Cobrança e estudo para nível médio e superior são
totalmente diferentes Reprodução da internet
Os
concursos públicos possuem enfoques completamente diferentes, que variam de
acordo com o nível de formação exigida. Muitas vezes, o candidato faz provas de
ensino médio e superior achando que a abordagem da disciplina será a mesma, o
que é um engano. Dependendo do cargo e do nível de formação, o tipo de cobrança
da banca e o estudo do candidato devem ser completamente diferentes, afirmam os
especialistas.
De
acordo com Fernando Bentes, diretor acadêmico do site QConcursos.com, alguns
fatores devem ser levados em conta para escolher entre cargos com exigência de
formação distinta. Os de nível superior, por exemplo, têm uma remuneração
maior, dão mais possibilidade de ascensão profissional e nomeação à chefia,
mas, obviamente, exigem conhecimentos mais aprofundados do candidato. Por outro
lado, diz o professor, os de nível médio requisitam menos estudo e, por isso, o
candidato pode ser aprovado mais rapidamente. Além disso, garantem estabilidade
da mesma maneira que aqueles que exigem formação superior.
Sérgio
Camargo, advogado especializado em concursos e professor de direito
administrativo, ressalta que o candidato deve levar em conta seu preparo
pessoal para melhor enfrentar um ou outro tipo de prova. Mas nada impede que,
se o candidato tem recursos financeiros suficientes, opte por fazer mais de uma
prova:
—
Quando não é possível por choque de datas ou por falta de recursos, é comum o
candidato optar por aquelas que exigem nível escolar mais baixo do que aquele
que possui, até por questões emocionais, achando que terá mais chances de obter
um bom resultado, o que, particularmente, eu não concordo — afirma Camargo.
Mas,
quais as cobranças das bancas para cada tipo de prova? Bentes explica que, de
modo geral, os cargos de nível médio exigem um conhecimento básico de
interpretação de texto e capacidade de comunicação na língua portuguesa, bem
como conhecimentos elementares em informática e capacidade mínima de raciocínio
lógico-dedutivo. Nas disciplinas jurídicas, as provas cobram o conhecimento do
texto das leis, o que demanda um exercício de memorização atenta e continuada,
de maneira que nenhum detalhe possa ser esquecido. Mesmo quando há uma
especialidade no concurso, a cobrança da prova tem um enfoque mais
técnico-prático, questionando se o candidato sabe desempenhar funções diretamente
ligadas ao seu cargo, como a segurança do trabalho ou a eletrônica.
Já
nos cargos de nível superior, as bancas cobram uma capacidade mais profunda de
reflexão do candidato. Não cabe uma simples memorização da matéria, mas a sua
contextualização a casos concretos. Em disciplinas jurídicas, cobra-se o uso de
técnicas de interpretação e conhecimento de jurisprudência em problemas
complexos da vida social; em concursos das áreas de saúde ou de ciências
exatas, toda a teoria estudada no nível de graduação será o ponto de partida do
candidato, que será testado quanto à capacidade de empregar este saber em
situações-problemas com alto nível de dificuldade.
—
Nas provas de nível médio, será testada a capacidade de responder correta e
objetivamente uma pergunta. Há uma relação mais direta entre o conhecimento
estudado na preparação e resposta da prova. Nas avaliações de nível superior, o
candidato deverá prestar muita atenção a todas as informações da pergunta;
selecionar quais são relevantes para a resposta; aplicar a teoria correta ao
problema concreto imposto pelo enunciado; responder a questão. Ou seja, o nível
de atenção e reflexão do candidato é maior e mais abstrato do que o exigido
para os cargos de nível médio — ressalta o diretor do QConcursos.com.
Por
sua vez, Leonardo Pereira, diretor do IOB Concursos, lembra que, no caso de
provas de redação, os critérios de cobrança são rigorosíssimos em termos de
gramática e fluência do texto, bem como a fuga ao tema.
Para
Sérgio Camargo, independentemente do grau de escolaridade exigido, as bancas
deveriam levar em conta em maior valia os elementos funcionais que serão
exercidos pelo futuro servidor, o que na maioria das vezes não ocorre.
Vale
lembrar que o caminho passa por algumas etapas necessárias e comuns a todos os
certames públicos: leitura do edital, estudo teórico e resolução de exercícios.
A diferença, afirma Bentes, é o enfoque do estudo teórico:
—
Nos concursos de nível médio, priorize a leitura repetida com atenção a todos
os conceitos e detalhes das disciplinas. Imagine possíveis respostas diretas a
perguntas feitas durante a prova.
Já
nos de nível superior, o candidato não deve ter medo do tempo de preparo e nem
do nível de complexidade da prova. Se a administração pública exige o curso
superior, é porque o candidato deve ter um conhecimento maior:
—
Logo, tome o tempo que for preciso para se preparar adequadamente ao nível de
dificuldade da prova. Sempre que estudar uma teoria mais complexa, imagine
situações em que ela pode ser cobrada e tente respondê-la. Esta antecipação
mental de perguntas e respostas pode ser decisiva na hora da prova.
Por
Ione Luques
Fonte
O Globo Online