Thomas Edison, o inventor da lâmpada, realizou
mais de mil experiências e enfrentou vários fracassos antes de realizar seu
intento. Perguntado sobre como nunca desistira ou se desanimara entre as
centenas de tentativas fracassadas, ele respondeu: “Eu nunca fracassei. Eu
apenas descobri 10.000 maneiras que não funcionavam”.
Quantos de nós temos essa qualidade de não
desistir de tentar alcançar nossos objetivos? Quantos de nós não se deixam
abater pelos obstáculos da vida e pelas crises do momento?
A resiliência separa os vencedores de todos
os demais. Pessoas resilientes possuem um espírito heroico: são pessoas
determinadas e motivadas que não desistem facilmente, nem cansam de tentar
alcançar seus objetivos e propósito. A frase de Churchill ilustra a resiliência,
que é a capacidade de se recuperar de situações de crise e aprender com ela. É
ter a mente flexível e o pensamento otimista mesmo em situações difíceis, com
metas claras e a certeza de que tudo passa.
Pessoas resilientes não se vitimizam –
sempre se responsabilizam pelos seus atos, erros e acertos. Pessoas resilientes
possuem grandes projetos de vida e não é qualquer dificuldade que consegue
colocá-las para baixo. Pessoas resilientes possuem conhecimento sobre si mesmo,
sua própria força, limitações e sentimentos. Pessoas resilientes derrotam a
crise!
Resiliência: uma
armadura psicológica
A resiliência pode ser desenvolvida em
qualquer idade. Ela fornece uma “armadura psicológica” composta por cinco
elementos ou fatores. De acordo com George S. Everly Jr., Douglas A. Strouse e
Dennis K. McCormack, autores do livro “Stronger: develop the resilience you
need to succeed”, existem cinco atributos que caracterizam uma pessoa
resiliente:
1. Otimismo ativo
Quando você se encontra ativamente otimista,
você se torna um agente orientador da mudança. O seu otimismo é um instrumento
poderoso, uma força interior capaz de impulsionar você corajosamente adiante, mesmo
quando os demais estão fugindo da luta.
Uma atitude otimista é uma afirmação
psicológica que resulta em uma mudança fisiológica benéfica. Quando você se
torna resiliente, o seu corpo é “sobrealimentado com um aumento moderado de
hormônios como adrenalina, noradrenalina, ácido gama-aminobutírico, neuropeptídeo
Y e cortisol”. Este surto de hormônios fortalece a memória e permite maior
tolerância à dor, reações mais rápidas e maior consciência e força.
O pensamento otimista torna as pessoas mais
felizes e mais bem-sucedidas. Os “otimistas passivos” esperam algo melhor; porém
os “otimistas ativos” tomam medidas para moldar o futuro. Por exemplo, para
militares de elite, o sucesso ou o fracasso pode representar a vida ou a morte.
Portanto uma atitude negativa pode significar a derrota. Em sua filosofia, o resiliente
acredita que sucesso “acontece porque você faz tudo para que ele aconteça”.
Uma dica aqui é: procure interpretar os
acontecimentos na sua vida a fim de promover resultados eficazes e um ótimo
desempenho. O seu mindset, isto é, a sua perspectiva mental sobre o evento, é
fator determinante para o sucesso. Como dizia Henry Ford: “Se você acredita que
você pode ou que você não pode, você está correto”.
Estudos científicos comprovam que quanto
mais sucessos você obtém, mais fácil é compreender o que é preciso para ser bem-sucedido,
ou seja, aquilo que pode gerar maiores triunfos; o cérebro humano, então, vai
acabar também vivendo na expectativa de alcançar novas conquistas. É a profecia
que se autorealiza.
Albert Bandura, da Universidade de Stanford,
afirma que as pessoas podem desenvolver a autoeficácia, uma manifestação do
otimismo ativo, através dos passos a seguir:
·
Realizações pessoais – O sucesso gera sucesso. Comece com
pequenos sucessos para aumentar a sua confiança.
·
Observação – Observe as pessoas que conseguem alcançar os seus objetivos. Se
elas podem chegar lá, você também pode.
·
Incentivo e apoio – Quanto mais apoio você tiver, mais fácil vai ser desenvolver
a autoconfiança e o otimismo. As pessoas vão apoiar você, caso você as apoie.
