sábado, 24 de março de 2018

USO DE ANTICORPOS MONOCLONAIS CRESCE NO TRATAMENTO DO CÂNCER

O desenvolvimento da técnica de produção de anticorpos monoclonais (MoAbs) propiciou aos médicos Niels K. Jerne, Georges J. F. Kohler e César Milstein o Prêmio Nobel de Medicina de 1984. Desde então, a descoberta revolucionou vários campos da medicina e viabilizou o desenvolvimento de novas tecnologias, consideradas hoje fundamentais para o diagnóstico médico. As técnicas de imunohistoquímica, imunocitoquímica, imunofenotipagem, Fluorescência por Hibridização in Situ (FISH) são exemplos da utilidade dos MoAbs no diagnóstico.
Dr. Wellington, diretor Técnico do Núcleo Hematologia e Oncologia, explica que o uso terapêutico dos anticorpos monoclonais começou na década de 80, em princípio com um grande entusiasmo. No entanto, poucos anticorpos lograram alcançar um lugar na prática médica, devido a limitações tecnológicas que só recentemente estão sendo vencidas.
Segundo o hematologista, existe atualmente uma grande expectativa de utilização desses fármacos: “Modernos anticorpos, desenvolvidos a partir da utilização de técnicas sofisticadas de biologia molecular e engenharia genética, têm sido colocados à disposição da classe médica para uso terapêutico. Hoje já existe uma série de anticorpos monoclonais disponíveis e aprovados para uso clínico, e, a cada ano, surgem novos produtos”.

Fármacos disponíveis
Dr. Wellington informa que os primeiros fármacos utilizando anticorpos monoclonais foram indicados para linfomas e leucemias (Rituximab ou Mabtheraâ, e Alentuzumab ou Campathâ). Posteriormente, surgiram outros dirigidos para o câncer de mama (Trastuzumab ou Herceptinâ). Parao tratamento de linfomas não-Hodgkins foi desenvolvido o Ibritumomabe Tiuxetan ou Zevalinâ.
Mais recentemente, foram disponibilizados para o tratamento de câncer de intestino grosso o Bevacizumab (Avastinâ), que age, entre outras maneiras, como um anticorpo, evitando a formação de novos vasos sanguíneos (angiangiogênico), fazendo com que o aporte de sangue para o tumor seja modificado.
“O papel desses fármacos está em constante estudo, mas já existem indicações precisas e se conhecem situações em que os medicamentos efetivamente melhoram as taxas de cura e aumentam significativamente a sobrevida de certos grupos de pacientes”, afirma o médico.
Finalmente, o médico lembra que a utilização racional desses recursos é fundamental, “pois eles são dispendiosos, têm efeitos colaterais importantes e precisam de indicação e orientação de médicos experientes para sua utilização”.

Entenda a nomenclatura dos fármacos com anticorpos monoclonais
A nomenclatura dos fármacos desenvolvidos a partir dos anticorpos monoclonais segue uma lógica e um padrão pré-estabelecido, que permite conhecer o “alvo” de sua utilização (doenças ou agentes e tipo de tumor) e a origem (fonte) do anticorpo monoclonal (humana, rato etc). O nome do remédio consta de quatro componentes – um prefixo, dois infixos e um sufixo, a saber:

Prefixo: é a sílaba inicial, escolhida para dar nome ao remédio.
Infixos: São dois. O primeiro aparece logo após a sílaba que dá nome ao remédio e identifica o “alvo” que o anticorpo pretende atingir (tabela 1). Em seguida, aparece o infixo que identifica a origem ou a fonte de anticorpos monoclonal (tabela 2)
Sufixo: é sempre o termo mabe, identificando que o fármaco foi produzido a partir de anticorpos monoclonais.

INFIXO QUE DEFINE O “ALVO” DOENÇAS OU AGENTES
Viral: -vir-
Bacteriano:-bac-
Imunológica: -li- (ou lim)
Lesões infecciosas: -les-
Cardiovascular: -cir-

TUMORES
Cólon: -col-
Melanoma: -mel-
Mama: -mar-
Testículo: -got-
Ovário: -gov-
Próstata: -pr(o)-
Miscelano: -tu- (ou tum)

INFIXO QUE DEFINE A ORIGEM
u = humano
o = camundongo
a = rato
zu = humanizado
e = hamster
i = primata
xi = quimera

Veja os exemplos abaixo:
·  Rituximabe: ri (nome dado ao remédio) + tu (alvo: tumores) + xi (fonte: quimérico) + mabe (anticorpo monoclonal)
·  Infliximabe: inf (nome dado pelo laboratório) + li (alvo: doença imunológica) + xi (fonte: quimérico) + mabe (anticorpo monoclonal).

Por Núcleo Hematologia e Oncologia