Os brasileiros com renda mais baixa também recolhem,
em proporção, mais do que trabalhadores de extratos superiores.
Cinco
meses de trabalho por ano do brasileiro são apenas para pagar tributos, segundo
estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). O cálculo
considera os impostos sobre a renda, o patrimônio e o consumo. Em média, há
comprometimento de 40,98% da renda bruta do trabalhador para os fiscos federal,
estadual e municipal.
A
“alforria” tributária dos contribuintes, segundo o IBPT, foi concedida, neste
ano, pelo governo brasileiro, apenas em 30 de maio, o que significa dizer que, somente
a partir dessa data a pessoa começou a trabalhar para si mesma, sem
intervenções fiscais. São 150 dias de trabalho para os três fiscos – um a mais
que no ano passado.
Além
disso, a alíquota mais elevada (27,5%) recai sobre renda mais baixa do que em
países como Estados Unidos, Inglaterra e Argentina, de acordo com estudo da
consultoria Ernst & Young Terco. Os brasileiros com renda mais baixa também
recolhem, em proporção, mais do que trabalhadores de extratos superiores.
Menos reembolsos para a sociedade
Segundo
ainda o IBPT, entre os 30 países com cargas tributárias mais altas, o Brasil é
o que menos devolve em serviços e investimentos à sociedade. Além de trabalhar
cinco meses no ano só para pagar impostos, o brasileiro precisa dedicar a renda
de outros quatro meses para suprir a lacuna deixada pelos maus serviços
prestados pelo Estado.
Os
investimentos em áreas básicas são menos eficazes que em outros países, segundo
dados do Instituto. O Brasil e a Coreia do Sul investem o mesmo percentual do
Produto Interno Bruto (PIB) na área, em torno de 4,5%. Porém, enquanto os
alunos sul-coreanos estão entre os mais bem avaliados nos testes internacionais
Pisa, os brasileiros estão entre os piores.
Segundo
o presidente do IBPT, João Eloi Olenike, o aumento da eficiência na gestão e
nos gastos públicos permitirá fazer muito mais com menos, melhorando os
serviços com redução da carga tributária. Ele explicou que não se justifica o
aumento de tributos, uma vez que vivemos num dos países que mais cobram
impostos e “os valores recolhidos não retornam em serviços como segurança,
rodovias sem pedágio e saneamento básico”, apontou.
O
economista Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores, explicou que o
crescimento da carga tributária tem freado a taxa de eficiência da economia de
modo significativo nos últimos anos que se poderia afirmar que o Brasil perdeu,
pelo menos, um ano de PIB a cada década.
Alexandre
Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, disse que a elevação da carga
tributária nos últimos anos foi destinada em sua grande maioria para custear o
aumento dos gastos correntes dos governos, incluindo benefícios sociais e
salários de funcionários públicos.
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O Povo Online