Muitos
advogados pecam pelo artificialismo. Roberto Lyra, um dos maiores
nomes da promotoria brasileira em todos os tempos reclamava: "Em
audiências e sessões da justiça sofro o automatismo, o
esvaziamento, a despersonalização, sobretudo dos jovens defensores
e acusadores".
E
explicava: "Muitos deles conversam e escrevem com vivacidade
crítica e criadora, mas, quando têm a palavra, superestimam o
aplomb, pigarreando para limpar a garganta, espigando o corpo,
ajustando a gravata, esticando o paletó".
E
inconformado concluía: "Não se transportam à tribuna como
são, como estavam, ao natural". Talvez até por processo
imitativo, quase sempre, alguns advogados mudam mesmo a forma de se
expressar e perdem a espontaneidade. Quanto mais natural você for
maiores serão suas chances de conquistar credibilidade.
Como
advogado você precisa debater ideias para que seus argumentos sejam
vencedores. A argumentação deve ser apoiada em exemplos, fatos,
testemunhos, pareceres, jurisprudências. Enfim, você deve se valer
de todos os recursos de que puder dispor para que sua causa seja
vitoriosa.
Se
possuir argumentos fortes, deve apresentá-los isoladamente, para que
possa demonstrar a consistência de cada um. Se forem fracos, a
melhor tática seria apresentá-los juntos, para tentar com essa
união torná-los mais consistentes.
Se
os argumentos tiverem pesos diferentes, não inicie com o melhor,
porque os outros poderão parecer muito frágeis. Também não inicie
com o mais frágil, porque haverá risco de prejudicar o interesse
pelos melhores que virão na sequência.
Uma
boa solução seria iniciar com um bom argumento, não o melhor, e,
assim, provocar boa impressão logo no começo. Os outros devem ser
apresentados em uma escala crescente de importância, partindo do
menos forte até chegar ao que considerar mais relevante.
O
mesmo cuidado que você deve ter com os argumentos a serem
utilizados, precisa ter com a defesa desses argumentos. Num debate
combata um a um os argumentos do oponente para neutralizar a tese
contrária e tornar sua causa vencedora.
Ao
refutar, se todos os argumentos adversos forem fracos, deverá
rebatê-los um a um, separadamente, pois assim tornam-se frágeis e
podem ser destruídos mais facilmente. Se forem fortes, refute-os ao
mesmo tempo, para tentar com a força da emoção, romper a estrutura
lógica contrária.
Se
tiverem pesos diferentes, refute primeiro os mais fortes, deixando os
mais fracos para o final. Dessa forma, você terá melhores condições
de, ao vencer o mais frágil, levar o interlocutor a pensar que os
anteriores também não tinham consistência.
Se
a argumentação contrária se apoiar em hipóteses, sem provas
concretas, faça a defesa negando as informações. Se as provas do
adversário se basearem em documentos, ponha em dúvida a qualidade
do texto, alegando, por exemplo, que houve rasuras ou adulterações.
Haverá
ainda a possibilidade de questionar o estilo desses textos. Poderá
dizer, por exemplo, que não combina com o que é normalmente
utilizado pelo suposto autor. Demonstre também as incoerências nas
comparações estabelecidas. Coisas inanimadas ou próprias dos
animais não podem ser atribuídas ao homem.
Exemplos
de outros países talvez não sirvam para o nosso, com cultura e
tradições diferentes. Da mesma forma os exemplos históricos nem
sempre podem ser considerados para a nossa circunstância, com
realidade tão diversa. No caso de dúvida, afirme que o exemplo
histórico deve ser tomado como falso ou fantasioso.
Além
dos argumentos jurídicos, você como advogado precisa impor sua
personalidade para conquistar ainda mais credibilidade. Por isso, a
fala forte com volume de voz adequado são requisitos importantes.
Assim como a postura elegante e a gesticulação segura e desenvolta
ajudam no processo de conquista do respeito profissional.
Em
todas as atividades, de maneira geral, o traje é característico da
profissão. No caso do advogado, especialmente, a expectativa é de
que se apresente com roupas mais formais. Embora cada vez mais os
operadores do direito reivindiquem o uso de roupas mais leves por
questões climáticas, o traje formal ainda prevalece.
Não
se admite que você como advogado cometa deslizes gramaticais. Essa é
uma atividade que exige estudo persistente e preparo constante, até
o final da carreira. A correção da linguagem funciona como subtexto
importante para mostrar que houve mesmo esse preparo e boa formação.
Fonte
Economia UOL