·
Autocontrole – Mantenha a calma, procure além da gratificação instantânea, controle
seus impulsos e se mantenha saudável.
O otimismo ativo é mais do que uma esperança
ou uma crença. É uma prescrição para que você se recupere, seja bem-sucedido e deixe
de viver como vítima.
2. Ação decisiva
Para se recuperar de um revés temporário, as
pessoas resilientes estão preparadas para agir com coragem. Uma pessoa que se
sinta fortalecida e determinada é capaz de tomar decisões difíceis sob pressão
e agir com proatividade, escolhendo entre várias opções e avançando. Este nível
de determinação ajuda você a enfrentar os problemas de frente e aproveitar as
adversidades para crescer e desenvolver resiliência. Mas para que isso aconteça,
você precisa agir.
As pessoas respeitam quem age com firmeza. Esse
respeito constrói um efeito halo, isto é, as pessoas veem com bons olhos e
admiram os mais determinados. Para elas, uma atitude orientada à ação é
louvável e possui um potencial impulsionador de carreiras.
Por isso, a dica é: aja com determinação e
aprenda a superar os comumente obstáculos existentes tais como:
·
Medo
paralisante do fracasso
·
Medo
do ridículo
·
Procrastinação
·
Falhar
ao comunicar os detalhes relevantes a respeito das suas ações
·
Tentar
agradar a todos
·
Sentir-se
intimidado pela extensão do desafio
·
Perder
a visão dos objetivos de longo prazo
3. Bússola moral
A sua bússola moral, ou seja, a sua “honra, integridade,
fidelidade e comportamento ético”, deve orientar todas as suas decisões, mesmo
que as coisas não estejam indo bem.
Quando as pessoas sentem que você está
fazendo a coisa certa, elas creditam mais respeito e confiança. Para
influenciar pessoas de maneira eficaz, os líderes sabem que a credibilidade e
confiança se constituem em pilar fundamental. Em tempos de crise, as pessoas
podem se permitir a cometer mais falhas, mas a moral e a ética serão sempre
admiradas e valorizadas pelos públicos com os quais você se relaciona.
Kouzes e Posner, autores do livro “O Desafio
da Liderança” entrevistaram milhares de líderes extraordinários no mundo
inteiro. Os especialistas concluíram que o primeiro fator de sucesso do líder é
ele ser “líder pelo exemplo”. Em primeiro lugar, grandes líderes sabem liderar
a si mesmo, mantendo autocontrole e professando valores positivos.
Durante uma crise, o negativismo, o
ceticismo e a desesperança são fatais. É preciso muito autocontrole, disciplina
e inteligência emocional para superar as dificuldades.
4. Tenacidade
implacável
Em 1939, o exército alemão de Hitler atacou
a Polônia, dando início à 2ª. Guerra Mundial. Até outubro de 1941, a Alemanha
ocupou a Europa Continental. A Grã-Bretanha manteve a sua liberdade. O primeiro-ministro
Winston Churchill já havia conclamado o Reino Unido a resistir com firmeza aos
nazistas. Ele se dedicou a “desafiar com tenacidade” as hordas de Hitler.
Churchill disse: “Nós lutaremos na França, lutaremos
nos mares e oceanos, lutaremos com crescente confiança e crescente força no ar,
defenderemos nossa ilha, a qualquer custo. Lutaremos nas praias, lutaremos nos
campos de aterrissagem, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas colinas;
jamais nos renderemos”. Graças a tenacidade de Churchill, o vento começou a
virar e os aliados, com a ajuda dos EUA, derrotaram os nazistas.
Inspire-se em Churchill e naqueles que
seguiram seu exemplo corajoso. Não importa o obstáculo que você deva superar, confie
na sua tenacidade “autossustentável”. Você tem controle total sobre o esforço
necessário para seguir em frente. A determinação é abastecida pelo seu empenho
total, nada menos do que isso. Espelhe-se no modelo estabelecido
Pessoas corajosas e
determinadas são persistentes diante de desafios
5. Apoio
interpessoal
Aristóteles afirmava que o grupo supera
sempre os seus membros individuais. Este aumento da capacidade deriva da
prontidão dos membros de se ajudarem mutuamente para o bem-estar coletivo. Este
fenômeno é conhecido como “coesão interpessoal”, isto é, a partilha e o apoio.
