócios da consultoria
de talentos LHH|DBM, Irene Azevedo, o primeiro passo para evitar o
arrependimento é o autoconhecimento. “O profissional tem de saber o que ele
quer para si, quais são os seus valores e que tipo de ambiente o motiva”, conta.
“Hoje, as pessoas não sabem efetivamente no que querem trabalhar, não pesquisam
[sobre a empresa] e, às vezes, estão querendo tanto sair do emprego, que
aceitam a primeira proposta, sem antes se perguntar se é aquilo mesmo o que
eles querem fazer”.
No entanto, com calma e autoconsciência do
que ele espera para a própria carreira, o profissional já é capaz de tomar uma
decisão levando em consideração mais do que uma boa remuneração ou benefícios,
mas também outros detalhes bem mais sutis que podem passar despercebidos para
os menos atentos. Ao iG, especialistas contam quais são os sinais de que você deve
recusar uma proposta de emprego.
1 – Sua entrevista
foi desmarcada e remarcada diversas vezes
Quando uma empresa abre um processo seletivo
para a contratação de um novo funcionário, o esperado é um planejamento por
parte do setor de RH e do gestor da área em que a vaga está disponível para que
o recrutamento ocorra dentro de um prazo pré-determinado. As várias remarcações
podem ser um sinal de desorganização, planejamento falho ou uma má comunicação
entre os setores, o que pode ser um problema no futuro.
2 – Os planos da
empresa não se alinham com os seus
Da mesma maneira que a empresa tem planos de
crescimento a longo prazo, o candidato também tem. Às vezes, no entanto, estes
planos podem não se completar. Uma pessoa que busca ter uma experiência
internacional no currículo, por exemplo, pode acabar frustrada se nos planos da
nova empresa não consta a internacionalização.
Para evitar descobrir isso tarde demais, o
recomendável é que você faça uma pesquisa sobre a trajetória da companhia e até
mesmo pergunte ao recrutador sobre os planos da empresa, para saber se suas
competências podem ajuda-los a atingir esses objetivos e também se eles estão
alinhados com seu plano pessoal.
3 – O recrutador
mostra mais interesse nos seus clientes
Algumas empresas têm uma estratégia de
recrutar pessoas da concorrência por elas possuírem uma boa relação com
clientes que são interessantes para o negócio, ou por saberem informações
sigilosas como fórmulas ou sistemas inovadores. É importante reparar se o
recrutador faz mais perguntas sobre a companhia que você está deixando do que
sobre suas competências como profissional.
“Por exemplo, ele é um vendedor e a empresa
está muito interessada na carteira de clientes que ele possui. Em um ou dois anos
ele pode ficar frustrado, pois a empresa não o valorizou, mas sim os ativos da
organização antiga”, aponta o coach Alexandre Rangel, sócio-fundador da
Alliance Coaching.
4 – Falta de empatia
com o chefe
Nem toda a primeira impressão é a que fica. É
normal não ir com a cara de alguém e, com a convivência, a relação ir
melhorando até se tornar uma amizade. No entanto, se o seu futuro chefe não for
uma pessoa que lhe agrade durante a entrevista, você não pode contar com que o
tempo altere isso. Se ele demonstrou ser alguém arrogante, por exemplo, e você não
quer conviver todos os dias por horas e horas seguidas, é possível que haja um
conflito. É preciso que exista uma identificação para que o ambiente seja saudável.
5 – As informações
sobre a empresa e o cargo não são transparentes
Em alguns processos seletivos,
principalmente os coordenados por empresas de recrutamento terceirizadas, é comum
que em um primeiro momento as informações relacionadas à organização
contratante não sejam reveladas. No entanto, conforme a seleção começa a
afunilar, é preciso estar seguro de que você tem tantas informações sobre a
empresa e o cargo oferecido quantas eles têm de você.
A falta de clareza sobre as tarefas que você
vai realizar caso seja aprovado ou quais serão as suas metas, por exemplo,
podem evitar uma decepção no futuro. “Isso causa uma desconfiança. As pessoas
nem sempre conversam sobre essas coisas nas entrevistas”, observa Rangel.
6 – Os valores da
empresa conflitam com os seus valores pessoais
Um bom sinal a ser observado no momento da
seleção é o ambiente da empresa. Uma pessoa que preza pela formalidade, por
exemplo, pode não se sentir bem em um escritório mais despojado. Observar se o
atendimento é informar ou se as pessoas estão vestidas de maneira mais casual
pode ajudar a reconhecer a cultura do lugar e decidir se entra em conflito com
os seus próprios valores ou não. Conversar com funcionários ou ex-funcionários
sobre as regras e valores da companhia também ajuda.
Porém, a especialista Irene Azevedo lembra: “Não
tem cultura certa ou errada, tem cultura que para você faz sentido ou não faz
sentido”.
7 - Sentir que não
vai gostar das suas tarefas
Se desde o início a descrição da vaga
oferecida já não lhe agradar, o mais recomendável é tirar todas as dúvidas com
o recrutador, ou mesmo esperar pela próxima oportunidade. Apesar de não existir
100% de certeza em um momento muitas vezes decisivo na sua carreira, as chances
de ser assertivo na escolha aumentam conforme a quantidade de informações
recolhidas sobre a oportunidade.
“É como um casamento. E como um casamento, o
ideal é que antes haja um namoro. O profissional tem de conhecer bastante a
cultura da empresa, fazer perguntas sobre como o recrutador define esta cultura
e perceber por entre as linhas", diz Irene.
Por Murilo Aguiar
Fonte iG Carreiras