Especialista em comunicação sugere alguns princípios
básicos para encarar a entrevista com mais leveza e eficiência
Primeiro,
a oportunidade profissional atraiu seus olhos. Depois, foi a vez do currículo
cativar a empresa ou headhunter. O resultado da interação rendeu um convite
para fazer uma entrevista de emprego. O momento em que, olhos nos olhos do
recrutador, a carreira de qualquer profissional pode mudar.
A
pressão não poderia ser menor. E as chances de sucumbir a ela, idem.
O
problema está na maneira como se encara esta etapa da seleção. Na prática,
muita gente se esquece de que, antes de tudo, a entrevista é um diálogo e que a
pessoa do lado de lá da mesa está interessado em conhecê-lo melhor.
Agora,
para que isso aconteça, é essencial atentar para alguns princípios básicos de
comunicação - como ouvir o recrutador e não apenas vender a si mesmo. Confira
quais os conceitos que você não pode se esquecer durante a entrevista de
emprego:
Desarme-se, você não está em um interrogatório
“Não
se deve sentar na cadeira como se fosse interrogado pela polícia. Reto, sem
respirar”, descreve Joyce Baena, da consultoria La Gracia. Como ela mesma diz,
antes de tudo, a entrevista de emprego deve ser encarada como uma conversa.
Nada além disso.
Só
tome cuidado para não abusar na informalidade. É uma conversa? Sim. Mas não em
uma mesa de bar. “Você não pode ficar desleixado como se estivesse falando com
seu melhor amigo”, diz.
Na
prática, a medida é ser leve sem perder a compostura.
Também não está em uma sabatina
Munir-se
de informações sobre a empresa antes da entrevista é essencial. Isso não
significa, contudo, que você deve repetir tudo o que aprendeu para o
recrutador. “Ele não quer que você fale coisas que ele já conhece”, afirma a especialista.
Neste
grupo estão os famosos clichês de entrevista decorados com afinco por aí. “A
pessoa se engessa de uma tal maneira que chega armada”, diz.
Com
um monte de fórmulas prontas na cabeça, o candidato pode perder a capacidade de
processar a informação que está sendo transmitida pelo recrutador por meios
verbais - ou não.
“Você
até pode ter estudado como irá responder, mas deve ir desarmado, aberto a tudo
o que acontecer”, diz Joyce. E, pronto para conectar sua experiência prévia com
o que é colocado na mesa pelo recrutador.
Tome notas
Uma
estratégia para possibilitar este processo é levar um caderno de anotações para
a entrevista. Isso mesmo. Além de dar um objetivo para as mãos (que tendem a
canalizar muitos sintomas de nervosismo), o objeto pode ser um forte aliado
para elaborar suas respostas.
“Anote
os pontos mais importantes para organizar o raciocínio”, sugere Joyce. “Isso
demonstra objetividade e estratégia”.
Só
não vale ficar com o rosto grudado no papel sem faer contato visual com o
recrutador. Use o caderno apenas para escrever pontos importantes.
Permita o silêncio
Não
tenha medo das pausas - e nem do inquietante silêncio que jaz entre a pergunta
e sua resposta.
A
entrevista não é uma corrida contra o tempo em que ganha quem responder mais
rápido. Respeite seu pensamento lógico ao dar a ele condições para elaborar uma
boa resposta.
“Quando
o recrutador estiver falando, não fique formulando milhões de respostas na
cabeça”, aconselha a especialista. “Permita-se uma pausa. Na ansiedade, para
impressionar, você pode falar sem pensar”.
E,
nunca interrompa o recrutador.
Tire o foco do umbigo
OK,
a entrevista de emprego existe exatamente para que o recrutador o conheça
melhor. Isso não é justificativa, porém, para ativar o botão narcisista e falar
apenas de si.
“Ao
se vangloriar, a pessoa pode sair do foco”, diz a especialista. Então, como
fazer marketing pessoal neste contexto? “Traga algo externo que fale sobre
você. Pode ser um caso, uma experiência, um resultado, algo alinhado com a
necessidade da vaga”, afirma Joyce.
Fale só a verdade - literalmente
Além
de não mentir - em hipótese alguma -, sempre passe informações que você
acredita e que demonstrem quem você é, de verdade. Segundo a especialista, a
pior experiência que um recrutador poderia ter na entrevista é perceber que a
resposta foi manipulada - mesmo que sutilmente.
Por
Talita Abrantes
Fonte
Folha de S. Paulo