Currículo: olhar do recrutador se fixa mais nos dois
ou três últimos empregos do candidato
Diante
de uma pilha gigante de currículos, um recrutador tem duas opções: ler todos,
integralmente, ou “pinçar” as informações principais de cada um para decidir se
ele merece, ou não, uma leitura mais atenta.
A
maioria opta, claro, pela segunda estratégia. “Eles precisam ganhar tempo,
então a primeira coisa que fazem é caçar falhas que permitam eliminar um
currículo”, diz Paulo Dias, diretor de recrutamento da Stato.
De
acordo com Rafael Souto, presidente da consultoria Produtive, essa análise
prévia não costuma demorar mais do que 30 segundos. “É o suficiente para ele
montar a imagem da pessoa, decidir se vale a pena continuar a leitura”, diz.
Mas,
com tão pouco tempo para fisgar a atenção do recrutador, como garantir que as
informações mais importantes sobre você não ficarão invisíveis?
O
primeiro passo é saber quais pontos se destacam, logo de cara, em um CV.
Embora
essa resposta dependa de muitas variáveis, como o grau de senioridade da vaga,
é possível pensar em alguns itens "universais", segundo Ricardo
Karpat, diretor da Gábor RH.
A
seguir seis desses pontos que se sobressaem em currículos de todas as fases, de
acordo com os três recrutadores ouvidos por EXAME.com:
1. Momento atual
“A
leitura sempre parte do presente”, afirma Dias. Por isso, o seu cargo atual -
ou o mais recente, se você estiver sem emprego - deve estar em destaque.
Souto
explica que, embora as experiências passadas sejam importantes, os últimos
cinco anos da trajetória profissional são os mais visíveis. “Os dois ou três
empregos mais recentes são os que o recrutador olha primeiro”, diz.
2. Apresentação
Seu
currículo é limpo, conciso e bem organizado no espaço da página? A qualidade
formal do documento, na opinião de Karpat, é uma das primeiras mensagens
captadas pelo avaliador.
Nessa
pré-análise, textos mal escritos, erros de português e formatação confusa
dificilmente passam impunes. “Falhas, de forma geral, chamam muito a atenção”,
afirma.
3 . Nomes “fortes”
Se
a sua formação acadêmica inclui universidades de ponta, vale a pena apresentar
essa informação da forma mais explícita possível. “Instituições fortes sempre
saltam aos olhos”, afirma Souto.
O
mesmo vale para empresas famosas no mercado. Se há nomes desconhecidos entre os
seus empregadores, a dica de Souto é compensar o fato com uma descrição do seu
ramo de atuação e outros dados, como faturamento anual e número de
funcionários. “Isso ajuda a situar o
recrutador e impedir que ele tire conclusões equivocadas sobre a empresa”, diz
ele.
4. Mudanças de trajetória
Segundo
Karpat, é comum que um currículo seja observado de forma panorâmica, para que sejam
captados padrões na trajetória do candidato. “Num primeiro olhar, você já
consegue perceber se é um profissional 'pula-pula', que não fica mais de alguns
meses num emprego”, afirma.
De
forma geral, lacunas temporais, mudanças, promoções e outros episódios da sua
trajetória serão observados imediatamente - e é bom estar pronto para
explicá-los de forma consistente numa eventual entrevista.
5. Proximidade geográfica
Pode
parecer irrelevante, mas o seu endereço residencial tem chance de ser um dos
primeiros dados checados no seu CV. “É uma forma de avaliar a viabilidade da
contratação, em muitos casos”, afirma Dias.
O
critério geográfico não serve só para eliminar candidatos que moram em cidades
distantes da sede da empresa. “Sobretudo em grandes metrópoles, o recrutador
pode preferir um profissional que não demore muitas horas para chegar ao
trabalho”, diz Karpat.
6. Palavras-chave
Em
sua leitura dinâmica, os olhos do recrutador podem procurar no seu currículo
alguns termos específicos da vaga que ele precisa preencher.
Vai
se candidatar a uma oportunidade na área de programação? É melhor que HTML,
CSS, WordPress ou outros termos ligados à sua área sejam mencionados. “Algumas
palavras-chave precisam estar lá, para facilitar uma identificação rápida”, diz
Souto.
Por
Claudia Gasparini
Fonte
Exame.com