Estratégias para
encontrar um bom orientador de carreira
A oferta de serviços de coach se
multiplicou no Brasil nos últimos anos. O número de profissionais certificados
nessa atividade subiu de 350, em 2009, para 1 100, em 2012, segundo pesquisa da consultoria PwC, que ouviu
apenas as principais entidades formadoras.
O número pode ser bem maior se forem incluídos
os aventureiros que obtiveram um certificado sem muito esforço numa instituição
de pouca reputação. Isso tem ocorrido desde que se percebeu que virar coach
pode ser um movimento de carreira mais ou menos fácil e barato — um prato cheio
para oportunistas.
“Já houve caso de profissional que criou
sites na internet para simular as instituições internacionais que o
credenciaram como coach”, diz Sullivan França, da Sociedade Latino-Americana de
Coaching (Slac), entidade certificadora de São Paulo.
Com a oferta disseminada, os preços baixaram
e cresceu o número de profissionais que buscam por conta própria especialistas
para resolver problemas de carreira. Trata-se de uma mudança de mercado, já que
tradicionalmente são as empresas que contratam esse tipo de serviço para seus
executivos.
O problema é que o cidadão comum tem
dificuldade em avaliar um coach. “Chamam qualquer tipo de treinamento de
coaching, o que é uma distorção”, afirma o psicólogo João Mendes, consultor sênior
da Vicky Bloch Associados, de São Paulo, e coautor do livro Coaching Executivo —
Uma Questão de Atitude (Ed. Campus). Veja os cuidados para contratar um serviço
eficaz para sua carreira.
1 Não é terapia
Existem psicólogos e psicoterapeutas
trabalhando como coaches, mas os assuntos tratados nas sessões se limitam a
questões profissionais. O trabalho pode jogar luz sobre determinados
comportamentos no trabalho e ajudar o profissional a compreender como reage. Mas
o coach não deve ter a pretensão de mexer em aspectos emocionais. Uma terapia toca
em questões pessoais mais profundas, exige mais tempo e, provavelmente, mais
dinheiro. Um coach não tem bagagem nem permissão para cuidar da saúde mental do
cliente.
2 É individual
Coaching é um trabalho íntimo e que exige
atenção. Não existe coaching coletivo.
3 O serviço tem um
objetivo definido
Esse ponto de desenvolvimento será o assunto
das sessões. Existe um prazo determinado para que o serviço seja encerrado.
4 A vivência
executiva do coach importa
Ele precisa ter passado pelas experiências
profissionais que pretende ajudar os clientes a compreender e superar. Se ele
foi gerente, pode auxiliar gerentes, mas não será capaz de orientar um diretor.
“A experiência é um bom indício da qualidade que o processo terá”, diz João
Mendes.
5 Avalie a formação
Existem dezenas de entidades certificadoras
de coaches, mas poucas são realmente sérias. A maioria vende diplomas para
profissionais sem gabarito. Cursos sérios são realizados por professores
preparados, em salas com no máximo 20 alunos. Levam semanas e incluem conferências,
leitura, lição de casa e atendimento supervisionado.
Avalie também a formação acadêmica: em que
universidade se formou, se tem mestrado, se estudou fora. Você está contratando
uma pessoa que deve proporcionar desenvolvimento profissional.
6 Disposição
para cuidar faz a diferença
Embora diferentes formações possam se
especializar em coaching, a psicologia leva uma vantagem por ser a que mais
estimula a capacidade de ouvir e compreender. Vale a pena checar se o coach tem
algum diploma nessa área.
7 Rodagem
profissional não é o bastante
O repertório de executivo serve para dar parâmetros
ao coach. Mas ele não deve tomar decisões pelo cliente. O coach deve estimular
o desenvolvimento do profissional, sem fazer o trabalho dele. “se conhecer
muito o mercado do cliente, O coach deve evitar partir para o aconselhamento”,
diz Sullivan França, da SLAC.
8 A primeira sessão é
de graça
É de praxe que esse primeiro encontro ocorra
sem cobrança de cachê. O objetivo é mesmo que o profissional e o cliente se
conheçam e, principalmente alinhem expectativas a respeito do serviço. Se o
coach notar que o caso da pessoa é de terapia, deve encaminhá-la a um
especialista mais apropriado.
9 Cuidado com
valores
“É preciso desconfiar de quem cobra muito
acima ou muito abaixo da média”, diz o coach Marcelo Milani, de São Paulo. Os
valores de sessão variam demais — de 250 a 3 000 reais. Quem cobra caro deve ter experiência e clientes
condizentes. Preços baixos são sinal de mau serviço. Atenção.
10 Defina um pacote
É recomendável que a quantidade de sessões
seja acertada previamente — em geral, são dez ou 15 encontros.
11 Nesse mercado, a
experiência é medida em horas, como fazem os pilotos de avião
Na International Coaching Federation (ICF),
os credenciados são organizados em três níveis: 100 horas, 750 horas e 2 500 horas de atuação — estes últimos, com
anos de lida, são chamados de master coaches e, óbvio, cobram mais. Mesmo
assim, indague o coach a respeito dos últimos cursos que fez. “Apesar de
experiente, ele precisa se manter atualizado”, diz Jorge Oliveira, presidente
da seção brasileira da ICF, de São Paulo.
12 Peça referências
O coach deve fornecer o contato de ex-clientes
para que o profissional ouça a opinião de quem já fez sessões com ele. Desconfie
se o coach se recusa a dar referências ou se a visão dos clientes diverge.
Por Leandro Quintanilha
Fonte Exame.com