quarta-feira, 30 de abril de 2014

IDIOMA E LEGISLAÇÃO AINDA SÃO VISTOS COMO BARREIRA PARA ENTRADA DE MULTINACIONAIS NO PAÍS

Consultoria afirma que investidores buscam parcerias e apoio local para acessar o mercado brasileiro, que aparece ao lado da China como o mais promissor

O atual momento da economia, com crise nos Estados Unidos e na Europa, e o bom desempenho do Brasil nos últimos anos, acompanhado por um ambiente político estável, têm atraído os olhos de investidores de todo o mundo. De olho nesta posição do País, a consultoria Lodestone também abriu uma subsidiária por aqui, com o objetivo de fornecer seu expertise para empresas que estão interessadas em negócios no Brasil e, até mesmo, para companhias locais que desejem se internacionalizar.
Com atuação global, a consultoria oferece serviços na área de administração, ferramentas SAP e soluções de tecnologia da informação, tendo foco em diversos setores - entre eles, de energia, petróleo e gás. O alemão Frank Dorr, que, ao lado do carioca Claudio Elsas, será responsável pela operação local, afirma que essas áreas têm crescido fortemente e que as empresas estão cada vez mais buscando o mercado nacional e enfrentando os desafios que aparecem na hora de chegar ao País.
Para Dorr, o idioma ainda é uma barreira importante e que assusta, à primeira vista, as multinacionais. "A língua ainda protege o mercado de vocês, é um grande problema. Se não fosse isso, haveria certamente uma grande invasão de empresas de todo o mundo no País", garante o consultor. Até por isso, ele explica que um dos objetivos da Lodestone é ter profissionais bilíngues e com grande expertise para fornecer apoio aos investidores.
Segundo o executivo, os países que atualmente parecem mais atrativos para os empresários são Brasil e China, que continuam crescendo apesar do mal momento da economia mundial. "Na crise passada, o Brasil sofreu, mas menos que o resto do mundo, e a expectativa agora é que isso aconteça novamente", palpita Dorr.
Nesse cenário, o alemão também destaca a atratividade do Brasil devido ao ambiente político, muito mais estável do que o chinês e o de vizinhos da América Latina. "Na China, o grande risco é que, em mais de 50% dos casos, os grandes clientes seus vão ser estatais", aponta. Nesse caso, Dorr lembra que uma empresa que entre em um embate com o governo pode ser expulsa do país ou parcialmente nacionalizada, o que assusta os acionistas.
Embora tenha grande vantagem sobre esses países, a legislação brasileira ainda é vista como complexa e possível fator de riscos. Até por isso, o grande interesse de companhias estrangeiras seria encontrar parceiros locais para fixar suas operações. Nesse sentido, Claudio Elsas ressalta que medidas como o recente aumento do IPI para carros importados gera preocupação, por se tratar de uma medida repentina. "Lá fora, isso soa muito mal. Não acho que isso vai assustar, mas é um mau sinal".
Para Dorr, o setor de energia traz oportunidades de ganhos de eficiência na integração de negócios, uma vez que empresas de biocombustíveis e petróleo, como Cosan e Petrobras - com as quais a Lodestone já trabalhou ou trabalha - também atuam na geração de energia e em outras transações. As áreas de eficiência energética e energias renováveis também entram dentre aquelas que soam como mais promissoras para a consultoria, que promete oferecer "soluções sem que seja necessário esperar surgir o problema".

Por Luciano Costa
Fonte Jornal da Energia