Há quem lhe chame a moldura do rosto, e a verdade é que o cabelo tem a capacidade de definir as nossas feições. De uma forma sutil, nem sempre fácil de identificar, um penteado tem a capacidade de realçar a beleza ou, por outro lado, comprometê-la. Saiba que os cabelos são uma das partes mais sensíveis do nosso corpo - e a sua energia influencia e afeta o seu bem-estar. O seu penteado revela, também, a essência mais pura da sua personalidade.
Quando cortamos o cabelo não sentimos dor. No entanto, desde há muitos séculos que o cabelo é visto como um sinal de força e vitalidade. A famosa história de Sansão, o juiz bíblico que Deus escolheu para libertar o povo de Israel do domínio dos Filisteus, conta-nos que ele possuía uma força invencível, proveniente dos seus cabelos. Quando a sua amada Dalila lhe cortou o cabelo, Sansão ficou fraco e impotente. Para além desta conhecida história bíblica, outros relatos narram-nos que os cabelos das bruxas eram rapados, quando estas eram capturadas e executadas, e em vários povos o ato de cortar o cabelo ao inimigo derrotado simbolizava a sua subjugação. O cabelo esteve sempre associado à força vital, à energia. Porquê?
Cada fio do nosso cabelo contém o nosso ADN, o código pessoal e único de quem somos. Ninguém sabe qual é o número exato de cabelos que tem, mas cada um deles representa uma extensão de si mesmo. Excetuando situações de saúde, o cabelo cresce de forma contínua, a um ritmo próprio. Por isso, esta complexa teia de fios representa a constante renovação da nossa vitalidade. (É também por isso que em algumas práticas de magia se usa o cabelo de alguém que se deseja atrair ou dominar, até porque o cabelo emana energia que atrai os outros).
Os bebês nascem com cabelo curto, fino. Aqueles que nascem mais cabeludos tendem a ter personalidades mais vincadas logo desde nascença. O nosso cabelo cresce e ganha força à medida que a pessoa que somos vai crescendo e evoluindo.
Uma vez que nascem na cabeça (os pêlos corporais têm outro simbolismo e significado, estando essencialmente associados ao instinto de sobrevivência e à proteção), os cabelos estão ligados à força de vontade. Se tivermos em mente (no verdadeiro sentido!) que as fibras capilares nascem perto do cérebro, é fácil compreender que, energeticamente, o cabelo representa também o fluxo contínuo de ideias que literalmente "transbordam" para fora de nós. É por isso que mexemos no cabelo quando estamos nervosos ou à procura de ideias, como se estivéssemos a remexer dentro de nós próprios em busca de algum tipo de defesa. É, também, por ser algo tão profundamente ligado à nossa força vital, que nas lutas muitas vezes as pessoas "agarram os cabelos" às outras - porque sabem que é uma forma eficaz de infligir dor e retirar poder ao adversário. Alguém que puxa o cabelo a outra pessoa está, literalmente, a querer arrancar-lhe a mente, a desejar puxar as ideias dessa pessoa para fora da sua cabeça.
Pela sua delicada constituição, cada fio de cabelo representa também uma espécie de antena energética, que capta as energias do exterior. Para além das consequências óbvias da poluição, o nosso cabelo também é muito sensível à energia que nos circunda - nunca lhe aconteceu ficar com o cabelo com aspeto feio, sem compreender porquê, quando se encontra num lugar de tensão? Preste atenção da próxima vez que tiver uma reunião especialmente difícil ou uma situação social delicada.
O tipo de cabelo que possuímos representa muito da nossa personalidade - e sim, ele também é marcado pela herança genética, mas o mesmo acontece com a personalidade.
Pessoas com cabelo fino têm uma postura mais flexível e adaptável às situações, mas são também mais dependentes dos outros.
Quanto mais farta e forte é a cabeleira, mais firme e vincada é a personalidade da pessoa.
As pessoas com pouco cabelo tendem a sentir-se mais desprotegidas quando estão sós, procurando o constante apoio, a validação ou, pelo menos, a companhia dos outros. Por possuírem uma personalidade mais dependente e moldável, procuram agradar aos outros ou ter a sua aprovação.
