domingo, 16 de agosto de 2020

5 PASSOS PARA DESENVOLVER A RESILIÊNCIA


Thomas Edison, o inventor da lâmpada, realizou mais de mil experiências e enfrentou vários fracassos antes de realizar seu intento. Perguntado sobre como nunca desistira ou se desanimara entre as centenas de tentativas fracassadas, ele respondeu: “Eu nunca fracassei. Eu apenas descobri 10.000 maneiras que não funcionavam”.
Quantos de nós temos essa qualidade de não desistir de tentar alcançar nossos objetivos? Quantos de nós não se deixam abater pelos obstáculos da vida e pelas crises do momento?
A resiliência separa os vencedores de todos os demais. Pessoas resilientes possuem um espírito heroico: são pessoas determinadas e motivadas que não desistem facilmente, nem cansam de tentar alcançar seus objetivos e propósito. A frase de Churchill ilustra a resiliência, que é a capacidade de se recuperar de situações de crise e aprender com ela. É ter a mente flexível e o pensamento otimista mesmo em situações difíceis, com metas claras e a certeza de que tudo passa.
Pessoas resilientes não se vitimizam – sempre se responsabilizam pelos seus atos, erros e acertos. Pessoas resilientes possuem grandes projetos de vida e não é qualquer dificuldade que consegue colocá-las para baixo. Pessoas resilientes possuem conhecimento sobre si mesmo, sua própria força, limitações e sentimentos. Pessoas resilientes derrotam a crise!

Resiliência: uma armadura psicológica
A resiliência pode ser desenvolvida em qualquer idade. Ela fornece uma “armadura psicológica” composta por cinco elementos ou fatores. De acordo com George S. Everly Jr., Douglas A. Strouse e Dennis K. McCormack, autores do livro “Stronger: develop the resilience you need to succeed”, existem cinco atributos que caracterizam uma pessoa resiliente:

1. Otimismo ativo
Quando você se encontra ativamente otimista, você se torna um agente orientador da mudança. O seu otimismo é um instrumento poderoso, uma força interior capaz de impulsionar você corajosamente adiante, mesmo quando os demais estão fugindo da luta.
Uma atitude otimista é uma afirmação psicológica que resulta em uma mudança fisiológica benéfica. Quando você se torna resiliente, o seu corpo é “sobrealimentado com um aumento moderado de hormônios como adrenalina, noradrenalina, ácido gama-aminobutírico, neuropeptídeo Y e cortisol”. Este surto de hormônios fortalece a memória e permite maior tolerância à dor, reações mais rápidas e maior consciência e força.

O pensamento otimista torna as pessoas mais felizes e mais bem-sucedidas. Os “otimistas passivos” esperam algo melhor; porém os “otimistas ativos” tomam medidas para moldar o futuro. Por exemplo, para militares de elite, o sucesso ou o fracasso pode representar a vida ou a morte. Portanto uma atitude negativa pode significar a derrota. Em sua filosofia, o resiliente acredita que sucesso “acontece porque você faz tudo para que ele aconteça”.
Uma dica aqui é: procure interpretar os acontecimentos na sua vida a fim de promover resultados eficazes e um ótimo desempenho. O seu mindset, isto é, a sua perspectiva mental sobre o evento, é fator determinante para o sucesso. Como dizia Henry Ford: “Se você acredita que você pode ou que você não pode, você está correto”.
Estudos científicos comprovam que quanto mais sucessos você obtém, mais fácil é compreender o que é preciso para ser bem-sucedido, ou seja, aquilo que pode gerar maiores triunfos; o cérebro humano, então, vai acabar também vivendo na expectativa de alcançar novas conquistas. É a profecia que se autorealiza.
Albert Bandura, da Universidade de Stanford, afirma que as pessoas podem desenvolver a autoeficácia, uma manifestação do otimismo ativo, através dos passos a seguir:
·        Realizações pessoais – O sucesso gera sucesso. Comece com pequenos sucessos para aumentar a sua confiança.
·        Observação – Observe as pessoas que conseguem alcançar os seus objetivos. Se elas podem chegar lá, você também pode.
·        Incentivo e apoio – Quanto mais apoio você tiver, mais fácil vai ser desenvolver a autoconfiança e o otimismo. As pessoas vão apoiar você, caso você as apoie.
·        Autocontrole – Mantenha a calma, procure além da gratificação instantânea, controle seus impulsos e se mantenha saudável.
O otimismo ativo é mais do que uma esperança ou uma crença. É uma prescrição para que você se recupere, seja bem-sucedido e deixe de viver como vítima.

