Mapas mentais, técnicas
de leitura dinâmica e de controle emocional otimizam o estudo e melhoram
desempenho do candidato
Com o número cada vez maior de profissionais
que buscam a estabilidade da carreira pública, alguns candidatos têm buscado
estratégias para melhorar seu desempenho e não ser mais um na multidão. Valem
mapas mentais, técnicas de leitura dinâmica e de controle emocional, que ajudam
tanto na memorização do conteúdo como a controlar a ansiedade antes e durante a
prova.
Desenvolvidos pelo psicólogo britânico Tony
Buzan nos anos 1970, os mapas mentais são uma espécie de organizador gráfico,
em que textos completos são codificados em palavras-chaves, cores e símbolos,
compactando a informação. Um só mapa pode conter um grande número de informações,
potencializando a aprendizagem, explica o professor Alberto Dell'Isola, do IOB
Concursos. Além disso, a ferramenta estimula o pensamento global cerebral e
pode ser útil na gestão de informações, de conhecimento e de capital intelectual;
compreensão e solução de problemas; e memorização e aprendizado.
— Os mapas resumem a matéria, tornando-se
uma excelente ferramenta de revisão para provas e concursos. Possuem muitos símbolos
e cores, facilitando a memorização dos conceitos. As cores permitem uma
categorização dos tópicos, favorecendo organização e aprendizagem. Tornam a
aprendizagem mais divertida, tornando o estudo bem mais eficaz. E durante a
prova, o estudante é capaz de evocar facilmente as imagens e cores utilizadas
no mapa mental — ressalta, o professor.
O professor admite, no entanto, que,
inicialmente, alguns candidatos sentem um pouco de receio de utilizar a técnica,
mas acabam dando o braço a torcer ao se darem conta dos resultados obtidos.
Dell'Isola diz que os mapas mentais podem
representar praticamente qualquer tipo de conteúdo, sejam de biologia, história,
direito constitucional ou até mesmo anatomia. A única restrição, afirma, é quanto
ao uso da técnica para matérias exatas, ainda que seja possível mapear determinados
conteúdos dessas áreas.
O professor alerta que os mapas nunca devem
ser utilizados como uma primeira fonte de informação. Por se tratarem de
resumos, devem ser utilizados após alguma aula ou de o aluno estudar o conteúdo
completo. Caso se tenha domínio do assunto, os mapas podem ser utilizados de
forma imediata, sem qualquer leitura prévia.
Leitura dinâmica
Outra ferramenta que costuma ajudar os
concurseiros é utilização de técnicas de leitura dinâmica, “uma forma diferente
de entrada de dados em nosso computador cerebral”, segundo Juarez Lopes,
diretor do Instituto de Otimização da Mente (IOM) e autor do livro “Como ler
mil palavras por minuto”. É um processo de descondicionamento e
recondicionamento que tem por base exercícios sequenciais e repetitivos,
visando capacitar o leitor tradicional a multiplicar sua velocidade de leitura,
sem prejuízo da compreensão:
— Nossos olhos funcionam como uma máquina
fotográfica, eles batem fotos. Estas fotos são transformadas em impulsos
eletroquímicos e são enviadas ao cérebro que as revela, as decodifica e as
compara com as informações que existem em seus arquivos. Se o conteúdo
decodificado já existe nesses arquivos, ele entende. Caso contrário, ele viu,
sabe que viu, se vir de novo vai dizer “já vi isso antes”, mas não entende o
significado. É preciso que alguém ou ele mesmo interprete o conteúdo dessas
informações. A partir daí, toda vez que ele fotografar de novo esta imagem, ele
entenderá o seu significado.
Segundo Lopes, o leitor tradicional lê sub-vocalizando,
ou seja, a percepção de seus olhos é acompanhada por uma voz mental que repete
sílaba por sílaba o que ele vai lendo. O leitor dinâmico, ao contrário, lê blocos
de palavras de uma só vez, como se fossem um símbolo gráfico utilizado para
representá-las, sem nenhuma voz produzindo sons em sua mente. Ele olha o bloco
de palavras como quem olha um objeto, integralmente, pois parte do todo para o
detalhe. O aproveitamento da técnica é diretamente proporcional à sua utilização,
lembra o professor.
Uma das vantagens desta técnica para aqueles
que se preparam para concursos públicos é estudar todo o programa com maior qualidade
e em menos tempo, ressalta Lopes.
Controle emocional
Ter preparo emocional é tão importante
quanto o estudo. De acordo com o psicólogo Alexandre Maia, especialista em
concursos, não adianta nada se matar de estudar se, na hora 'H', a ansiedade e
a insegurança colocam tudo a perder. Segundo ele, ansiedade, nervosismo, medo e
insegurança acabam com a memória, com o raciocínio e a capacidade intelectual
do candidato. Sendo assim, o preparo emocional é a solução para estes estados e
ainda traz de imediato um aumento no rendimento do estudo, melhorando muito a
memorização, a capacidade de entendimento e o raciocínio:
— Precisamos lembrar que aprendizado,
memorização, resgate de memória e entendimento são processos internos, e o
nosso ‘mundo’ interno está ligado diretamente ao nosso emocional. O equilíbrio
entre o racional e o emocional é o segredo.
Para o psicólogo, antes de começar a se
preparar, a pessoa precisa ter confiança e acreditar que é possível, sim,
passar em concursos públicos. Além disso, precisa aprender a não sabotar a própria
vida pessoal, afastando algumas crenças.
— Não há como neutralizar essas emoções e,
por isso, é preciso equilibrá-las para que elas cooperem com o candidato. Assim,
ele vai ter um rendimento maior na prova.
Maia acrescenta que atividades físicas também
são armas importantes para melhorar o desempenho dos candidatos, principalmente
os exercícios aeróbicos, excelentes para diminuir a ansiedade, já que diminuem
o nível de cortisol, o hormônio do estresse. Além disso, combatem a depressão e
o cansaço, pois proporcionam energia e disposição, acalmam a mente e produzem
serotonina, que é o hormônio que dá a sensação de prazer. Tudo isso, ressalta o
psicólogo, melhora muito o desempenho e a qualidade de vida do candidato.
Por Ione Luques
Fonte O Globo Online