Comumente falamos que vivemos uma nova era, no
entanto essa expressão é pleonástica. Enquanto estivermos em evolução - e essa
é a lei natural - sempre viveremos novas eras. O pensamento de que estamos
entrando em um novo e completamente desconhecido estágio faz com que muitos
profissionais, e aqui trataremos especificamente dos atuantes na área jurídica,
estejam sempre em dívida com o aprendizado que esse período traz consigo.
A reformulação dos meios operacionais de
trabalho ocorre constantemente. Obviamente, em determinados momentos como o que
vivemos com a chamada 4ª revolução industrial, esse impacto se apresenta mais
forte, abrupto e radical, incorporando tecnologias disruptivas e sinérgicas. No
entanto, o profissional que recebe a inovação de forma osmótica, sentiu e
continua sentindo os efeitos dessa atualização bem mais suavemente.
A Tecnologia sempre foi aliada do
profissional e da potencialidade da produção. Entender a tecnologia como
adversa ou desnecessária leva ao mesmo fim: estagnação e sucumbência. A “nova”
forma de advocacia é reflexo da evolução social trazendo: facilitação da
convivência, diminuição de distâncias, otimização de tempo, maior acesso a
informação, dente outros processos. De igual forma, aumenta a
autorresponsabilidade e o fortalecimento do comportamento ético profissional
vez que, com todo bônus segue o ônus, e, assim, temos o compartilhamento de
informações em um ritmo extremamente acelerado, a diminuição do campo de
privacidade e os problemas decorrentes dessa dinâmica.
Assimilar a rompimento de uma advocacia
isolada e mecânica pode ser uma tarefa árdua ou prazerosa, dependendo do nível
de comportamento social do profissional. Somos seres sistêmicos, impactamos
nossas profissões com as ações pessoais assim como acontece de forma contrária.
A incorporação de sistemas eletrônicos de peticionamento e certificações
digitais para advogados é um exemplo mínimo, mas extremamente marcante, da
escolha (ou ausência dela) entre estagnar e sucumbir ou adaptar-se.
A convivência harmoniosa com a tecnologia
não só repele o pensamento de que o profissional será substituído por máquinas,
como também, e principalmente, traz a possibilidade de destaque e visibilidade,
como comprovam: as formações de parcerias vias mídias sociais aumentando o networking;
a possibilidade de marketing de conteúdo; a oferta simplificada de atendimento
com otimização de custos para o profissional e para o cliente via reuniões
virtuais; a integração de informação com as bases de dados; a diminuição do
tempo de pesquisa etc.
Todos esses avanços permitem que o
profissional se aprimore em conhecimento e utilize adequadamente a extensão do
seu tempo investindo na excelência do seu trabalho, melhorando ou fortalecendo
a sua marca, buscando se tornar mais atraente para seus clientes.
Apesar de termos descrito várias formas de
venda da força de trabalho ou de facilitação do trabalho do advogado através da
tecnologia, são as redes sociais que estão no topo da lista dos profissionais
mais antenados.
A verdade é que hoje o cartão de visitas do
advogado passou a ser o seu perfil jurídico mantido nas redes sociais e o que
ele produz de conteúdo gratuito e informativo para o seu consumidor final, que
pode ser o cliente leigo ou o profissional menos experiente, tornando-se a
forma de oferecer legalmente seu produto.
Atualmente, os interessados pesquisam seus
advogados em buscadores da internet e fazem uma verdadeira análise prévia antes
da contratação.
Não raro, um novo cliente surge após uma
postagem sobre o tema específico que vivencia.
É possível perceber que as redes sociais
levaram a propaganda boca a boca a um outro nível. Hoje, quando um potencial
cliente tem uma dúvida, o advogado compartilha seu vídeo, artigo ou postagem
para mostrar sua autoridade no assunto.
No entanto, como os advogados não são
autorizados a fazer o marketing tradicional, foi necessário buscar uma forma
atraente e criativa de apresentar sua expertise para o possível interessado sem
ferir o código de ética.
Dentro dessa perspectiva, surge o inbound
marketing, que é um modelo bem peculiar e específico para atrair cliente e
ganhar credibilidade junto a eles. Esse modelo consiste na entrega de conteúdo
relevante, especializado e gratuito ao possível consumidor final.
Os advogados atentos estão usufruindo das
novas tecnologias, como as redes sociais, para ampliar a possibilidade de
exposição positiva junto aos clientes e a divulgação profissional como
instrumento para impulsionar a carreira. Essa nova forma de se apresentar
impacta na formação da notoriedade e autoridade do profissional, substituindo, com
sucesso, o velho e inanimado cartão de visitas.
Naturalmente, antes de considerar o conteúdo
para divulgação e atração da clientela, é indicado que o advogado trace um
plano definindo quem é e o que deseja conquistar.
Não é incomum, que após traçar esse plano
detalhado, o advogado por trás do perfil jurídico construa o que se chama
Proposta de Valor Profissional e enxergue com mais clareza o caminho para
conquistar autoridade e notoriedade em determinado assunto.
Para esboçar sua PVP (Proposta de Valor
Profissional) sugerimos seguir 4 passos importantes:
Reflita sobre sua carreira, mas seja sincero
consigo mesmo. Quais metas já atingiu? O que pretende mudar? Quais objetivos
deseja alcançar?
Mapeie seus problemas identificando
fraquezas, pesquisando cursos de capacitação, conversando com pessoas mais
experientes e criando uma rotina de desenvolvimento.
Trace um plano e se desenvolva enquanto
coloca em prática algumas ações para dar visibilidade para suas competências e
atributos. Lance mão de estratégias que combinem com você: grave vídeos, escreva
artigos, se torne colaborador ou colunista de um site ou periódico, participe
de eventos. O importante é mostrar ao mundo o que você tem a oferecer.
Meça o resultado, mas fique atento às
mudanças constantes do mercado. Fique de olho na interação do seu público e
mantenha os contatos para networking. A interação do seu público alvo, os
comentários nas publicações e os convites para eventos podem ser usados como
indicadores de resultado. Não tenha medo de mudar e testar suas escolhas.
Esses passos parecem simples, e até são, mas
é preciso disciplina e responsabilidade para tirá-los do campo das ideias e
trazer para o mundo prático. Então, mãos à obra e viva a tecnologia!
Por Cristina C. Cruz
Fonte JusBrasil Notícias