"Colchão" financeiro
deve ser o primeiro investimento de qualquer pessoa, recomendam especialistas. Escolha
uma aplicação líquida e ignore os rendimentos
Quanto maior o gasto
mensal familiar, maior a reserva
Surpresas acontecem. Uma cirurgia que o
plano de saúde não cobre, os honorários daquele advogado, um vazamento em casa
ou a perda do emprego. Pouca gente se prepara para imprevistos que exigem o
desembolso de uma grande quantia de dinheiro, e nem todo seguro cobre certas
emergências. É aí que surgem as dívidas impagáveis. Formar um “colchão" financeiro
para eventualidades deve ser uma atitude prioritária, na opinião do planejador
financeiro Valter Police Junior.
“A reserva de emergência deveria ser, por
excelência, o primeiro investimento de qualquer pessoa”, afirma Police. Não
adianta pensar na aposentadoria ou investir em ações sem antes guardar uma
reserva para as necessidades imediatas – senão, o patrimônio formado para
outros fins pode ser ameaçado. “É como se fosse um auto seguro”.
Por onde começar
Para o consultor financeiro André Massaro, o
padrão de vida da pessoa é um bom parâmetro para saber quanto poupar. Quanto
maiores os gastos mensais familiares (não os rendimentos), maior a reserva. Em
caso de desemprego, o mais confortável seria economizar o valor equivalente a 10
a 12 meses de despesas, recomenda ele. “Por exemplo, se a pessoa tem um gasto
mensal de R$ 2 mil, ela deve ter uma reserva de pelo menos R$ 20 mil”, diz.
Mas o tamanho da reserva pode variar
conforme o risco de ficar sem renda. Para um funcionário público, essa
possibilidade é baixa. “Ele pode destinar apenas três meses das despesas para
este fim”, recomenda Police. Já um funcionário da iniciativa privada, com
carteira assinada, tem um risco moderado de perder o emprego, precisando poupar
um pouco mais.
Pequenos empresários e profissionais
liberais, como dentistas e professores, são os mais sujeitos a imprevistos. Para
eles, portanto, o “colchão” de 12 meses de gastos é o mais indicado.
Pode levar alguns meses para completar o
investimento, ou até alguns anos. Vai depender da capacidade de poupança de
cada pessoa. “Uma dica válida é destinar pelo menos 10% de sua renda mensal
para constituir a reserva”, acredita Massaro.
Confira as atitudes
sensatas e os deslizes mais cometidos ao formar a reserva:
Procure liquidez e
segurança
A primeira coisa ao começar a investir é esquecer
a rentabilidade e pensar em acumular patrimônio. “Tanto faz quanto a aplicação
vai render”, afirma Police. O importante, na verdade, é procurar um
investimento seguro, de baixo risco e com liquidez diária – que permita
resgatar o dinheiro a qualquer momento.
A caderneta de poupança e os CDBs (Certificados
de Depósito Interbancário) possuem esta característica, além de alguns fundos
DI. O consultor Massaro lembra que poupança e CDBs são garantidos pelo FGC (Fundo
Garantidor de Crédito), que aumentou o valor da garantia de R$ 70 mil para R$ 250
mil nos últimos meses. Isso significa que, se o banco quebrar, o fundo ressarce
o investidor até este limite.
Títulos de curto prazo do Tesouro Direto
também são uma alternativa, segundo Massaro. Mas é importante diversificar a
compra de papéis pré-fixados (que remuneram uma taxa acordada previamente) e pós-fixados
(que pagam juros conforme a variação do mercado).
Um erro comum, na opinião de Police, é comprar
um imóvel pensando em usá-lo como reserva de emergência. “Não há garantia de
que o proprietário conseguirá vender o imóvel imediatamente”, observa.
Quando o investidor completar o valor
estipulado para a reserva, é momento de parar de aplicar e deixar o dinheiro
intocado para quando for necessário. É importante não confundir “necessidade” com
“vontade” para o uso desta reserva. Uma viagem de férias ou uma festa para os
filhos, por exemplo, deve ser paga com outros recursos, já que este dinheiro é destinado
para acontecimentos que estão fora dos planos.
Por Taís Laporta
Fonte iG Economia