Gatos já nascem bilíngues: fluentes em miau e maternalês. Um novo
estudo descobriu que, desde muito cedo, com apenas 2 semanas, os filhotes são
capazes de reconhecer com muita precisão a voz de suas mães.
Os
cientistas usaram gravações de três mamães gato diferentes. Os pesquisadores
conseguiram demonstrar que, quando escutam sua mãe se aproximando, o gatinhos
ficam mais alertas por bem mais tempo e tendem a se aproximar dos
alto-falantes, na expectativa de a mãe aparecer. Também ficam mais barulhentos:
filhotes de gato geralmente se mantém quietinhos enquanto estão sozinhos, e só
ficam falantes quando a matriarca está por perto.
Esse
processo de reconhecimento é bem mais complexo do que parece. É como se as mães
tivessem que desenvolver um idioma que só é compreendido entre elas e os
filhotes, e depois precisasse ensiná-los a entender que é ela quem está
falando.
Para
começar, os pesquisadores observaram que, perto dos seus filhotes, as mães não
miam normalmente. Quando estão com a ninhada, elas só ronronam ou emitem um
gorjeio engraçado, parecido com o dos pássaros.
Esse
gorjeio é como se fosse uma marca registrada. O miado de duas gatas tende a ser
relativamente parecido. Já a análise acústica do gorjeio, chamado de “chirp” em
inglês, mostrou que ele é exclusivo de cada mãe.
A
teoria dos pesquisadores é de que as mães ensinam seus filhotes a associar
esses sons com calor, leite e carinho – ou seja, uma sensação completa de
segurança. Tanto que, no teste com as gravações, os gatinhos não ficavam tão
animados com o miado da mãe. O importante para eles, mesmo, era o gorjeio
maternal.
Esse
idioma mamãe-bebê provavelmente nasceu de uma necessidade evolutiva. Para um
mamífero, conseguir reconhecer a mãe é importante por dois motivos: se o
filhote tentar mamar na gata errada, no mínimo, vai tomar um safanão. Em
segundo lugar, os gatos precisam ficar quietinhos para evitar o ataque de
predadores – e por isso, saber identificar a mãe como um sinal de segurança é
essencial.
A
conclusão dos pesquisadores é que, por pressão evolutiva, as gatas
desenvolveram esse gorjeio especificamente para a comunicação com os filhotes.
Quando eles ficam mais velhos, continuam entendendo o som como um comunicado
para seguir a mãe para fora do ninho. Para os cientistas, essa capacidade de
aprender uma linguagem tão cedo na vida é sinal de que as habilidades
cognitivas dos gatos são ainda mais impressionantes do que imaginávamos.
Por
Agência de Notícias de Direitos Animais - ANDA
Fonte
Super Interessante