Se você está preocupado por que ainda não tem patrimônio
e já passou dos 30 anos, saiba por onde começar
Após fazer uma avaliação da sua situação, primeiro
passo é se livrar de dívidas atrasadas
Especialistas
recomendam que a poupança para o futuro comece cedo – e que, ao atingir os 30
anos de idade, as pessoas já tenham feito algumas conquistas financeiras, ainda
que apenas cultivar bons hábitos.
Mas
e quem já passou dos 30 e ainda não tem nem um pé de meia, ou no máximo formou
uma pequena poupança? É tarde demais para esta pessoa?
É
claro que ter 35 anos é bem diferente de ter 60. Para o primeiro,
definitivamente não é tarde. Com a expectativa de vida mais alta, essa pessoa
provavelmente terá 30 anos ou mais de acumulação de recursos pela frente, o que
não é nada desprezível.
No
segundo caso pode realmente ser um pouco tarde para garantir a mais tranquila
das aposentadorias. Mas nunca é tarde para começar a faxinar a vida financeira,
se livrar das dívidas e se resguardar contra imprevistos desastrosos.
Só
não será fácil, nem rápido. Você provavelmente precisará poupar mais do que
quando você estava na faixa dos 20, mas possivelmente também terá uma renda
maior do que quando era mais jovem.
Veja
a seguir o passo a passo para pôr a vida financeira em ordem se você já passou
dos 30:
1 Avalie se a situação o incomoda
Para
o CFP Valter Police, planejador financeiro certificado pelo Instituto
Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF), a partir do
momento em que a pessoa se incomoda com sua situação atual, ela deve fazer algo
para mudá-la, e não se acomodar.
“Não
há certo e errado. A decisão de apenas viver o hoje é tão válida quanto a de
poupar para o futuro. Agora, se eu não construí nada e não estou contente com a
situação, eu preciso fazer algo diferente”, diz Police.
“O
que normalmente causa frustração é a incoerência: estar descontente com uma
situação, mas não querer tomar uma atitude diferente”, completa.
Para
aqueles que valorizam a construção de um patrimônio e ainda nem começaram,
mesmo estando mais velhos, o CFP alerta:
“Essa
pessoa deve ficar bem preocupada. Essa é uma fase da vida em que a pessoa já
deu seus primeiros passos financeiros. Quando se começa a poupar mais tarde, o
esforço terá que ser bem maior”, diz Police.
2 Analise o que o levou a esta situação
O
passo “zero”, segundo Valter Police, é fazer um diagnóstico da sua situação
para saber o que o levou a ela. Você tem dívidas? Não consegue poupar? Por que,
exatamente?
O
especialista lembra que não vale se apoiar no que ele chama de “desculpas
verdadeiras” – aqueles imprevistos e outros motivos que até são verdadeiros,
mas que de nada servem como justificativas das suas dificuldades.
Valter
Police lista alguns exemplos de “desculpas verdadeiras”: “eu ganho pouco, por
isso não consigo poupar”; “não tive oportunidade na vida, por isso ganho
pouco”; “meu trabalho/chefe é chato, por isso não me adapto ao emprego”; “tenho
muitas despesas, por isso não consigo guardar dinheiro”; “conheço gente que
poupava e morreu jovem”; “mexer com dinheiro é complicado, não gosto nem de
olhar”.
“Todas
essas coisas são verdadeiras, mas pensar assim não resolve o seu problema”,
observa Police.
O
estudo das finanças comportamentais mostra que o ser humano tende à
irracionalidade e à autossabotagem, até por questões evolutivas.
Mas
na hora de faxinar as finanças é preciso identificar quais são os motivos
internos da falta de controle e organização, que são aqueles que você pode
mudar.
Boa
parte do esforço pode ser feita na maneira com que você lida com as
dificuldades, a escassez e os imprevistos, e não nesses obstáculos em si.
“Você
pode fazer essa autoanálise até com a ajuda de um psicólogo ou um terapeuta
financeiro”, diz o planejador financeiro, que frisa que a mudança não vem sem
esforço.
3 Faça um orçamento
Analisada
sua situação, o primeiro passo efetivamente financeiro é fazer um orçamento:
listar todas as dívidas em atraso (se houver), eventuais financiamentos de
longo prazo (como os da casa e do carro), receitas e despesas, da maior à
menorzinha, semanal ou mensalmente, para ver onde o dinheiro está sendo
desperdiçado.
Assim
é possível reduzir despesas excessivas ou até fazer um sacrifício para cortar
algumas delas, principalmente o que for gasto tolo e irrelevante para a sua
felicidade pessoal mais duradoura.
Economize
em despesas que podem ser reduzidas, como o consumo de luz; troque opções mais
caras por opções mais baratas, como reduzir o pacote de internet e TV a cabo;
prefira opções de lazer gratuitas ou baratas e, se necessário, faça sacrifícios
mais profundos, como vender o carro ou transferir os filhos para uma escola um
pouco mais barata.
O
importante é contar com a ajuda de toda a família, com quem o planejamento deve
ser discutido, se você tiver cônjuge e filhos. O resultado será uma folga no
orçamento, que permitirá o pagamento de dívidas atrasadas e a formação de
poupança.
4 Livre-se das dívidas em atraso
Você
pode conviver com financiamentos e parcelamento de prazos mais longos, desde
que as parcelas não estejam atrasadas e estejam previstas no orçamento, como
qualquer outra despesa.
Assim,
a parcela do financiamento do seu imóvel ou do seu carro terá o mesmo status da
mensalidade da escola do seu filho, por exemplo.
