A Peritonite Infecciosa Felina é uma doença contagiosa comum em filhotes entre 3 meses e 2 anos de idade
Quem tem ou já teve
um gato não quer nem ouvir falar em PIF
Quem tem ou já teve um gato não quer nem
ouvir falar em PIF. A sigla é usada para identificar a Peritonite Infecciosa
Felina, uma doença contagiosa comum em
filhotes entre 3 meses e 2 anos de idade, mas que também pode acometer gatos
idosos ou imunossuprimidos (com o sistema imunológico debilitado por outras
doenças).
Nem todos os gatos portadores do vírus ou
que tiveram contato com animais doentes desenvolvem a doença. Porém, como não
tem cura, aqueles que adoecem acabam condenados. O controle é difícil e
trabalhoso, principalmente em lares ou abrigos com muitos animais. Situações
causadoras de estresse, como a separação, a mudança de ambiente, o isolamento e
a chegada de um novo hospede no lar podem diminuir as defesas do felino e abrir
portas para infecções. Por isso a prevenção deve focar sempre na diminuição do
estresse e na individualização de objetos pessoais, como comedouros, bebedouros
e, principalmente, caixas sanitárias — já
que a via de contaminação é oro-fecal, ou seja, o gato saudável precisa entrar
em contato com as fezes do portador para pegar o vírus.
Gatos de raças puras, como Persas, Bengals e
Ragdolls, são mais predispostos a desenvolver a doença. A transmissão da mãe para os filhotes também
pode ocorrer durante a gestação ou amamentação. Locais com grande concentração
de gatos, como gatis ou abrigos, são propícios para a transmissão do vírus,
que, apesar de sensível a desinfetantes comuns, pode permanecer intacto por
semanas no ambiente.
Existem duas formas de PIF: a efusiva (úmida)
e a não efusiva (seca). Elas são determinadas pelo tipo de resposta imunológica
do animal. Alguns gatos podem desenvolver as duas formas. Os sintomas são
bastante inespecíficos e podem levar de dias a semanas para aparecer. Desidratação,
falta de apetite (anorexia), febre, perda de peso e diarreia são alguns deles. Pode
haver acumulo de líquido na pleura (membrana que envolve o tórax/ pulmões), no
peritônio (membrana que envolve o abdômen) e no pericárdio (membrana que
envolve o coração). Formações podem ser palpadas no abdômen (barriga) devido ao
aumento dos gânglios ou aderências. Em casos mais avançados, o animal tem falta
de ar e respiração acelerada, ficando com a boca aberta e a língua azulada. A
pele, olhos e mucosas podem ganhar tom amarelado (icterícia). O animal também
pode apresentar lesões nos olhos, como uveítes, hifema (acúmulo de sangue nos
olhos) e descolamento de retina. A PIF é a principal causa de uveíte em gatos,
por isso animais com este tipo de alteração deve ser tratada com atenção.
Quando o sistema nervoso central é acometido
o gato apresenta alterações neurológicas como incoordenação, convulsão, depressão
mental, paralisia, entre outros. Nestes casos, as chances de cura diminuem
ainda mais. Para fechar o diagnóstico, o veterinário se baseia no histórico e
nos sinais clínicos. Os exames de sangue, de imagem, testes sorológicos e de
DNA auxiliam no tratamento, mas o diagnóstico definitivo só pode ser feito por
meio de biópsia ou necropsia. É importante alertar que testes positivos para o
coronavírus não caracterizam obrigatoriamente PIF, pois nem todo animal com
este vírus terá a doença. Este fator pode dificultar a conclusão do diagnóstico
ou comprometer, falsamente, gatinhos soropositivos, mas que nunca terão PIF.
Como ainda não há cura para a PIF, o
tratamento é paliativo. Antibióticos, antinflamatórios e quimioterápicos
reduzem a velocidade de progressão da doença e podem propiciar uma melhor
qualidade de vida ao animal. Medicações antivirais e imuno-moduladoras são
usadas para minimizar os efeitos adversos da PIF. Punções para a retirada do acúmulo
de líquido no tórax e ou abdômen também dão mais conforto ao gatinho adoentado.
A prevenção é um desafio. Gatos doentes ou
positivos para o coronavírus não devem ter contato com filhotes nem gatos
idosos ou debilitados por outras doenças pois estes têm mais risco de contrair
a doença. Por isso, antes de introduzir um novo gato em casa, consulte sempre
o veterinário e respeite as orientações
e o período de quarentena recomendado para minimizar os riscos de transmissão
para os antigos moradores e novos hóspedes. Mantenha o ambiente e os pertences
dos animais sempre limpos, esvazie a caixa de areia e limpe-a por completo ao
menos uma vez por semana.
Por Fernanda Fragata
Fonte Exame.com