Segundo
especialistas, a chamada ‘Síndrome do impostor’ deve ser combatida com transparência
A “Síndrome do impostor” é fenômeno comum em
profissionais com alto nível de expectativa quanto a seu desempenho. Eles estão
sempre atribuindo seu sucesso a fatores externos, como sorte e bom
relacionamento. Sabe aquela velha história do “eu estava no lugar certo, na
hora certa, com as pessoas certas”? O que parece postura modesta pode mascarar
um sentimento de insegurança que, mal administrado, desencadeia a
autossabotagem.
— A síndrome também é chamada de fraude,
porque quem sofre se considera uma farsa a ser desmascarada — explica a coach
Vera Hirsch Pontes. — Mesmo quando há sorte, é preciso estar preparado para
tirar proveito dela.
Segundo Vera, a síndrome foi identificada
pela primeira vez nos anos 80, por uma pesquisa de comportamento feminino. O estudo
mostrava a dificuldade das mulheres de se apropriarem do próprio sucesso. Mais
tarde, diz a coach, descobriu-se que a postura era comum a homens e mulheres.
PROTEÇÃO CONTA INSUCESSOS
Algumas atitudes são sinal de alerta para o
que pode vir a se tornar problema. A sobrecarga de trabalho por conta própria é
um. Quando o profissional faz muito mais que o escopo de trabalho exige ou
quando acha que tem que dominar todos os conhecimentos técnicos.
— Alguns ainda sabotam qualquer ação que
precisem exercer, criando obstáculos e questionando possíveis erros, a fim de
se proteger em casos de insucesso — explica Eva.
Especialistas estimam que 70% das pessoas,
em algum momento da carreira, sofreram ou ainda sofrerão a síndrome do
impostor, seja na empresa ou em propostas de mudança de emprego.
— No fundo, todo mundo tem a síndrome. O
problema é como lidar com ela — afirma Raphael Falcão, diretor da Hays, empresa
de recrutamento de cargos de alta e média gerência, acrescentando que a melhor
forma de lidar com ela é através da transparência.
Segundo Falcão, num processo seletivo, é difícil
encontrar um profissional com todos os requisitos que o cliente requer. Por
isso, o candidato pode e deve indicar, sem drama, que ele não é ainda capaz de
atender algumas demandas:
— 97% das empresas estão dispostas a
desenvolver as pessoas que contratam.
É uma questão de potencial, explica Eva. A
coach diz que ninguém está 100% pronto, mas as pessoas têm características que
merecem aposta.
— O mercado está muito exigente, e não há espaço
para dúvida, mas o profissional não pode lidar com o problema sozinho. A
empresa deve ajudar. Responder “não sei" e buscar feedbacks são uma forma
positiva de administrar a síndrome.
Fonte O
Globo Online