Na hora de vender,
pequenas providências podem fazer o bem valer em torno de 20% mais
Imagine-se no lugar de uma pessoa
interessada em comprar uma casa. Você visita o imóvel mas, quando chega lá,
encontra paredes manchadas, pisos rangendo e um cheiro desagradável de mofo. Você
pagaria os R$ 400 mil que o vendedor pediu?
Certamente, você vai chorar um belo desconto
por todos os aspectos ruins que encontrou (já que precisará fazer uma reforma),
ou logo desistirá do negócio.
Agora imagine a mesma casa toda reformada,
limpa e agradável – mas neste caso o vendedor pede R$ 500 mil por ela. Talvez,
com a boa impressão do lugar, você nem se incomode com o preço.
“Todos os sentidos do comprador ficam muito
aguçados ao avaliar um imóvel. Já tive cliente que nem quis entrar no local
quando percebeu que o bem estava muito sujo”, conta a diretora da imobiliária
Lello Imóveis, Roseli Hernandes.
Investir em melhorias é sempre uma forma de
aumentar o interesse de potenciais compradores. Mas é mito achar que, quando
investe R$ 100 mil em uma reforma, o proprietário terá uma valorização
exatamente nessa proporção ou até maior.
“Isso não é regra. Pode até acontecer, mas é
preciso estar ciente de que o retorno pelo investimento é muito relativo”,
afirma Eduardo Aroeira Almeida, vice-presidente da Associação de Empresas do
Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF).
Roseli exemplifica. “Já vi apartamentos
passarem a valer 20% a mais após um projeto de modernização e inclusão de
sacadas. Mas também acontece de o proprietário colocar um piso super caro e o
comprador não perceber a diferença”.
No mercado, há pessoas que vivem de comprar
imóveis em mau estado. Repaginam o bem e vendem por 15% ou 20% a mais. E nem
sempre o investimento com reforma é tão alto como se pensa. Detalhes triviais,
como pintura, podem fazer a diferença para convencer o interessado a comprar.
Mas valorizar um imóvel vai além das medidas
de manutenção e reforma. Há também cuidados essenciais com limpeza e documentação
que facilitam um bom negócio. Confira abaixo 10
sugestões para que seu imóvel ganhe valor na hora de vender:
1. Contrate um
profissional de home staging
Popularizada nos Estados Unidos, a prática
consiste em contratar um arquiteto ou designer de interiores para adequar a
decoração ao gosto de potenciais compradores. É como fazer uma maquiagem ou
encenação (como diz o próprio nome em inglês, staging). Dados da Real Estate
Staging Association mostraram que a velocidade da venda é até 78% maior com a técnica.
“É importante descaracterizar o imóvel para que surjam interessados de todas as
crenças, culturas e até time do coração”, diz Roseli, da Lello. Ela dá exemplos:
uma casa cheia de emblemas e bandeiras do Corinthians pode não agradar um
comprador palmeirense, assim como símbolos católicos podem incomodar um
seguidor do judaísmo. A ideia é criar um ambiente neutro para que qualquer
pessoa se interesse por ele.
2. Faça a manutenção
preventiva e constante
Pisos quebrados, pia rachada, vazamentos,
problemas elétricos e hidráulicos. Todo tipo de defeito que não foi resolvido
pesa na decisão de compra do imóvel. “Manter a boa aparência do lugar ajuda a
vender. Com olhar clínico, o comprador verá que não precisará ter grandes
gastos para morar ali”, diz a executiva da Lello. Pequenas manchas na parede e
no teto podem ser suficientes para que o visitante perca o interesse. A manutenção
preventiva é a forma mais barata de não deixar o imóvel desvalorizar, sugere
Aroeira, da Ademi-DF. “Assim como o automóvel, imóveis também necessitam de
revisão constante para manter a durabilidade”, diz.
