quarta-feira, 6 de outubro de 2021

PORTUGUÊS, A MATÉRIA QUE DESEMPATA NAS PROVAS

Segundo especialistas, disciplina que mais estudamos na vida é a que mais reprova nos concursos públicos

Quem está se preparando para um concurso público já sabe qual é a disciplina cobrada, de maneira unânime, nas provas: língua portuguesa. Pode parecer simples, mas a disciplina é a pedra no sapato de muitos candidatos. E também o trunfo de outros, já que, muitas vezes, é a matéria de desempate das provas. Para os especialistas, os concurseiros devem ter atenção redobrada na hora de resolver as questões desta disciplina.
Adriana Figueiredo, professora de português do Canal dos Concursos, afirma que o grau de dificuldade da disciplina varia de acordo com a escolaridade exigida para o cargo. Para nível fundamental, normalmente ocorre o esperado: as provas são mais fáceis. Para os níveis médio e superior, o grau de dificuldade é mais alto:
— A prova de português acaba sendo o diferencial em qualquer concurso. O candidato que souber compreender bem os assuntos expostos nas questões se dará muito bem nas provas.
Lembrando que a matéria é a que costuma ter o maior número de questões e o maior peso nas seleções públicas, Rian Geraisste, professor da matéria do Curso Maxx, aponta uma contradição: a disciplina que mais estudamos na vida é a que mais reprova em concursos públicos.
Como pode ser tão difícil aprender a língua que nós utilizamos diariamente? A resposta, diz o professor, gira em torno do processo de estudo:
— Fomos condicionados a aprender português decorando regras e exceções. Hoje, quase todas as questões de uma prova estão vinculadas ao texto. A maior dificuldade dos candidatos se deve à falta do hábito da leitura. O candidato é apressado, não tem paciência para ler textos e enunciados. Português é atenção. Saber relacionar ideias.
Marcelo Portella, também professor do Curso Maxx, diz que o candidato não pode perder, em nenhuma hipótese, o hábito pela leitura, já que é uma questão indispensável para uma escrita de qualidade.
— O brasileiro fala de maneira informal e quando transporta a linguagem para a escrita pode acabar cometendo diversos deslizes — comenta o professor.
E para ter um bom desempenho nas provas, dizem os especialistas, é preciso que o candidato tenha paciência durante a leitura dos textos, e faça a prova sem afobação. Há tempo suficiente para ler e interpretar o texto e o enunciado das questões, relacionando a norma gramatical ao enunciado. Segundo Geraisste, a "decoreba" não resolve, já que o conteúdo de português varia muito de acordo com o contexto.
Outra dica importante para quem quer se dar bem na prova é ler com atenção o conteúdo programático contido no edital para saber em que pontos focar o estudo. Regência, crase, concordância e pontuação são questões clássicas, além de outras questões de sintaxe (colocação de pronomes, análise de período simples e de período composto etc), além de verbos.

Redação, um caso à parte
Cada vez mais, a redação pode decidir a classificação dos candidatos, que devem ter em mente que as bancas examinadoras são sempre muito exigentes. Por isso, é importante conhecer bem o perfil da banca que atuará na correção das provas do concurso para o qual se pretende a vaga. O nível de exigência pode variar muito de uma banca para outra em um mesmo concurso.
É importante estar conectado a temas de atualidades, como relações internacionais, questão energética, sustentabilidade, assim como a aqueles ligados ao concurso em questão, como segurança (seleções para polícia, bombeiros, secretaria de administração penitenciária), direito (seleções para tribunais) etc.
Rian Geraisste lembra que estudar português é uma questão de exercitar, o que vale também para a redação. Ele aconselha que o candidato desenvolva o maior número de textos possíveis e busque a ajuda de um professor que possa corrigi-los. Também é interessante verificar os temas sugeridos nos últimos concursos. 

Por Ione Luques
Fonte O Globo Online