Contrair empréstimos é uma das formas de
detonar as finanças
Pequenas
atitudes podem ser suficientes para arruinar as finanças. Esses comportamentos
geralmente estão ligados a tentativas de obter soluções fáceis para conseguir
dinheiro, mas que têm grandes chances de gerar prejuízos no futuro.
A
melhor forma de evitar possíveis dores de cabeça e atingir objetivos
financeiros, é planejar gastos, poupar e entender que optar por saídas cômodas
pode ter um custo muito maior do que se imagina. Veja a seguir as maneiras mais
comuns de autossabotar seu futuro financeiro:
1) Viver endividado
Empréstimos
no cheque especial, no crédito rotativo do cartão e no crédito pessoal devem
ser vistos sempre como uma solução temporária, utilizada em caso de emergência.
As
taxas de juros cobradas nesses tipos de empréstimos são altas e chegam a bater
os 395% ao ano, como no caso do crédito rotativo, o que faz com que a dívida se
multiplique rapidamente. Por isso, deve-se evitar o uso desses recursos, já que
qualquer gasto imprevisto pode tornar a dívida uma bola de neve.
Para
Fábio Gallo, professor de finanças da PUC-SP, viver endividado é um sinal
nítido de falta de organização financeira.
Ele
ressalta, no entanto, que empréstimos longos, que utilizam bens como garantia,
como o financiamento do imóvel, já são menos tóxicos para o orçamento.
"Esse tipo de empréstimo já pressupõe que as prestações estejam adequadas
ao orçamento da família e dá pouco espaço para a dívida aumentar, já que, caso
o consumidor atrase as parcelas, o banco irá retomar o imóvel".
2) Ter um padrão de vida superior à sua renda
Gastar
mais do que se ganha para ostentar um estilo de vida incompatível com a renda
gera estresse e dívidas. Para Gallo, a única saída para essa situação é adaptar
o orçamento à sua realidade financeira.
É
sempre recomendável gastar menos do que se ganha e guardar um porcentual da
renda todos os meses. "Somente poupando e investindo o dinheiro, seja em
uma aplicação financeira ou em educação, será possível melhorar o padrão de
vida de forma sustentável", diz o professor da PUC-SP.
3) Refinanciar o imóvel por motivos fúteis
Buscar
a linha de refinanciamento do imóvel para realizar grandes compras ou arcar com
despesas como uma festa de casamento é extremamente desaconselhável (veja em
detalhes como funciona esse tipo de empréstimo).
Para
Gallo, não vale a pena pagar juros, ainda que baixos, e ainda correr o risco de
perder o imóvel para o banco por um objetivo que claramente não trará retornos
financeiros. "A conta não fecha. Se o consumidor não tem dinheiro para
organizar o casamento, é preferível esperar e juntar o valor suficiente para
realizar esse objetivo".
O
refinanciamento do imóvel é apenas indicado para quitar uma dívida de grande
valor ou levantar dinheiro para ser utilizado em um projeto de empreendedorismo
caso o consumidor esteja desempregado ou com dificuldade para aumentar a sua
renda, aconselha Gallo. "Ainda assim, o pagamento desse empréstimo deve
ser extremamente planejado para evitar qualquer problema no pagamento das
parcelas".
4) Resgatar dinheiro de investimentos para a
aposentadoria
O
saque de recursos investidos em aplicações financeiras de longo prazo, voltadas
para a aposentadoria, pode ser um grande tiro no pé.
Ao
resgatar esses valores antes do prazo planejado, o investidor pode precisar
pagar um porcentual expressivo de impostos. A tabela regressiva do Imposto de
Renda (IR), que é aplicada a alguns tipos de plano de previdência, diminui
quanto maior o tempo de aplicação. Ou seja, quanto maior o prazo da aplicação,
maior será o rendimento.
Caso
não haja outra forma de solucionar dívidas, Gallo recomenda que o resgate do
dinheiro seja seguido por uma adaptação do orçamento. "É necessário ter
consciência de que será preciso realizar um sacrifício financeiro durante algum
tempo para recuperar o valor resgatado."
5) Tomar empréstimos para os filhos
A
intenção certamente é boa, mas ao tomar um empréstimo longo, como é o caso do
financiamento estudantil, os pais podem prejudicar seus planos para a
aposentadoria. Consequentemente, eles podem precisar da ajuda dos filhos para
se sustentar lá na frente, perpetuando esse ciclo de dificuldades financeiras.
A
melhor forma de ajudar os filhos é buscar um modo de acumular uma reserva
financeira desde o seu nascimento, que poderá ser utilizada para pagar uma
faculdade ou intercâmbio no futuro.
Por
Marília Almeida
Fonte
Exame.com