As pessoas com muito cabelo tendem a ter uma personalidade voluntariosa, por vezes difícil de gerir porque causa um forte impacto nos outros e isso nem sempre lhes granjeia simpatias. Tendem, muitas vezes, a querer liderar as situações. Mesmo que não o manifestem de forma óbvia, gostam de ser o centro das atenções.
As pessoas que perdem muito cabelo - mas têm sempre cabelo a nascer - são espontâneas, expressivas e aventureiras. Quando a pessoa não perde muito cabelo, tende a ser conformista e tradicional, evitando evidenciar-se.
O cabelo sofre mudanças com a idade, tal como acontece com tudo o resto no nosso corpo. No caso das pessoas que, apesar de estarem a envelhecer, mantêm uma farta cabeleira ou um cabelo forte, elas tendem a preservar uma postura firme, não se submetendo com facilidade as ideias dos outros.
As pessoas que tinham uma cabeleira forte na juventude e que, com a idade, a foram perdendo, tornaram-se mais adaptáveis aos outros, aceitando melhor as suas vontades.
Para além das características naturais do cabelo de cada pessoa, o tipo de penteado escolhido revela também muito não só sobre a personalidade, como também sobre a fase da vida em que se encontra.
De um modo nem sempre consciente, tendemos a mudar de penteado quando desejamos fazer uma mudança drástica na nossa vida, ou quando já iniciamos uma nova fase.
Pela memória energética que cada fio de cabelo carrega, quando cortamos o cabelo estamos, energeticamente, a libertar-nos do passado.
É por isso que muitas vezes as pessoas fazem cortes radicais em períodos-chave da sua vida, quando atravessam mudanças profundas.
Quanto maior for o corte de cabelo, maior é o corte que a pessoa deseja fazer com o passado.
Uma pessoa que mantém sempre o mesmo penteado é alguém que sente que está bem na sua pele ou que não reage bem a mudanças, tendo necessidade de ter sempre estabilidade e segurança. E isto também pode acontecer com alguém, quer seja mulher ou homem, que desde a juventude sempre usou o cabelo revolto, com aspeto um tanto selvagem, com comprimento médio ou longo. Mesmo que se trate de um penteado mais "solto", a pessoa que nunca muda é alguém que tem segurança em si e/ou que precisa de ter segurança à sua volta.
Por outro lado, as pessoas que fazem constantes mudanças drásticas de penteado são insatisfeitas e estão sempre em busca de algo, dentro e fora de si. Podem não se sentir bem na sua pele ou podem, por outro lado, precisar de constantes mudanças e aventuras no seu dia-a-dia. Gostam de experimentar de tudo um pouco, abordando a vida como se estivessem num restaurante com buffet.
Quanto mais curto é o corte de cabelo, mais prática é a pessoa. Alguém, homem ou mulher, que prefere ter o cabelo curto, é alguém que não suporta perder tempo. Tem pressa de fazer acontecer e arregaça mangas prontamente perante qualquer desafio.
As pessoas com o cabelo mais curto não gostam, geralmente, de cumprir ordens nem de obedecer a convenções. Têm uma personalidade muito independente e não se apegam com facilidade. Vivem de forma intensa o momento presente, relativizando quer o passado quer o futuro.
As pessoas - homens ou mulheres - que usam o cabelo comprido são mais voltadas para a espiritualidade. São, também, pessoas muito exigentes consigo mesmas e com os outros. Têm um olhar minucioso perante todas as situações, notando detalhes que escapam ao olhar dos outros. Uma vez que o cabelo carrega memórias, alguém que mantém o cabelo comprido mantém sempre uma forte ligação ao seu passado. Apega-se com forte intensidade às pessoas e às situações e tende a ser, naturalmente, "um cuidador" dos outros.
Se pensarmos que, em tempos antigos, todas as bruxas, os guerreiros, os reis e as damas de corte tinham longos cabelos, entendemos como ele confere segurança pessoal, concentrando o poder energético da pessoa - e protegendo a nuca, a parte do corpo mais sensível de uma pessoa, já que, se o cérebro for atingido, a vida de alguém fica francamente comprometida. O cabelo comprido é, também, um escudo energético de proteção.
