A maioria dos consumidores inadimplentes volta a
atrasar o pagamento das dívidas após um ano
A
renegociação de dívidas exige planejamento financeiro. Realizar um acordo com o
credor, mas não conseguir cumprir o pagamento do débito durante o prazo
estipulado pode levar a um ciclo de inadimplência que nunca termina.
Estudo
realizado pela Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) aponta que a maioria dos brasileiros volta
a ficar inadimplente um ano depois de quitar os débitos e que já voltaram a
ter o nome sujo apenas três meses depois de sanar as pendências financeiras.
Algumas
dicas para evitar que seu orçamento volte a ficar no vermelho:
1) Proponha um valor que poderá pagar
É
comum o credor oferecer uma proposta que parece atrativa à primeira vista, diz
Ronaldo Gotlib, consultor financeiro e advogado especializado em direito do
devedor. "Mas, antes de aceitá-la, é recomendável refletir se, de fato, os
pagamentos não irão pesar no orçamento".
Uma
solução é ter em mente qual é o valor que realmente pode ser destinado ao
pagamento das parcelas da dívida. Primeiramente, calcule sua renda mensal,
descontados impostos e eventuais benefícios, e subtraia desse valor os gastos
essenciais, como despesas da casa e com a saúde.
Em
seguida, observe quais são seus gastos supérfluos e quais deles podem ser
eliminados (sem deixar de ser bem realista) e subtraia também essa quantia da
sua receita. Assim, você chegará ao valor que deve ser proposto como pagamento
mensal do débito ao banco sem correr o risco de fazer uma proposta maior do que
o seu bolso poderá arcar.
2) Dívidas longas exigem atenção redobrada
As
parcelas da dívida não devem apenas caber no orçamento. Também é indicado
evitar que o pagamento do débito seja prolongado por muito tempo. Quanto mais
longo for o prazo para quitar o débito, mais juros serão cobrados e maior o
risco de um novo descontrole.
Em
prazos longos também é mais difícil prever mudanças no cenário econômico que
possam ter impacto negativo sobre o orçamento pessoal. Situações imprevistas
que geram gastos adicionais ou perda de renda podem impossibilitar o pagamento
das parcelas.
Uma
solução simples é verificar se, em um período mais curto, ainda é possível
fazer com que as parcelas das dívidas caibam no bolso, diz Gotlib.
Outra
maneira de se prevenir contra as dívidas é reduzir ainda mais o volume de
gastos supérfluos e separar um valor mensal com o objetivo de formar uma
reserva financeira para emergências. Essa poupança poderá te ajudar a cumprir o
compromisso financeiro no caso de imprevistos.
Uma
dica para cortar gastos que não são essenciais é reduzir o pacote de TV a cabo
ou o plano de celular, por exemplo.
3) Crie hábitos financeiros mais saudáveis
Antes
de renegociar e planejar o pagamento da dívida, o consumidor também deve se
conscientizar sobre qual foi o motivo que provocou o descontrole. "Limpar
o nome, mas voltar a ter acesso ao crédito sem controle ou manter o nível de
gastos antes de honrar o acordo definitivamente não irá resolver o
problema", diz Gotlib.
Nesse
caso, o risco de as parcelas da dívida renegociada e dos novos débitos se
acumularem diante de qualquer imprevisto é grande, assim como a possibilidade
de que esse comportamento cause um novo descontrole nas finanças, explica o
consultor financeiro.
O
melhor caminho é evitar tomar crédito e reduzir gastos não apenas durante o
pagamento da dívida, mas de forma permanente, com o objetivo de construir um patrimônio
sólido para o futuro.
Vale
fazer uma análise profunda sobre suas finanças para verificar se o descontrole
tem sido causado pela tentativa de sustentar um padrão financeiro incompatível
com sua capacidade de geração de renda.
Em
alguns casos, de nada adianta atacar as beiradas, como os gastos supérfluos, se
os seus gastos fixos e mais pesados, como o financiamento do seu apartamento ou
carro, têm sido o motivo principal da inadimplência.
Por
Marília Almeida
Fonte
Exame.com