Charles Darwin também comentou sobre o
grande valor dos grupos coerentes. Ele concluiu que as tribos que conseguiriam
prevalecer naturalmente seriam aquelas cujos membros defendessem uns aos outros
e fizessem sacrifícios para o bem das suas comunidades.
Em outras palavras, você é mais bem-sucedido
quando conta com relacionamentos sólidos. A dica aqui é: fortaleça as suas
conexões interpessoais utilizando a fórmula “homofilia x proximidade”. Encontre
pessoas com os mesmos valores e atitudes que os seus (homofilia) e passe um bom
tempo nos locais onde elas costumam se reunir (proximidade). Vá atrás de
mentores e exemplos a seguir.
Apoie as pessoas dispostas a apoiar você. Demonstre
o seu respeito pelos outros. Escute o que as pessoas têm a dizer. Não presuma
que as pessoas ao seu redor são maliciosas, mesmo que algumas se levantem
contra você; pode ser que estejam agindo por pura ignorância ou insensatez. Não
leve as ações dessas pessoas para o lado pessoal.
Esses cinco fatores interagem entre si e vão
se desdobrando um após o outro. O otimismo ativo leva a uma ação decisiva, a
qual depende da sua bússola moral; estes três passos requerem uma tenacidade
implacável e se tornam mais fáceis quando você conta com um apoio interpessoal.
Resiliência é a
capacidade de recarregar
Estou certo de que ser flexível e ágil é a
melhor competência profissional do século XXI. No mundo volátil, cheio de
incertezas e turbulências, aja como um bambu diante das tempestades e não como
uma rígida figueira. As duas árvores sofrerão a mesma realidade, mas a forma de
reagir de cada uma será diferente. Qual delas sobreviverá? A figueira se
quebrará e o bambu se vergará, sobrevivendo à crise e se reerguendo. Quem cai e
dá a volta por cima, sempre vence no final.
Muitos associam resiliência com força (o
soldado que se arrasta na lama e não sofre, o boxeador que sempre se reergue
depois do nocaute). Mas força e trabalho duro representam o oposto da
resiliência. Arianna Huffington descobriu que os EUA perdem 11 dias de
produtividade por trabalhador por causa da falta de sono revigorante dos
trabalhadores.
A chave para a resiliência é a capacidade de
recarregar. É tentar de maneira determinada, então pausar, tentar novamente, recuperar-se,
e então tentar de novo. Mas melhorando a cada vez, como fez Thomas Edison. Esta
conclusão tem base científica na biologia, mais especificamente no conceito de
homeostase – a capacidade do cérebro de continuamente recarregar e sustentar o
bem-estar. O neurocientista Brent Furl chamou de “valor homeostático” esta
capacidade que temos de recarregar e buscar o equilíbrio novamente de forma
natural.
Lembretes para o
sucesso
Para desenvolver eficazmente a resiliência, lembre-se
das seguintes premissas:
·
A simplicidade é crucial – Concentre-se nos cinco fatores da
resiliência. Outros comportamentos também consolidam a resiliência, incluindo o
autocontrole e uma mentalidade “calma, inovadora e não taxativa”. Lembre-se: menos
é mais. Busque soluções simples.
·
A resiliência pode ser aprendida em qualquer idade – As dificuldades, a ansiedade e os eventos
dolorosos podem levar a “eventos neurológicos e neuroendócrinos” semelhantes à
plasticidade cerebral das crianças, o que melhora a aprendizagem. Assim, nossos
revezes e eventuais fracassos devem ser encarados como lições de aprendizagem.
·
A autoeficácia é uma estrutura útil – Lembre-se de que o “primeiro sucesso é o
mais difícil”.
·
É importante monitorar a sua resiliência – O autoconhecimento é um requisito
fundamental para o sucesso. Conheça e tire proveito de seus pontos fortes e
habilidades. Lembre-se: a prática e o treino aperfeiçoam.
·
Estude o passado – Encontre seus heróis pessoais de resiliência. Estude as suas
palavras e ações. Inspire-se neles. Churchill, por exemplo, dizia: “O sucesso
consiste de ir de um fracasso a outro fracasso sem perder o entusiasmo”.
Por Marco
Morsh
Fonte Portal Administradores