As pessoas com cabelo curto são as primeiras "a dar o peito às balas", enfrentando sem medos o que as defrontar. As pessoas de cabelo comprido, pelo contrário, são mais defensivas e desconfiadas, tendem a ser avaliar longamente as situações antes de fazerem uma escolha ou de tomarem uma decisão.
O modo como nos penteamos diariamente revela a forma como nos sentimos e como encaramos a vida nesse momento:
- se pensarmos nos cabelos como extensões da nossa mente, é fácil compreender que quando uma pessoa faz um penteado em que puxa o cabelo para cima está a "puxar pela cabeça", ou seja, está numa postura criativa e ativa. Geralmente, quando é preciso fazer alguma atividade como arrumar uma casa, as pessoas que têm cabelo comprido tendem a apanhá-lo na nuca - estando, insconscientemente, a "puxar" pelas ideias e pela sua própria energia.
- no caso das pessoas, homens e mulheres, que têm o cabelo curto, se o usam espetado para cima demonstram curiosidade e espírito de aventura. Elas "apontam" os seus sensores para o exterior, sendo sempre ávidas por novas descobertas.
- Alguém que tem o cabelo curto e que o penteia "despenteando-o" é, naturalmente, uma alma que na sua essência é rebelde e gosta de desafios. Não reage da forma como se espera dela, gosta de surpreender e de ser surpreendida. É original e procura sempre viver experiências diferentes e novas.
- Os cortes médios, tanto para mulher como para homem, são típicos de pessoas que se adaptam bem à vida em sociedade e que encaram as situações como elas são, sendo essencialmente funcionais (mais produtivas, menos criativas) e não tendo necessidade de afirmar a sua diferença em relação aos outros.
- As pessoas que, seja qual for o comprimento do seu cabelo, o usam escorrido para baixo, são tradicionais e gostam que tudo decorra da forma como planearam. Seguem sempre as normas e regras e evitam entrar em conflito.
- Uma pessoa que tem o cabelo penteado para baixo, mas que penteia uma parte da "franja" para o lado contrário àquele em que o cabelo cresce, tendo sempre uma espécie de "onda revolta" sobre o cabelo, é alguém que gosta de ordem e procura manter sempre a paz, mas que não se cala perante injustiças e diz sempre aquilo que pensa. É independente e, embora evite conflitos, não receia enfrentá-los.
- As pessoas que usam risco ao meio com o cabelo preso atrás das orelhas evitam a todo o custo defrontar os outros. Procuram sempre passar despercebidas e têm medo de entrar em conflito. Seguem as normas e precisam de sentir-se sempre seguras.
- Pessoas que usam risco ao lado e prendem o cabelo atrás das orelhas são independentes e livres, não suportam injustiças e dizem aquilo que pensam, embora o procurem sempre fazer com diplomacia. Precisam de ter harmonia na sua vida e dão muita importância à estética. Gostam de ver tudo arrumado, equilibrado e limpo.
- As pessoas que, tendo o cabelo muito comprido, optam por penteá-lo com uma longa trança, são alguém que dá muito valor à experiência e à sabedoria que ela confere. Nunca voltam costas ao seu passado porque têm orgulho nele e sabem que foi a vida que as fez ser quem hoje são. Uma trança penteada atrás é típica de alguém com um forte sentido prático e que deita mãos à obra - assim como acontece com o cabelo curto, uma trança feita atrás representa um cabelo "que não dá trabalho" ao longo do dia, sendo ideal para a ação. Quando a trança é penteada para o lado, a pessoa tem uma personalidade romântica, poética e artística, e dá grande valor ao seu passado, gostando de o contemplar e não tendo problemas em falar dele.
- Um cabelo penteado atrás, no chamado "rabo de cavalo" a meio da nuca, é próprio de uma pessoa pragmática, que enfrenta o dia-a-dia sem querer evidenciar-se. Não está tão ativa nem predisposta à ação como alguém que fez um puxado na nuca, mas também não é tão pacífica como quem apanha o cabelo na base da nuca. É ativa, enérgica, mas não procura protagonismo nem gosta de dar nas vistas.