Mas
se você tem dívidas com parcelas atrasadas, especialmente dívidas caras como
cartão de crédito e cheque especial, livrar-se delas deve ser prioridade.
Valter
Police lista alguns exemplos de “desculpas verdadeiras”: “eu ganho pouco, por
isso não consigo poupar”; “não tive oportunidade na vida, por isso ganho
pouco”; “meu trabalho/chefe é chato, por isso não me adapto ao emprego”; “tenho
muitas despesas, por isso não consigo guardar dinheiro”; “conheço gente que
poupava e morreu jovem”; “mexer com dinheiro é complicado, não gosto nem de
olhar”.
“Todas essas coisas são verdadeiras, mas
pensar assim não resolve o seu problema”, observa Police.
O
estudo das finanças comportamentais mostra que o ser humano tende à
irracionalidade e à autossabotagem, até por questões evolutivas.
Mas
na hora de faxinar as finanças é preciso identificar quais são os motivos
internos da falta de controle e organização, que são aqueles que você pode
mudar.
Boa
parte do esforço pode ser feita na maneira com que você lida com as
dificuldades, a escassez e os imprevistos, e não nesses obstáculos em si.
“Você
pode fazer essa autoanálise até com a ajuda de um psicólogo ou um terapeuta
financeiro”, diz o planejador financeiro, que frisa que a mudança não vem sem
esforço.
3 Faça um orçamento
Analisada
sua situação, o primeiro passo efetivamente financeiro é fazer um orçamento:
listar todas as dívidas em atraso (se houver), eventuais financiamentos de
longo prazo (como os da casa e do carro), receitas e despesas, da maior à
menorzinha, semanal ou mensalmente, para ver onde o dinheiro está sendo
desperdiçado.
Assim
é possível reduzir despesas excessivas ou até fazer um sacrifício para cortar
algumas delas, principalmente o que for gasto tolo e irrelevante para a sua
felicidade pessoal mais duradoura.
Economize
em despesas que podem ser reduzidas, como o consumo de luz; troque opções mais
caras por opções mais baratas, como reduzir o pacote de internet e TV a cabo;
prefira opções de lazer gratuitas ou baratas e, se necessário, faça sacrifícios
mais profundos, como vender o carro ou transferir os filhos para uma escola um
pouco mais barata.
O
importante é contar com a ajuda de toda a família, com quem o planejamento deve
ser discutido, se você tiver cônjuge e filhos. O resultado será uma folga no orçamento,
que permitirá o pagamento de dívidas atrasadas e a formação de poupança.
4 Livre-se das dívidas em atraso
Você
pode conviver com financiamentos e parcelamento de prazos mais longos, desde
que as parcelas não estejam atrasadas e estejam previstas no orçamento, como
qualquer outra despesa.
Assim,
a parcela do financiamento do seu imóvel ou do seu carro terá o mesmo status da
mensalidade da escola do seu filho, por exemplo.
Mas
se você tem dívidas com parcelas atrasadas, especialmente dívidas caras como
cartão de crédito e cheque especial, livrar-se delas deve ser prioridade.
“A
reserva financeira deve ser equivalente a, no mínimo, três meses das suas
despesas. Quanto menor sua estabilidade financeira e profissional, maior deve
ser essa reserva”, diz Luiz Krempel.
O
especialista lembra que além de cobrir seus gastos em uma eventual perda de
emprego, morte ou doença na família, é essa reserva que dá fôlego para
aproveitar novas oportunidades de carreira, como mudanças radicais de profissão
e residência.
6 Poupe para a aposentadoria
Depois
de formar a reserva de emergência, chega a hora de poupar para outros
objetivos. E o primeiro deles, acredita Krempel, deve ser a reserva da
aposentadoria.
Nesse
caso, já é possível escolher investimentos de longo prazo, como planos de
previdência privada (desde que as taxas sejam baixas), Notas do Tesouro
Nacional-série B (NTN-B) no Tesouro Direto, e mesmo investimentos de maior
risco, como ações e fundos de ações.
A
tomada de risco, no entanto, está condicionada à idade da pessoa. Para isso é
preciso ter um horizonte de longo prazo para a aposentadoria. Veja como
investir para a aposentadoria depois dos 30 em cada fase da vida.
7 Não se apresse em comprar um imóvel
Se
você ainda não começou a pagar um imóvel, não se apresse para fazê-lo,
principalmente se você ainda estiver na faixa dos 30.
“Eu
sou do time que acha que não se deve ter pressa para isso. Para mim, comprar um
imóvel é um dos maiores erros das pessoas na faixa dos 30 anos. Compromete
muito o orçamento com uma parcela que será paga por 20 ou 30 anos”, diz Luiz
Krempel.
Segundo
o planejador financeiro do Guia Bolso, a fixação de moradia reduz a
flexibilidade para mudanças em função de uma melhor oportunidade de emprego.
“Guarde dinheiro para isso, mas não compre imediatamente”, diz.
8 Trace outros objetivos
Depois
de faxinar seu orçamento, formar uma reserva de emergência, fazer os devidos
seguros e começar a poupar para a aposentadoria, chega a hora de começar a
traçar outros objetivos.
Aí
entram os objetivos pessoais de cada um, como comprar a casa própria, um carro
melhor, fazer uma viagem mais cara, poupar para a aposentadoria ou a faculdade
dos filhos que ainda são pequenos, e assim por diante.
Por
Julia Wiltgen
Fonte
Exame.com