2. Ação decisiva
Para se recuperar de um revés temporário, as pessoas resilientes estão preparadas para agir com coragem. Uma pessoa que se sinta fortalecida e determinada é capaz de tomar decisões difíceis sob pressão e agir com proatividade, escolhendo entre várias opções e avançando. Este nível de determinação ajuda você a enfrentar os problemas de frente e aproveitar as adversidades para crescer e desenvolver resiliência. Mas para que isso aconteça, você precisa agir.

As pessoas respeitam quem age com firmeza. Esse respeito constrói um efeito halo, isto é, as pessoas veem com bons olhos e admiram os mais determinados. Para elas, uma atitude orientada à ação é louvável e possui um potencial impulsionador de carreiras.

Por isso, a dica é: aja com determinação e aprenda a superar os comumente obstáculos existentes tais como:
·  Medo paralisante do fracasso
·  Medo do ridículo
·  Procrastinação
·  Falhar ao comunicar os detalhes relevantes a respeito das suas ações
·  Tentar agradar a todos
·  Sentir-se intimidado pela extensão do desafio
·  Perder a visão dos objetivos de longo prazo

3. Bússola moral
A sua bússola moral, ou seja, a sua “honra, integridade, fidelidade e comportamento ético”, deve orientar todas as suas decisões, mesmo que as coisas não estejam indo bem.
Quando as pessoas sentem que você está fazendo a coisa certa, elas creditam mais respeito e confiança. Para influenciar pessoas de maneira eficaz, os líderes sabem que a credibilidade e confiança se constituem em pilar fundamental. Em tempos de crise, as pessoas podem se permitir a cometer mais falhas, mas a moral e a ética serão sempre admiradas e valorizadas pelos públicos com os quais você se relaciona.
Kouzes e Posner, autores do livro “O Desafio da Liderança” entrevistaram milhares de líderes extraordinários no mundo inteiro. Os especialistas concluíram que o primeiro fator de sucesso do líder é ele ser “líder pelo exemplo”. Em primeiro lugar, grandes líderes sabem liderar a si mesmo, mantendo autocontrole e professando valores positivos.
Durante uma crise, o negativismo, o ceticismo e a desesperança são fatais. É preciso muito autocontrole, disciplina e inteligência emocional para superar as dificuldades.

4. Tenacidade implacável
Em 1939, o exército alemão de Hitler atacou a Polônia, dando início à 2ª. Guerra Mundial. Até outubro de 1941, a Alemanha ocupou a Europa Continental. A Grã-Bretanha manteve a sua liberdade. O primeiro-ministro Winston Churchill já havia conclamado o Reino Unido a resistir com firmeza aos nazistas. Ele se dedicou a “desafiar com tenacidade” as hordas de Hitler.
Churchill disse: “Nós lutaremos na França, lutaremos nos mares e oceanos, lutaremos com crescente confiança e crescente força no ar, defenderemos nossa ilha, a qualquer custo. Lutaremos nas praias, lutaremos nos campos de aterrissagem, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas colinas; jamais nos renderemos”. Graças a tenacidade de Churchill, o vento começou a virar e os aliados, com a ajuda dos EUA, derrotaram os nazistas.
Inspire-se em Churchill e naqueles que seguiram seu exemplo corajoso. Não importa o obstáculo que você deva superar, confie na sua tenacidade “autossustentável”. Você tem controle total sobre o esforço necessário para seguir em frente. A determinação é abastecida pelo seu empenho total, nada menos do que isso. Espelhe-se no modelo estabelecido

