Quando bem feita, elas podem ajudar no crescimento
profissional
Quando as críticas são bem feitas, por colegas de
trabalho ou pelo chefe, elas ajudam no crescimento profissional
Ver
os defeitos dos outros e criticar é fácil. O difícil é aceitar as críticas,
principalmente quando estas são feitas no ambiente de trabalho. Segundo
especialistas, na verdade, criticar exige habilidades, já que algumas pessoas
recebem e lidam bem com isso, enquanto outras sentem dificuldades e acabam
interpretando-as de forma negativa.
—
Uma das funções mais exercitadas na vida de qualquer ser humano é a crítica.
Cultivamos o hábito de apontar erros, enxergar falhas, descobrir defeitos.
Quando isso é utilizado para o desenvolvimento pessoal é de grande ajuda —
afirma Roberto Recinella, especialista em carreiras.
A
verdade, completa a psicóloga e diretora científica do PSI+ Consultoria e
Educação, Mônica Portella, é que ninguém gosta de receber críticas:
—
A pessoa tem que ter em mente que a crítica é um julgamento de valores e quem a
recebe deve saber diferenciar o que é uma crítica negativa e uma construtiva,
pois existem pessoas que só criticam para desestabilizar, para chatear o outro,
para “crescer” em cima do outro — completa a psicóloga.
—
Ninguém gosta de errar e ser corrigido. Mas é necessário ser humilde e fazer
uma autoanálise sobre a veracidade do que lhe foi dito. Às vezes, usam de má
fé, e apenas sua intuição saberá diferenciar. Então, use-a — aconselha
Recinella.
De
acordo com Mônica, há formas corretas de se fazer uma crítica: estas devem ser
específicas e não gerais, e não devem ser feitas à pessoa, mas sim a um
comportamento.
—
Quando falamos de uma maneira geral, acabamos rotulando a pessoa sem dar
chances de mudanças. Sendo específico, damos oportunidades para que essa
mudança aconteça — explica a especialista, dizendo que as regras valem tanto no
campo pessoal como no profissional.
É
importante também pensar no momento em que se faz a crítica, completa Mônica.
Além disso, deve ser feita sempre em particular e nunca na presença de outros,
e muito menos para os outros.
—
Deve ser sempre diretamente para a pessoa. E o ideal é que não num momento em
que ela não esteja bem, ou atravessando uma fase ruim, negativa.
Técnica sanduíche é a melhor escolha
Para
preparar a pessoa que vai receber a crítica, os especialistas aconselham o uso
da técnica conhecida como sanduíche ou cheeseburger: para fazer a crítica,
antes faça um elogio ao comportamento, enumere as vitórias e qualidades da
pessoa (1ª fatia do pão); deixe claro que vai tratar de fatos, cite exemplos e
faça a crítica abertamente sem rodeios (recheio do sanduíche); e termine
pedindo uma mudança de comportamento, fechando com um elogio, dizendo que
acredita nela e que é capaz de melhorar (2ª fatia do pão).
—
Quando a pessoa faz um elogio, coloca a outra em uma posição disponível, aberta
a aceitar uma crítica específica. Se não for feito desta maneira, acaba
acontecendo um ciclo vicioso: você faz uma crítica, a pessoa rebate com outra, e,
no fim, tudo acaba numa discussão que não vai levar a lugar algum — explica a
psicóloga.
Existem
dois tipos de críticas: aquelas que todos estamos acostumados a associar a algo
negativo, chamadas de “críticas destrutivas”; e as que têm como objetivo encorajar
a pessoa a melhorar, reforçar e desenvolver aptidões, chamadas de construtiva
ou “feedback”.
—A
crítica quando bem feita, e por uma pessoa que respeitamos e confiamos, pode
mudar a nossa vida. Mas para isso é preciso absorvê-la, entendê-la e depois
decidir o que fazer com ela: aceitar e mudar seu comportamento ou ignorá-la e
continuar a fazer a mesma coisa — afirma Recinella.
No trabalho, maturidade e muita calma
Para
lidar com a crítica no ambiente de trabalho, o profissional deve ser maduro e
manter a calma. O ideal, diz Recinella, é que a pessoa justifique o ocorrido,
não se defenda, e se comprometa a não repetir a ação ou comportamento
novamente.
—
Flexibilidade é tudo. Procure enxergar por outros ângulos e verificar se a
pessoa tem realmente razão em criticá-lo. Não se limite a pensar se ela está
certa ou errada, mas se está sendo coerente. Devemos aprender a tirar a
carapuça de eterna vítima injustiçada e, além de aceitar, compreender a
crítica, que pode ser extremamente construtiva, em todos os sentidos, pessoal
ou profissional.
Segundo
o especialista em carreira, o grande problema não é a crítica propriamente
dita, mas quem a está fazendo e a tônica que está sendo utilizada:
—
Existem momentos certos para se fazer uma crítica, e no calor do expediente ou
da situação com certeza não é um deles. Já não é fácil fazer críticas
construtivas, imagine quando estamos intoxicados emocionalmente pela pressão
diária por resultados e perfeição. Neste ambiente, toda a forma de critica se
torna destrutiva, e acaba se transformando numa forma de bronca. Crie um
ambiente de confiança e calma.
Por
Ione Luques
Fonte
O Globo Online