Livro mapeia quais são as características comuns de
pessoas que saíram da curva em suas devidas áreas de atuação
Apenas
5% das pessoas conseguem aproveitar ao máximo o próprio potencial. É o que
defende o autor Alex Bonifácio no livro “Pense Grande” (Editora Belas Letras),
que deve ser lançado no final do mês.
Integrar
este grupo, contudo, tem pouca ou nenhuma relação com questões genéticas, dons
sobrenaturais ou outras justificativas do tipo, explica Bonifácio. A chave,
segundo ele, para usar todo seu potencial e ter sucesso está, na verdade, ligada
à maneira como este grupo dos 5% encara o mundo e age diante dos próprios
incômodos e falhas, por exemplo. E este tipo de postura pode ser fundamental
para a ascensão profissional.
Não aceitam o mundo como ele é
Premissa
básica para existir por inteiro e integrar o grupo descrito por Bonifácio? Seja
inconformado. Calma. Isso não significa que você deva sair por aí quebrando ou
reclamando de tudo. O conceito aqui tem mais relação com a ideia de não tomar a
forma, não aceitar como as coisas estão postas.
Os
achados científicos, as inovações e revoluções mais relevantes da história da
humanidade surgiram a partir do incômodo que cutucou algumas pessoas.
“Grandes
mudanças surgem dos inquietos, daqueles exploradores que questionam o mundo e
visualizam oportunidades onde muitos só enxergam problemas. O sociólogo
italiano Domenico de Masi observa que, antes de 1687, tantas maçãs caíram na
cabeça de várias pessoas, mas só Newton soube deduzir a teoria da gravidade,
porque há anos atormentava-se com o problema”, afirma o autor no livro.
Encaram o conflito interno (e saem do conforto)
Mas
não basta apenas se incomodar. “O que vemos nas pessoas de um modo geral é que
elas são visitadas de vez em quando por estes sentimentos, mas preferem não
lidar com eles”, disse em entrevista à EXAME.com. “Já os naturalmente
inconformados veem nisso um aliado”. Uma oportunidade para mudar o status quo,
o mundo em que vivem.
Exatamente
por encararem a fonte de incômodo, tais pessoas tendem a ter coragem suficiente
para sair da própria zona de conforto. E isso é fundamental para que a
realidade mude.
Não se focam nas recompensas
Para
essas pessoas, segundo o especialista, as recompensas financeiras são apenas um
efeito colateral das suas ações, nunca o objetivo. “Pesquisas comprovam que
quem trabalha pensando apenas na recompensa tem um desempenho inferior. Quem
não foca nisso, lida melhor com as frustrações e é mais criativo”, afirma.
Isso
porque, ele explica, a base da motivação é o significado que o profissional
confere aquilo que faz. Quem ficou deslumbrado com um aumento de salário no
primeiro mês e, em pouco tempo, almejou outro reajuste sabe bem o que o ele
está falando. Afinal, os desejos mudam e tudo encarece. A única coisa que
permanece são seus valores.
Sabem tirar o melhor da escassez de recursos
De
acordo com o especialista, quem integra este grupo tende a não ver os poucos
recursos como um obstáculo, mas sim como uma oportunidade para inovar. A
fundadora da Pastoral da Criança Zilda Arns é, segundo o autor, um exemplo
claro disso.
“Para
combater a desnutrição infantil, ela criou a multimistura a partir dos
ingredientes que já estavam disponíveis”, explica.
Encaram o fracasso como uma etapa para o sucesso
“Fomos
criados para dar certo, não para dar errado”, afirma Bonifácio. As pessoas de
alto desempenho, contudo, não sucumbem a esta visão. “Elas sabem que o fracasso
é uma condição para chegar lá”, diz.
E,
por isso, segundo ele, elas erram intencionalmente, algumas vezes: “Elas
produzem muito mais, erram muito mais”. Por conta disso, acertam muito mais
também.
Aceitam as recompensas de longo prazo
Segundo
estudo de um professor da Universidade de Stanford, crianças que conseguem
resistir à tentação de comer um doce para ter uma recompensa maior no futuro
têm mais condições de desenvolver uma carreira bem sucedida do que as
impacientes.
Para
provar isso, Michael Mischel (o responsável pela pesquisa) ofereceu um
marshmallow a cada criança com uma regra clara: ela deveria esperá-lo sem comer
o doce. Se não cedesse à tentação, ganharia como prêmio mais um doce.
Anos
mais tarde, em 1981, as crianças que foram mais pacientes apresentaram uma
postura mais positiva durante a adolescência. Eram mais motivadas, persistentes
em situações difíceis e capazes de atrasar alguma recompensa em favor de seus
objetivos de longo prazo.
De
acordo com especialista, estas características são fundamentais para as pessoas
de alto desempenho. Elas entendem que a excelência em alguma tarefa, por
exemplo, leva tempo. E, como consequência, exige treino, experiência, paciência
e persistência.
O sucesso tem outro sentido
Para
o grupo dos 5%, como Bonifácio chama no livro, sucesso não é sinônimo de poder,
status ou dinheiro. Antes, sucesso é “você conhecer o seu propósito na vida,
atingir seu potencial máximo e levar esta semente para outras pessoas”, afirma
o especialista.
Por
Talita Abrantes
Fonte
Exame.com