Todo concurseiro deveria lembrar que "existe vida
após a prova", diz especialista
Entre
todos os obstáculos enfrentados por quem vai prestar um concurso público, o
descontrole emocional é certamente o mais “democrático”.
O
problema naturalmente se apresenta para os candidatos mal preparados, cujo
desconhecimento sobre as disciplinas se traduz em estresse e insegurança na
hora da prova.
Mas
ele também acomete quem estudou freneticamente. "Justamente por ter se
preparado tanto, o concursando pode se sentir ainda mais pressionado e cobrado
para ter sucesso”, explica Felipe Lima, professor do curso LFG.
A
professora Rachel Almeida, do site Concurso Virtual, conta que já viu muitos
alunos seus com excelente domínio da matéria serem reprovados por questões
psicológicas.
O
mal-estar emocional atrapalha a concentração e o raciocínio, o que impede o
candidato de usar a sua capacidade máxima para responder às perguntas do exame.
“Isso fica muito claro quando, imediatamente após sair da sala de prova, ele
percebe os erros que cometeu”, diz a professora.
Por
essa razão, continua Rachel, desenvolver uma musculatura psicológica
corresponde a mais de 50% da preparação necessária para ser aprovado num
concurso público.
É
claro que, até uma certa dose, o nervosismo pode ser saudável. Segundo Renata
Xisto, psicóloga e coach especializada em concursos públicos, um pouco de
ansiedade ajuda a motivar o candidato e tirá-lo de sua zona de conforto.
O
“estimulante” vira veneno quando o candidato permite que seu mal-estar tome
grandes proporções - e se transforme numa espécie de medo cujas causas ele já
não sabe mais explicar racionalmente.
Quer
manter a calma nos estudos e na hora da prova? Veja a seguir algumas táticas
sugeridas por 5 especialistas ouvidos por EXAME.com:
1. Aprenda a fazer exercícios de respiração
Para
Rachel Almeida, professora do site Concurso Virtual, um método simples para
relaxar antes e durante a prova é aprender a controlar a sua respiração.
“Quando estamos ansiosos, respiramos mais rapidamente, o que comunica ao nosso
cérebro que estamos em perigo”, explica. “Diminuir o ritmo acalma o organismo”.
Uma
técnica sugerida pela neurocientista Carla Tieppo, professora da Faculdade de
Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, é expirar no dobro do tempo da
inspiração. Se você puxar o ar para dentro por 3 segundos, por exemplo, solte-o
em 6.
2. Faça o máximo possível de simulações da prova
Uma
tática adotada por alguns candidatos é prestar concursos diversos, mesmo que
sejam para vagas aparentemente desinteressantes. Segundo Rachel, a aprovação em
qualquer exame, ainda que seja para um emprego que você não deseja assumir,
eleva a sua autoestima e neutraliza a crença de que estar entre os
classificados é impossível.
Pelo
mesmo motivo é importante fazer a maior quantidade possível de exercícios e
simulados. “Quando começar a prova, diga para si mesmo ‘Este é apenas mais um
exercício de tantos outros que já fiz, ou seja, não é nada demais”, diz a coach
Renata Xisto.
3. Seja gentil consigo mesmo
Bem-estar
físico e mental estão inevitavelmente entrelaçados. Por essa razão, o
equilíbrio emocional depende de cuidados constantes com o corpo. Segundo
Rachel, boas noites de sono e atividades físicas regulares ajudam a regular os
níveis de cortisol, hormônio relacionado aos níveis de estresse e ansiedade.
Exercitar
o corpo também ajuda nos estudos: um estudo da University of Illinois mostra
que a prática aeróbica desenvolve partes do cérebro ligadas à atenção e à
memória.
Para
Felipe Lima, da LFG Concursos, ser gentil consigo mesmo não significa apenas
cuidar do corpo: também é preciso manter uma postura mental paciente e
generosa. “Procure não ser tão rígido, reconheça as suas pequenas vitórias e
saiba persistir de forma otimista”, aconselha.
4. Alinhe expectativas com familiares e amigos
”Muitas
vezes familiares e amigos não compreendem a necessidade das horas a fio que a
pessoa passa debruçada sobre os livros”, diz Rodrigo Lelis, professor do curso
Universo do Concurso-RJ. "Isso para não falar na pressão para que ela seja
aprovada, já que está abdicando da vida familiar e às vezes até do emprego para
se dedicar aos estudos".
Para
não sucumbir à incompreensão dos demais, é importante chamá-los para uma
conversa franca e clara. Em muitos casos, você só terá paz depois que as
pessoas à sua volta finalmente entenderem o seu ponto de vista e passarem a
respeitá-lo.
5. Não abdique do prazer
A
rotina de um concurseiro é difícil e provavelmente exigirá sacrifícios. Isso
não significa, porém, que você deva impor privações absolutas à sua vida -
ainda mais se for daquilo que lhe faz bem.
Se
você gosta de filmes, por exemplo, tente se organizar para assistir a pelo
menos um ou dois durante a semana; se adora ir à praia, não deixe de
frequentá-la quando possível. “Esses momentos de prazer e relaxamento são
fundamentais para aliviar a pressão e não entrar em desespero durante os
estudos”, afirma o professor Lelis.
6. Lembre-se de que “existe vida após a prova”
Uma
fonte comum de sofrimento desnecessário é a falsa ideia de que a reprovação
significa fracasso completo. Para Paulo Estrella, diretor da Nova Academia do
Concurso, a felicidade do candidato não pode depender de uma prova.
“A
vida segue, outros concursos virão e você será aprovado quando estiver pronto”,
diz ele. “Tudo fica mais leve se você tem consciência da dificuldade da sua
missão e aceita a situação temporária em que se encontra”.
Por
Claudia Gasparini
Fonte
Exame Online