- Um "rabo de cavalo" feito abaixo, na base da nuca, indica alguém que se submete às opiniões dos outros, mesmo que as conteste, e que aceita aquilo que lhe é imposto, ainda que não concorde com o que lhe impõem, ou que se sente impotente face às circunstâncias. É alguém que preserva a estabilidade e que dá grande valor à família, às amizades sólidas.
- Um cabelo preso com ganchos é próprio de alguém que tenta disciplinar-se e que se obriga a ser pontual e metódica. É alguém que dá muito valor à organização e à ordem. Quanto mais fixo estiver o cabelo, mais a pessoa precisa de segurança e de rotinas.
- Um cabelo preso de forma lassa é próprio de alguém espontâneo, que detesta sentir-se preso, mas que procura cumprir com aquilo que é esperado de si e que não gosta de perder tempo com pormenores que considera superfluos.
- O cabelo separado em partes iguais e preso em "totós" ou duas tranças evoca um penteado de infância, indicando alguém que busca carinho, afeto e proteção dos outros, sentindo-se de alguma forma desprotegido.
- Um cabelo apanhado e enrolado sobre a nuca num "coque" é próprio de alguém que gosta de fazer tudo à sua maneira e que procura sempre impôr ritmo e ação na sua vida. Este penteado, assim como acontece com a trança atrás, faz com que a pessoa se sinta liberta do "peso" do cabelo, "enrolando" as suas ideias como se estivesse a imprimir mais força à sua vontade. As pessoas que prendem o cabelo desta maneira não gostam de ser contrariadas - quanto mais enrolado estiver o cabelo, maior é a sua tendência para a teimosia. Se, pelo contrário, o cabelo estiver preso, sem estar enrolado (como num rabo de cavalo que depois se volta a prender a meio), a pessoa é mais flexível e aceita facilmente as ideias dos outros, embora não deixe de procurar avançar com as suas, procurando sempre resolver as situações da forma que for melhor para todos.
- Um cabelo com uma espécie de "poupa" proeminente denota uma pessoa vaidosa, que tem orgulho em si e na sua imagem, gostando de chamar a atenção. Ao manipular o cabelo desta forma está, literalmente, a atrair as atenções para o cimo da sua cabeça, considerando-se original e inteligente.
- Uma franja, pelo contrário, é típica de alguém tímido, que sente necessidade de ter um escudo protetor à sua frente, protegendo cuidadosamente a testa - e o Terceiro Olho, ou chamado olho da visão, que se encontra no centro das sobrancelhas. É alguém com receio de se expor, que está constantemente à defensiva e que não gosta de correr riscos. Mesmo que pareça ser original ou até provocador, é na verdade alguém que tem medo de ser contestado. Quanto mais comprida for a franja, quase tapando os olhos, mais a pessoa procura esconder-se, sendo maior a sua timidez. Uma franja comprida, penteada para os lados, é típica de alguém curioso, mas reservado, que evita evidenciar-se mas que está disponível para ouvir os outros.
- O cabelo leve é típico de pessoas com facilidade de adaptação e que não conseguem estar paradas, ou que vivem muitas vezes no seu mundo de sonho e fantasia.
- Um cabelo pesado denota uma pessoa com os pés bem assentes no chão, que procura agir sempre de acordo com aquilo que considera ser mais correto ou esperado de si, e que leva tempo a tomar decisões.
- Uma careca, que surge com a idade, indica geralmente uma pessoa cuja teimosia impera nas suas atitudes. Fisicamente a pessoa "exibe", mesmo que de forma involuntária, a cabeça, o que simboliza alguém que procura impor as suas ideias e maneira de pensar aos outros.
- Da mesma forma, rapar o cabelo - quer seja na totalidade, quer seja apenas numa parte, indica sempre que a pessoa se encontra numa fase da sua vida em que quer que os outros notem que ela mudou, ou porque fez um corte com o passado, ou porque mudou algo muito importante dentro de si. Este estilo de penteado denota um total desprendimento, podendo surgir como consequência de a pessoa desejar fazer um reset total à sua vida - e querer que os outros saibam disso.
Fonte Maria Helena