quarta-feira, 4 de abril de 2018

ESPECIALISTAS DÃO DICAS PARA PROVAS DE APTIDÃO FÍSICA EM CONCURSOS

Testes são comuns em seleções para polícias federal, civil e militar, guarda municipal e bombeiros

Treinamento para os testes de aptidão física devem começar, no mínimo, três meses antes do exame. 

Para ingressar no serviço público, muitas vezes, não basta apenas ter um bom desempenho em provas objetivas e discursivas. É preciso também suar a camisa, literalmente. É que em concursos para as polícias federal, civil e militar e em seleções para cargos como agente de trânsito, guarda municipal, técnicos na área de segurança e transporte e bombeiros, são comuns os testes de aptidão física (TAF).
De caráter eliminatório e/ ou classificatório, o exame físico tem como objetivo avaliar a capacidade do indivíduo para desempenhar as funções típicas do cargo que ocupará. Resistência, velocidade, força, flexibilidade e coordenação motora são habilidades cobradas nesses exames.
De acordo com Elon Junior, professor de educação física do Concurso Virtual e autor do livro 'Preparação Física para Concursos' (Editora Campus-Elsevier), é comum pessoas altamente qualificadas intelectualmente serem consideradas inaptas fisicamente. Por se tratar geralmente da última fase da seleção, muitos candidatos deixam para se preparar para o teste físico somente depois de aprovados nas provas escritas e subjetivas.
- Muitos candidatos dedicam pouco tempo aos treinos, pois a rotina de estudos e trabalho é cansativa. E tem os que, simplesmente, acreditam que já têm preparo físico e, portanto, conseguirão executar os exercícios avaliados - afirma.
Segundo ele, os índices de reprovação só vão começar a cair quando os candidatos mudarem a forma de se prepararem para a prova.
- Embora um pequeno percentual de concurseiros já esteja se conscientizando da importância de treinar com antecedência, a grande maioria treina muito em cima. Arrisco dizer que 99% dos que almejam um cargo público tomam a decisão equivocada de treinar após a aprovação da primeira fase. Por que afirmo decisão equivocada? Porque quando sai a relação dos aprovados convocando para o TAF, geralmente, o tempo é em torno de quatro a seis semanas, e para muitos, fica inviável promover um treinamento eficaz.
Elon explica que, como o tempo é curto, muitos candidatos querem resultados milagrosos e pulam etapas de treinamento, consequentemente entrando em overtrainer (excesso de treinamento), o que aumenta a probabilidade de ocorrerem lesões. Dependendo da gravidade, o candidato fica impossibilitado de se submeter aos testes e é reprovado.
O preparador físico do Curso Maxx, Fábio Azevedo, lembra que não há um teste que venha a valer mais que o outro nas provas de aptidão física. O que existe é um mínimo a ser atingido para não ser considerado inapto:
- Mas é preciso ter cuidado, pois nem sempre fazendo somente o mínimo o aluno irá passar, devido a uma solicitação de pontuação mínima no somatório dos testes.
Azevedo dá como exemplo a prova da Polícia Federal, onde o mínimo em cada modalidade são dois pontos. No entanto, no somatório do conjunto, o candidato deverá perfazer um total de 12 pontos, o que só poderia ser alcançado se obtiver três pontos em cada teste.
Os especialistas aconselham que o candidato treine sob a orientação de um professor de educação física registrado no Conselho Regional de Educação Física e que tenha experiência com teste físico para concursos.
- Se preocupar apenas com o condicionamento não é suficiente. É preciso passar para os alunos como executar cada teste exigido no edital, além de orientar quais erros não podem cometer na hora da avaliação - diz Elon.
Antes de começar os treinos, o candidato deve passar por um check-up com um cardiologista, para saber se está 100% apto a praticar atividades físicas. Azevedo ressalta a importância de o aluno passar por uma avaliação minuciosa antes que seja prescrita a rotina de treinamento, que deve começar com os exercícios mais simples, em pequenas doses, passando para os mais complexos.
 
Como deve ser a rotina de treinamentos:
De acordo com o professor Elon Júnior, o treinamento deve ser diário (seis vezes por semana) para os já praticantes de atividade física e três vezes por semana para os iniciantes, deixando um dia de intervalo para recuperar o desgaste do dia do treino. A ideia é progredir gradativamente, logo após a adaptação da carga de treino.
Como a maioria dos TAFs exige mais de três testes, intercale um dia para a parte anaeróbia (força e potência), que pode ser trabalhada através de exercícios abdominais, de barra e flexão, e no outro a parte aeróbia (resistência), que poderá ser uma corrida contínua acima de 30 minutos. Vale lembrar que aqueles que não conseguem correr esse tempo continuamente podem intercalar com caminhada.

Por Ione Luques
Fonte O Globo Online