O
desenvolvimento da técnica de produção de anticorpos monoclonais (MoAbs)
propiciou aos médicos Niels K. Jerne, Georges J. F. Kohler e César Milstein o
Prêmio Nobel de Medicina de 1984. Desde então, a descoberta revolucionou vários
campos da medicina e viabilizou o desenvolvimento de novas tecnologias,
consideradas hoje fundamentais para o diagnóstico médico. As técnicas de
imunohistoquímica, imunocitoquímica, imunofenotipagem, Fluorescência por
Hibridização in Situ (FISH) são exemplos da utilidade dos MoAbs no diagnóstico.
Dr.
Wellington, diretor Técnico do Núcleo Hematologia e Oncologia, explica que o
uso terapêutico dos anticorpos monoclonais começou na década de 80, em
princípio com um grande entusiasmo. No entanto, poucos anticorpos lograram
alcançar um lugar na prática médica, devido a limitações tecnológicas que só recentemente
estão sendo vencidas.
Segundo
o hematologista, existe atualmente uma grande expectativa de utilização desses
fármacos: “Modernos anticorpos, desenvolvidos a partir da utilização de
técnicas sofisticadas de biologia molecular e engenharia genética, têm sido
colocados à disposição da classe médica para uso terapêutico. Hoje já existe
uma série de anticorpos monoclonais disponíveis e aprovados para uso clínico,
e, a cada ano, surgem novos produtos”.
Fármacos disponíveis
Dr.
Wellington informa que os primeiros fármacos utilizando anticorpos monoclonais
foram indicados para linfomas e leucemias (Rituximab ou Mabtheraâ, e
Alentuzumab ou Campathâ). Posteriormente, surgiram outros dirigidos para o
câncer de mama (Trastuzumab ou Herceptinâ). Parao tratamento de linfomas
não-Hodgkins foi desenvolvido o Ibritumomabe Tiuxetan ou Zevalinâ.
Mais
recentemente, foram disponibilizados para o tratamento de câncer de intestino
grosso o Bevacizumab (Avastinâ), que age, entre outras maneiras, como um
anticorpo, evitando a formação de novos vasos sanguíneos (angiangiogênico),
fazendo com que o aporte de sangue para o tumor seja modificado.
“O
papel desses fármacos está em constante estudo, mas já existem indicações
precisas e se conhecem situações em que os medicamentos efetivamente melhoram
as taxas de cura e aumentam significativamente a sobrevida de certos grupos de
pacientes”, afirma o médico.
Finalmente,
o médico lembra que a utilização racional desses recursos é fundamental, “pois
eles são dispendiosos, têm efeitos colaterais importantes e precisam de
indicação e orientação de médicos experientes para sua utilização”.
Entenda a nomenclatura dos fármacos com anticorpos
monoclonais
A
nomenclatura dos fármacos desenvolvidos a partir dos anticorpos monoclonais segue
uma lógica e um padrão pré-estabelecido, que permite conhecer o “alvo” de sua
utilização (doenças ou agentes e tipo de tumor) e a origem (fonte) do anticorpo
monoclonal (humana, rato etc). O nome do remédio consta de quatro componentes –
um prefixo, dois infixos e um sufixo, a saber:
Prefixo:
é a sílaba inicial, escolhida para dar nome ao remédio.
Infixos:
São dois. O primeiro aparece logo após a sílaba que dá nome ao remédio e
identifica o “alvo” que o anticorpo pretende atingir (tabela 1). Em seguida,
aparece o infixo que identifica a origem ou a fonte de anticorpos monoclonal
(tabela 2)
Sufixo:
é sempre o termo mabe, identificando que o fármaco foi produzido a partir de
anticorpos monoclonais.
INFIXO QUE DEFINE O “ALVO” DOENÇAS OU AGENTES
Viral:
-vir-
Bacteriano:-bac-
Imunológica:
-li- (ou lim)
Lesões
infecciosas: -les-
Cardiovascular:
-cir-
TUMORES
Cólon:
-col-
Melanoma:
-mel-
Mama:
-mar-
Testículo:
-got-
Ovário:
-gov-
Próstata:
-pr(o)-
Miscelano:
-tu- (ou tum)
INFIXO QUE DEFINE A ORIGEM
u
= humano
o
= camundongo
a
= rato
zu
= humanizado
e
= hamster
i
= primata
xi
= quimera
Veja os exemplos abaixo:
·
Rituximabe:
ri (nome dado ao remédio) + tu (alvo: tumores) + xi (fonte: quimérico) + mabe
(anticorpo monoclonal)
·
Infliximabe:
inf (nome dado pelo laboratório) + li (alvo: doença imunológica) + xi (fonte:
quimérico) + mabe (anticorpo monoclonal).