Segundo
especialistas, disciplina que mais estudamos na vida é a que mais reprova nos
concursos públicos
Quem está se preparando para um concurso público
já sabe qual é a disciplina cobrada, de maneira unânime, nas provas: língua
portuguesa. Pode parecer simples, mas a disciplina é a pedra no sapato de
muitos candidatos. E também o trunfo de outros, já que, muitas vezes, é a matéria
de desempate das provas. Para os especialistas, os concurseiros devem ter atenção
redobrada na hora de resolver as questões desta disciplina.
Adriana Figueiredo, professora de português
do Canal dos Concursos, afirma que o grau de dificuldade da disciplina varia de
acordo com a escolaridade exigida para o cargo. Para nível fundamental,
normalmente ocorre o esperado: as provas são mais fáceis. Para os níveis médio
e superior, o grau de dificuldade é mais alto:
— A prova de português acaba sendo o
diferencial em qualquer concurso. O candidato que souber compreender bem os
assuntos expostos nas questões se dará muito bem nas provas.
Lembrando que a matéria é a que costuma ter
o maior número de questões e o maior peso nas seleções públicas, Rian
Geraisste, professor da matéria do Curso Maxx, aponta uma contradição: a
disciplina que mais estudamos na vida é a que mais reprova em concursos públicos.
Como pode ser tão difícil aprender a língua
que nós utilizamos diariamente? A resposta, diz o professor, gira em torno do
processo de estudo:
— Fomos condicionados a aprender português
decorando regras e exceções. Hoje, quase todas as questões de uma prova estão
vinculadas ao texto. A maior dificuldade dos candidatos se deve à falta do hábito
da leitura. O candidato é apressado, não tem paciência para ler textos e
enunciados. Português é atenção. Saber relacionar ideias.
Marcelo Portella, também professor do Curso
Maxx, diz que o candidato não pode perder, em nenhuma hipótese, o hábito pela
leitura, já que é uma questão indispensável para uma escrita de qualidade.
— O brasileiro fala de maneira informal e
quando transporta a linguagem para a escrita pode acabar cometendo diversos
deslizes — comenta o professor.
E para ter um bom desempenho nas provas,
dizem os especialistas, é preciso que o candidato tenha paciência durante a
leitura dos textos, e faça a prova sem afobação. Há tempo suficiente para ler e
interpretar o texto e o enunciado das questões, relacionando a norma gramatical
ao enunciado. Segundo Geraisste, a "decoreba" não resolve, já que o
conteúdo de português varia muito de acordo com o contexto.
Outra dica importante para quem quer se dar
bem na prova é ler com atenção o conteúdo programático contido no edital para
saber em que pontos focar o estudo. Regência, crase, concordância e pontuação são
questões clássicas, além de outras questões de sintaxe (colocação de pronomes,
análise de período simples e de período composto etc), além de verbos.
Redação, um caso à parte
Cada vez mais, a redação pode decidir a
classificação dos candidatos, que devem ter em mente que as bancas examinadoras
são sempre muito exigentes. Por isso, é importante conhecer bem o perfil da
banca que atuará na correção das provas do concurso para o qual se pretende a
vaga. O nível de exigência pode variar muito de uma banca para outra em um
mesmo concurso.
É importante estar conectado a temas de
atualidades, como relações internacionais, questão energética,
sustentabilidade, assim como a aqueles ligados ao concurso em questão, como
segurança (seleções para polícia, bombeiros, secretaria de administração
penitenciária), direito (seleções para tribunais) etc.
Rian Geraisste lembra que estudar português é
uma questão de exercitar, o que vale também para a redação. Ele aconselha que o
candidato desenvolva o maior número de textos possíveis e busque a ajuda de um
professor que possa corrigi-los. Também é interessante verificar os temas
sugeridos nos últimos concursos.
Por Ione Luques
Fonte O Globo Online