Todo
começo de ano traz despesas conhecidas, mas muitas vezes não contabilizadas no
orçamento familiar.
Desconsiderar
impostos como IPTU (do imóvel) e IPVA (do carro) e gastos com matrícula e
material escolar podem causar descontroles financeiros e afetar as contas
durante todo o ano que vem.
Prever
essas despesas e quitá-las o quanto antes são as primeiras orientações de
consultores para começar o ano com as finanças em dia e guardar dinheiro para
investir nos meses seguintes.
Os
três primeiros meses do ano são os mais pesados para o bolso, diz Natan Finger,
fundador da consultoria financeira Private Pay.
"Os
gastos do primeiro trimestre ficam 35% acima da média dos demais", afirma.
Quem
tiver poupado alguma parte do 13º salário ou da restituição do Imposto de Renda
deve pagar essas despesas à vista, afirma Luiz Krempel, planejador financeiro
do GuiaBolso, site de finanças pessoais.
"O
desconto oferecido geralmente é maior do que o rendimento que poderia ser
obtido em uma aplicação financeira", acrescenta.
Outro
passo importante é listar as demais dívidas existentes. Isso vale para cartões
de crédito e o cheque especial e para outras prestações em atraso, segundo
Krempel.
"Para
os endividados, é sempre indicado renegociar o débito ou trocar uma dívida de
juro mais alto, no cartão de crédito ou no cheque especial, por outra de juro
menor, como um empréstimo consignado", diz o especialista.
"Mas
sempre com o cuidado de assumir uma parcela que caiba no bolso."
É
preciso considerar ainda as prestações das compras dos presentes de Natal.
Feito
isso, a recomendação tanto para quem tem dívidas quanto para quem está com as
contas em dia é criar uma planilha que contemple despesas fixas -além dos
impostos e dos gastos escolares, contas como água, luz, aluguel e telefone- e
as supérfluas - cinema e restaurante, por exemplo.
Devem
também ser previstos gastos com aniversários, casamentos, viagens e até os do
Natal de 2023.
"O
ideal é estimar um valor 40% acima do resultado dessas despesas para evitar
surpresas. Vale a pena olhar as notas fiscais dos gastos do ano anterior para
fazer uma estimativa mais confiável", diz Finger, da Private Pay.
É
o que a consultora financeira Aline Rabelo chama de "fotografia das
finanças", que ajuda a identificar para onde o dinheiro está indo.
"Dessa forma, é possível saber onde cortar para começar a poupar",
diz.
E
aí não há fórmula única para o sucesso. Alguns consultores recomendam cortar
pequenos gastos, como sobremesas ou o cafezinho da tarde. Outros apostam em
estratégias diferentes.
"Cortar
a cervejinha vai resolver? Só isso não. É preciso economizar em itens mais
expressivos. Vai viajar? Fique em hotel mais barato, vá a um restaurante mais
em conta."
INVESTIMENTOS
Outras
medidas importantes são estabelecer metas de consumo de curto (a serem
cumpridas em até um ano), médio (de um a cinco anos) e longo prazos (acima de
cinco anos) e poupar, mensalmente, um valor para alcançá-las.
E
o recomendável é separar esse dinheiro assim que o salário cai na conta,
criando um compromisso financeiro.
"Se
esperar o fim do mês chegar para poupar, é bem provável que não sobre
nada", afirma Rabelo.
Para
Amerson Magalhães, diretor da Easynvest Título Corretora, o ideal é escolher
uma aplicação que não seja vinculada à sua conta-corrente. "O Tesouro
Direto, por exemplo, que possibilita programar aplicações, é mais recomendado.
Na poupança, a qualquer contratempo você tende a usar o dinheiro." Só não
pode guardar dinheiro, mas depois entrar no cheque especial, adverte.
Por
Danielle Brant
Fonte
Folha de S.Paulo