Pessoas corajosas e determinadas são persistentes diante de desafios

5. Apoio interpessoal
Aristóteles afirmava que o grupo supera sempre os seus membros individuais. Este aumento da capacidade deriva da prontidão dos membros de se ajudarem mutuamente para o bem-estar coletivo. Este fenômeno é conhecido como “coesão interpessoal”, isto é, a partilha e o apoio.
Charles Darwin também comentou sobre o grande valor dos grupos coerentes. Ele concluiu que as tribos que conseguiriam prevalecer naturalmente seriam aquelas cujos membros defendessem uns aos outros e fizessem sacrifícios para o bem das suas comunidades.
Em outras palavras, você é mais bem-sucedido quando conta com relacionamentos sólidos. A dica aqui é: fortaleça as suas conexões interpessoais utilizando a fórmula “homofilia x proximidade”. Encontre pessoas com os mesmos valores e atitudes que os seus (homofilia) e passe um bom tempo nos locais onde elas costumam se reunir (proximidade). Vá atrás de mentores e exemplos a seguir.
Apoie as pessoas dispostas a apoiar você. Demonstre o seu respeito pelos outros. Escute o que as pessoas têm a dizer. Não presuma que as pessoas ao seu redor são maliciosas, mesmo que algumas se levantem contra você; pode ser que estejam agindo por pura ignorância ou insensatez. Não leve as ações dessas pessoas para o lado pessoal.
Esses cinco fatores interagem entre si e vão se desdobrando um após o outro. O otimismo ativo leva a uma ação decisiva, a qual depende da sua bússola moral; estes três passos requerem uma tenacidade implacável e se tornam mais fáceis quando você conta com um apoio interpessoal.

Resiliência é a capacidade de recarregar
Estou certo de que ser flexível e ágil é a melhor competência profissional do século XXI. No mundo volátil, cheio de incertezas e turbulências, aja como um bambu diante das tempestades e não como uma rígida figueira. As duas árvores sofrerão a mesma realidade, mas a forma de reagir de cada uma será diferente. Qual delas sobreviverá? A figueira se quebrará e o bambu se vergará, sobrevivendo à crise e se reerguendo. Quem cai e dá a volta por cima, sempre vence no final.
Muitos associam resiliência com força (o soldado que se arrasta na lama e não sofre, o boxeador que sempre se reergue depois do nocaute). Mas força e trabalho duro representam o oposto da resiliência. Arianna Huffington descobriu que os EUA perdem 11 dias de produtividade por trabalhador por causa da falta de sono revigorante dos trabalhadores.
A chave para a resiliência é a capacidade de recarregar. É tentar de maneira determinada, então pausar, tentar novamente, recuperar-se, e então tentar de novo. Mas melhorando a cada vez, como fez Thomas Edison. Esta conclusão tem base científica na biologia, mais especificamente no conceito de homeostase – a capacidade do cérebro de continuamente recarregar e sustentar o bem-estar. O neurocientista Brent Furl chamou de “valor homeostático” esta capacidade que temos de recarregar e buscar o equilíbrio novamente de forma natural.

Lembretes para o sucesso
Para desenvolver eficazmente a resiliência, lembre-se das seguintes premissas:
·  A simplicidade é crucial – Concentre-se nos cinco fatores da resiliência. Outros comportamentos também consolidam a resiliência, incluindo o autocontrole e uma mentalidade “calma, inovadora e não taxativa”. Lembre-se: menos é mais. Busque soluções simples.
·  A resiliência pode ser aprendida em qualquer idade – As dificuldades, a ansiedade e os eventos dolorosos podem levar a “eventos neurológicos e neuroendócrinos” semelhantes à plasticidade cerebral das crianças, o que melhora a aprendizagem. Assim, nossos revezes e eventuais fracassos devem ser encarados como lições de aprendizagem.
·  A autoeficácia é uma estrutura útil – Lembre-se de que o “primeiro sucesso é o mais difícil”.
·  É importante monitorar a sua resiliência – O autoconhecimento é um requisito fundamental para o sucesso. Conheça e tire proveito de seus pontos fortes e habilidades. Lembre-se: a prática e o treino aperfeiçoam.
·  Estude o passado – Encontre seus heróis pessoais de resiliência. Estude as suas palavras e ações. Inspire-se neles. Churchill, por exemplo, dizia: “O sucesso consiste de ir de um fracasso a outro fracasso sem perder o entusiasmo”.
 Por Marco Morsh
Fonte Portal Administradores