Um
dia após o apagão que atingiu as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país —
afetando cerca de 880 mil clientes, somente no Rio —, a Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel) informou, nesta quarta-feira, que vai exigir uma
espécie de “padrão Fifa” das concessionárias que servirão às cidades-sede da
Copa do Mundo.
As
transmissoras têm até o próximo dia 26 para entregar seus planos de manutenção
para garantir a qualidade do fornecimento durante o evento. Até lá, porém, o
consumidor ainda deverá conviver com muitas horas no escuro. Especialistas em
energia elétrica afirmam que o sistema de transmissão nacional está operando no
limite e que novos cortes poderão ocorrer nas próximas semanas, principalmente
por conta da falta de chuvas e do forte calor.
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É cedo para saber se haverá racionamento. Mas há risco de mais apagões — disse
o diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa, sobre a possibilidade de haver
racionamento de energia, como em 2012.
Para
Reinaldo Castro Souza, professor do Departamento de Engenharia Elétrica do
Centro Técnico Científico da PUC-Rio, a política do governo federal de
estimular o consumo, ao conceder descontos de 18% nas tarifas, em janeiro do
ano passado, é um dos motivos para a crise.
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O consumo está batendo recordes, e o país não investiu o suficiente para dar
conta de tudo isso — explicou.
Um
levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostra que, em
2013, os clientes da Light ficaram sem luz mais do que o dobro do tempo limite
estabelecido pela agência. Foram 18,55 horas no escuro, em média, para cada
cliente, contra o limite de 9,07 horas. Na Ampla, foram 20,11 horas sem luz, no
ano, para um máximo estabelecido de 12,67 horas.
De
janeiro a novembro, a Light pagou cerca de R$ 33 milhões em multas, aos
consumidores, como punição pela falta de abastecimento, enquanto a Ampla, cerca
de R$ 10 milhões. As duas argumentaram que o problema tem sido agravado por
fatores climáticos e pelo furto de energia.
Por
Ana Paula Viana
Fonte
Extra - O Globo Online