quarta-feira, 7 de julho de 2021

TODO MUNDO PODE PASSAR EM CONCURSOS PÚBLICOS?


Qualquer pessoa pode ser aprovada num concurso público? Sim e não. Em princípio, os concursos são acessíveis a qualquer pessoa que possua os requisitos exigidos para o cargo e se disponha a estudar o conteúdo cobrado. Há oportunidades para todos os níveis de escolaridade – desde o fundamental incompleto – e para cargos de variadas complexidades. Não é exigida experiência anterior e não há discriminação por sexo, idade, classe social, religião ou qualquer outra. Então, parece que qualquer pessoa é capaz de conquistar a sua vaga.

Perfil específico?
Mas há um requisito fundamental, não expresso nos editais: determinação e capacidade de lidar com frustrações. Sim, para qualquer concurso é necessário preparação, seja ela intelectual, física ou ambas, mas também uma dose extraordinária de resistência a dificuldades.
Em muitos casos, pode ser preciso estudar durante anos. Os editais podem demorar a sair e a aprovação dificilmente vem nas primeiras provas. Pode também acontecer de a nomeação não acontecer logo após a homologação do concurso, e demorar até quatro anos (o prazo máximo de validade dos concursos é de dois anos e pode ser prorrogado por igual período). Portanto, o projeto que tanta gente ataca como sendo para pessoas acomodadas parece ser, na prática, coisa para quem tem fibra de verdade.

Boa base escolar ou capacidade intelectual resolve?
Por outro lado, a questão intelectual não é fator tão determinante como poderia parecer. Não faltam casos de candidatos com boa formação, mas que apresentam muita dificuldade para se dedicar à preparação. Outros, ao contrário, enfrentam suas limitações em relação aos conteúdos de forma incansável, até saírem vencedores.

Envolver-se
Os que desistem - ou que mesmo depois de muitos anos não parecem apresentar evolução no seu desempenho - são os que não se envolvem com o projeto como deveriam. Apenas dizem que estão se preparando para concursos, porque gostariam de estar, mas essa não é a realidade. A pessoa, por exemplo, frequenta um curso, mas não consegue ter a dedicação necessária fora de aula. Segue a vida como antes, sem abrir mão de outras atividades, fato que permitiria ampliar ao máximo o tempo dedicado ao aprendizado dos conteúdos.
Quase todo dia acontece algo que adia ou interrompe o momento de efetivamente sentar-se e estudar e a pessoa passa o tempo a se justificar. E é sabido que o tempo de assimilar os conhecimentos é aquele dedicado a reler a teoria, fazer exercícios, revisões, provas anteriores. Sem isso, não há aprovação.

Rotina de estudo
O curioso é que desde muito pequenos somos habituados a cumprir rotinas: vamos à escola diariamente e, quase sempre, temos deveres e trabalhos a serem entregues em determinados prazos. Quando nos tornamos adultos e começamos a trabalhar, também precisamos cumprir o horário e desempenhar as atividades para a qual somos pagos. E, se a pessoa for aprovada, terá de dar conta das suas atribuições como servidora pública. Por que então parece ser tão difícil manter o compromisso de estudar a sério para conquistar a vida que a pessoa escolheu? Por que a cada dia a energia é consumida em novas desculpas e adiamentos, como se o projeto não fosse importante?
A única explicação que encontro é o fato de que a pessoa não está conseguindo lidar com a liberdade de escolha, de poder estudar ou não. E não percebe o quanto essa postura inconstante compromete o resultado que poderia obter. Acontece que concurseiro que se preze não tem mais ninguém mandando estudar. É uma opção pessoal. De outro jeito, será apenas uma tentativa de enganar que está estudando.

Amadurecer
Nesses casos, realmente será bastante difícil atingir a aprovação. Antes, será preciso enxergar honestamente a própria atitude e amadurecer o comportamento. Que, a propósito, é um posicionamento diante da vida. A principal preparação será aprender a deixar de colocar a responsabilidade nos outros, ou no acaso, e descobrir que só você pode caminhar para onde deseja chegar. Porque não se engana a vida.
Por Lia Salgado 
Fonte G1