Abandonar a posição
de vítima e reconhecer as próprias qualidades são os primeiros passos para
conquistar autoconfiança.
Acreditar nas próprias habilidades e aceitar
que é tão capaz quanto os outros em volta é uma tarefa quase impossível para
alguns. No entanto, assumir o controle da vida com o título de pessoa confiante
é essencial e traz conquistas que até então seriam inexplicáveis. Não treinar o
cérebro para a vitória representa, por exemplo, perder um desafio antes mesmo
de enfrentá-lo.
Conquistar a autoconfiança é uma tarefa diária
na construção do ser humano, que só terminará no final da vida. O primeiro
contato com a insegurança ocorre já nos primeiros anos da infância, ao ouvir um
equivocado aconselhamento paterno ou sofrer bullying na escola, por exemplo.
“Sofremos inúmeras interferências nas salas
de aula, não somos incentivados com elogios ou motivações. Hoje, a educação
ainda é focada no não-acerto, desencorajando o aluno”, explica a coach
comportamental e palestrante Fabiana Koch.
Alcançar a vida adulta, portanto, exige uma
autonomia e representa um processo de desmistificação do que se acreditava ser
importante na infância.
Para Marcos Sousa, palestrante motivacional
e diretor de uma consultoria, manter o nível de confiança alto exige uma
constante “comunicação interna”, ou seja, exercitar a voz interior.
“É necessário para entender que você é o seu
maior apoiador. O sucesso tem mais a ver com a comunicação interna do que com
aquilo que você fala aos outros”, explica. Aparentemente inofensiva e
silenciosa, ela pode ser ensurdecedora na cabeça, acredita Sousa.
Vitimização da vida
A linguagem do corpo e certas atitudes
ajudam a diagnosticar o inseguro. Postura corporal, quando a pessoa caminha com
o corpo muito baixo, e a falta de proatividade no trabalho e na vida pessoal
revelam que a pessoa está construindo uma espécie de esconderijo contra a
interação social. Ocorre também um processo de vitimização da vida, quando se
aposta que algo acontecerá dependendo da “vontade de Deus” e dos que o cercam.
Para Nell Salgado, psicóloga e master coach
esportiva, a ausência de confiança em si provoca medo e funciona como uma
barreira entre o inseguro e a sociedade.
“Ele tem medo de não ser aceito, de não ser
querido e às vezes esconde isso na agressividade. Sentimos intimidados por uma
pessoa soberba, mas observando profundamente, enxergamos um ser inseguro”.
Técnica do espelho
Muitos se perguntam como podem abandonar práticas
intrínsecas de pessimismo e desencorajamento. Para as profissionais de
comportamento, com a decisão de mudar o próprio ponto de vista e cobranças
pessoais, abre-se uma janela de oportunidade para a autoconfiança.
“Uma vez que enxergamos as nossas misérias,
automaticamente nos tornamos mais tolerantes”, garante Nell.
O equilíbrio ainda é o cenário perfeito até quando
a confiança é colocada em debate. Excesso de autoconfiança no indivíduo é perigoso
e pode prejudicar as relações interpessoais, dentro ou fora do trabalho.
Souza diz que autossuficiência provoca
cegueira diante das próprias limitações e surdez, pois a pessoa não considera
outros pontos de vista.
Veja abaixo algumas dicas dos profissionais
para alcançar a confiança:
1º - Conheça as suas
habilidades e pontos fracos
O primeiro passo é reconhecer os pontos
fortes e negativos da própria personalidade. Acredite: todos têm qualidades que
os diferenciam em uma multidão. Caso tenha dificuldade para fazer uma lista,
pergunte a três pessoas de confiança o que elas percebem de bom e fraco em você.
Esteja preparado para ouvir as críticas.
“Use a lista para dominar suas habilidades e
traga ao consciente que está apto a enfrentar os desafios diários”, orienta
Nell.
2º - Lembre de
momentos em que você foi corajoso no passado
Use esse recurso quando a insegurança bater
e você sentir medo de não completar uma lista de tarefas, por exemplo. Traga à memória
eventos que o desafiaram, mas terminaram com uma superação. Com isso, você resgata
a emoção de conseguir completar algo que considerava impossível. Funciona como
uma estimulação, garante a coach Fabiana.
3º - Arrisque-se
Ao conquistar pingos de confiança, proponha
um desafio a si mesmo. No trabalho, isso pode representar um novo projeto ou
novas metas. Se você tem um bom tempo em casa comece uma receita. Se faltar um
ingrediente, em vez de sair correndo para comprá-lo, peça ao vizinho. Começar
novas amizades também gera confiança.
4º - Cuide da sua
imagem
Ao contrário do muitos pensam, dedicar-se à aparência
exterior traz bons resultados e aceitação. Saia com o cabelo solo, perfumada e
fique atenta à postura ao sentar. Pesquisas revelaram, segundo a coach Fabiana,
que pessoas que usam perfume se sentem mais confiantes no dia a dia. Escolher
uma “roupa da sorte” para eventos importantes, como uma entrevista de emprego,
pode ser um bom exercício.
6ª - Exercite o “olhar
generoso”
Muitos têm a tendência de encarar os fatos
com o olhar negativo. Praticar um olhar generoso significa se propor a
abandonar tal prática. O primero passo, segundo Nell, é assumir as próprias misérias
e desenvolver a tolerância.
“Tudo na vida tem um ponto positivo e
negativo. Antes de priorizar um lado, busque conhecer os dois e ter equilíbrio”.
7º - Pratique
atividades esportivas
Não é novidade que o esporte proporciona
ganhos físicos e mentais. Além disso, ser bom em alguma modalidade reflete em
confiança em todas as áreas da vida, defendem os profissionais. Comece por
solos, como caminhada, corrida e meditação. Depois, invista em esportes de
equipe e conquiste desenvoltura na interação social, com times de vôlei, por
exemplo.
“A primeira pessoa que você enfrenta é a si
mesmo”, defende Nell que atua como coaching pessoal da campeã de judô Rafaela
Silva.
Por Carolina Garcia
Fonte iG Comportamento