3. Prefira cores
claras e neutras na pintura
Um imóvel pintado com tons escuros ou cores
muito chamativas pode desagradar boa parte das pessoas. Uma parede em tom abóbora,
por exemplo, pode ser amada ou odiada. ”Sugerimos um imóvel pintado com cores claras,
como branco e tons pastel, que clareiam o ambiente, dão aspecto de vida e
luminosidade”, diz Roseli. A recomendação é evitar escolhas muito
personalistas, como estampas exageradas. “A chance de agradar mais pessoas com
cores sóbrias é maior”, completa Aroeira.
4. Nunca descuide da
fachada
Mesmo que o interior da casa esteja impecável,
não se pode esquecer que a área externa é a primeira impressão do visitante. “Muros
pichados, por exemplo, dão a imagem de que a região do imóvel é muito insegura,
mesmo que isso não seja verdade”, comenta a diretora da Lello. Uma fachada bem
pintada ou com bom acabamento modifica a identidade visual do imóvel sem exigir
um investimento muito caro.
5. Mantenha o imóvel
limpo e organizado
Todos os sentidos do comprador estão aguçados
quando ele avalia o local: visão, olfato, audição e até tato. O apartamento
pode estar lindo visualmente, mas ter cheiro de xixi de cachorro que certamente
não vai agradar o visitante, além de demonstrar falta de higiene. Poeira em
excesso também causa uma impressão negativa. “É preciso preparar o imóvel para
a visita do comprador, deixar tudo limpinho e arrumado para que o ambiente
esteja agradável”, orienta Roseli.
6. Móveis planejados
valorizam, mas nem sempre
De acordo com Aroeira, da Ademi-DF, armários
embutidos passam uma imagem sofisticada do ambiente, mas é preciso ter cuidado
no seu planejamento. “Se for um projeto muito personalizado, existe o risco de
a pessoa não gostar daquilo”, acredita o especialista.
7. Não deixe seu jardim
virar matagal
O que antes era um jardim florido e hoje é um
depósito de lixo dá a impressão de descuido e abandono, o que, para alguém
interessado em morar, pode ser decisivo para desistir da compra. “Pode parecer
algo banal, mas isso impacta na percepção do valor e no desejo de compra do imóvel,
que é emocional”, diz a executiva da Lello. Um matagal crescido demais pode
diminuir o gosto pelo imóvel. O mesmo vale para a conservação do quintal, que
costuma exigir mais manutenção que a parte interna, por estar mais exposto.
8. Deixe a documentação
em dia para acelerar o negócio
Muita gente pensa que qualquer contrato de
gaveta já vale como a documentação de um imóvel. Na verdade, o único documento
válido é a escritura, que deve estar em seu nome. Se o imóvel não estiver regularizado,
a venda pode gerar muita dor de cabeça. “Se a planta não foi aprovada, não é possível
fazer financiamento imobiliário. Imóveis com puxadinhos também geram problemas
se estiverem irregulares”, lembra Roseli.
9. Piscina e
churrasqueira nem sempre valorizam
Muita gente pensa que cavar um buraco no
quintal para colocar uma piscina vai simplesmente disparar o valor do imóvel. Nem
sempre isso é verdade, na visão de Aroeira. “Depende do perfil e da região onde
ele se encontra”, diz. Piscina pode não ser um atrativo tão grande em regiões
mais frias, ou a manutenção que ela exige pode até gerar desinteresse do
comprador. O mesmo vale para a churrasqueira.
10.
Deixe as contas do imóvel em dia
Obrigações financeiras não cumpridas também
prejudicam a venda do imóvel. Certamente o potencial comprador terá mais
interesse se o condomínio estiver pago em dia, assim como IPTU (Imposto Predial
Territorial Urbano) e taxas, segundo Roseli. “Tem proprietário que nunca pagou
certas taxas e nem sabe que tem situação pendente. Por isso, é importante
consultar se o imóvel não tem dívidas junto ao Estado ou à Prefeitura”, diz. Procurar
uma imobiliária de confiança é uma forma de resolver estas questões, sugere a
especialista.
Por Taís Laporta
Fonte iG Economia