Antigamente,
as famílias eram formadas por um casal que logo tinha filhos e quando eles
atingiam uma idade onde já poderiam ajudar na rotina da casa, um animal de
estimação ganhava espaço na família e tudo parecia fluir naturalmente. Hoje
vemos que esta ordem e rotina mudaram. Os casais se formam, priorizam a
carreira cada vez mais competitiva, optam por ter um animal de estimação em
casa e nem cogitam a ideia imediata de ter filhos. Progridem no emprego,
viajam, curtem bastante a vida a dois e, mais tarde, quando se sentem estáveis
no mercado de trabalho, maduros e seguros emocionalmente, começam a pensar em
aumentar a família. É nessa hora que surgem as dúvidas. Como dividir o espaço
do cão ou do gato que reinaram absolutos na casa até então? Como garantir que o
relacionamento com eles não será abalado e que não sofram?
A
mudança na rotina de todos que vivem na casa será afetada com a chegada de um
bebê. E isso não pode ser encarado como algo negativo. Pelo contrário. Todos,
incluindo o animal de estimação, têm muito a ganhar com a chegada deste novo
membro da família. Mas para colher benefícios é preciso programar e adaptar as
mudanças gradativamente.
Não
é à toa que a gestação transcorre durante alguns meses. Este tempo é suficiente
para que a mulher e a família se preparem para uma nova fase que começará a
partir do nascimento do bebê.
O
casal deve analisar a rotina da casa e do cão – ou do gato – para evitar que
mudanças bruscas causem estresse e desconforto. Se o bichinho dorme no quarto
dos donos, sai para passear todas as tardes e senta no sofá ao lado do dono na
hora da TV e, com o nascimento do bebê, for transferido repentinamente para a
lavanderia, sem acesso ao resto da casa e sem passeios, não raro o animal
apresentará transtornos que podem variar da falta de apetite, depressão,
comportamentos inapropriados como urinar ou defecar fora do local habitual,
roer móveis, objetos, ou até mesmo manifestar agressividade. Por isso, o casal
deve planejar quais mudanças serão necessárias na rotina da casa e iniciá-las
aos poucos.
Do
quarto dos donos, a caminha pode passar para a sala ou até para a lavanderia. Mas
junto dela coloque uma peça de roupa usada de um dos donos (ou dos dois) para
que o bicho sinta a presença e fique confortável. Técnicas de adestramento
através de recompensas e incentivos positivos são muito úteis para mudanças de
hábito. Deitar no pé do sofá em vez de sentar-se no sofá e não festejar as
pessoas pulando, por exemplo. Se os passeios com os donos não forem mais
possíveis, comece a pesquisar empresas que oferecem este tipo de serviço ou
algum amigo ou familiar que possa ajudar.
Antecipe
a visita de rotina ao veterinário, a vacinação e a vermifugação pois durante
alguns meses os pais de primeira viagem estarão muito ocupados com a nova
rotina. Com isso, não haverá o risco de esquecer datas importantes com prejuízo
para a saúde do pet.
Perto
do nascimento, dividam as tarefas diárias como passear, alimentar e brincar
entre o casal e também com outras pessoas já que no período da maternidade, que
costuma ser de três dias, nenhum dos dois estará em casa.
Se
a atenção e o espaço forem reduzidos aos poucos, o cão e o gato se adaptam bem
porque continuarão se sentindo amados e parte do grupo. É muito importante que
toda esta adaptação ocorra antes da chegada do bebê para evitar uma associação
negativa com a criança.
Da
maternidade, envie uma peça de roupa ou paninho usado pelo bebê para que seja
apresentado ao cão ou gato em casa iniciando assim a apresentação do novo
membro da família. Deixe que ele cheire a roupa e depois coloque-a na cama do
pet para que ele vá se acostumando. No retorno para casa, tente ser o mais
natural possível. Evite repreendê-lo no caso de uma aproximação e não force se
o animal se esconder. Respeite o tempo necessário para que ele se acostume com
a novidade. Dê petiscos, carinho e atenção ao pet na presença do bebê para que
ele associe esta presença com coisas boas e ao invés de ficar com ciúmes,
queira ter o bebê por perto.
É
normal um bebê atrair grande parte das atenções que antes eram do animal de
estimação. Por isso, não se culpe. Em pouco tempo o pet terá na família mais
uma pessoa para brincar e compensar este momento transitório.
Por Fernanda Fragata
Fonte Época.com