Tédio: como driblar o marasmo de um trabalho que não
exige nada além de um pacote de tarefas?
Emprego
é uma fonte de renda, carreira é uma fonte de realização. É
com essa distinção simples que a coach norte-americana Laura Berman Fortgang
chama a atenção para o risco - altíssimo, diz ela - de se acomodar atrás de um
crachá.
A
maioria das pessoas tem apenas um emprego, diz ela. "Elas enxergam o
trabalho como forma de subsistência, sem a expectativa de acumular sucessos por
meio dele ao longo do tempo".
Autora
de livros como “Living your best life” (“Vivendo a sua melhor vida”), da
editora Putnam, Laura acredita que poucos de fato perseguem uma carreira - isto
é, uma série lógica e harmônica de empregos que culmina num objetivo ou
realização maior.
Pacote de tarefas
Não
que haja um caminho “certo” ou “errado”, observa a coach. Mas a atitude mais
imediatista cobra seu preço no futuro.
"Se
você não traça estratégia alguma para a sua vida profissional, dificilmente
trará algum impacto para sua empresa, indústria ou setor de atuação", diz
Laura. “Isso pode ser um motivo de grande frustração para os mais ambiciosos”.
Mas
como perceber a tempo que você não está pavimentando uma carreira? O sinal é
simples e claro: o trabalho se define como um pacote de tarefas.
“Você
sabe que só tem um emprego quando, depois de um certo tempo, começa a se sentir
pouco desafiado e é recompensado apenas por cumprir o que é esperado”, diz a
especialista.
A saída para o marasmo
É
claro que nem sempre a questão se resume a uma escolha, diz Fortgang. Certas
circunstâncias da vida - de crises econômicas a problemas pessoais - podem
ameaçar estratégias de carreira meticulosamente planejadas.
Mas
há um antídoto simples para tempos difíceis: agarrar-se à sua vocação
profissional.
"Cada
pessoa nasceu para fazer algo, isto é, ostenta uma competência única, que a
diferencia das demais", afirma a especialista. O segredo está em aplicá-la
no trabalho.
Se
você é, por natureza, um mediador de conflitos, um planejador talentoso ou um
gênio com números, por exemplo, é preciso exercitar essa habilidade de alguma
forma - mesmo que isso não seja exigido pela sua função.
Além
de trazer satisfação e motivação, aplicar os seus dons no cotidiano é uma forma
de subverter a pobreza do tal "pacote de tarefas" e, assim, fazer um
investimento a longo prazo na sua carreira.
Segundo
Laura, é preciso "manter o olho no prêmio", isto é, lembrar que você
está trabalhando para investir em si mesmo, ganhar experiência, fazer contatos
e desenvolver competências.
"É
claro que você precisa se doar ao seu emprego, mas também tirar dele os
recursos necessários para chegar aonde quer", resume a especialista.
Por
Claudia Gasparini
Fonte
Exame Online