Construir uma obra como a de Madre Teresa não é apenas
uma questão de fé – e os princípios de gestão que ela adotou podem iluminar
também as empresas
Madre Teresa: missionária também tinha o que ensinar
aos homens de negócio anterior
Em
tempos em que o papa Francisco arrasta multidões por onde
vai, é difícil não pensar em como a solidez de uma instituição milenar como a
Igreja Católica deve ser baseada em estratégias eficientes de gestão. A mesma
ideia ocorre para a ordem “Missionárias da Caridade”, fundada por Madre Teresa
de Calcutá. Presente em mais de cem países, a organização arrecadou e investiu
bilhões de reais para ajudar os pobres.
Apaixonada
por Madre Teresa, Ruma Bose chegou a trabalhar com a missionária em 1992, e
decidiu, junto com o consultor financeiro Lou Faust, enumerar os ensinamentos
da madre para o mundo dos negócios. Veja quais são eles, listados de acordo com os capítulos do livro
“Madre Teresa CEO”, dos dois autores:
1 Sonhe simples, fale com força
Madre
Teresa tinha o simples sonho de mudar o mundo profundamente, ajudando os mais
pobres. Ela começou com essa visão e criou um plano claro para torná-lo
realidade. Ela definiu claramente o que queria e foi buscar recursos e
apoiadores para o seu plano. Segundo o livro, visões genéricas demais são
difíceis de ser atingidas na vida pessoal ou em organizações e é aí que entra a
relação de Madre Teresa com os gestores. Já “falar com força” diz respeito à
necessidade de um líder de constantemente falar com paixão e convicção sobre
sua visão para a empresa e, claro, agir de acordo com essa visão.
2 Para chegar aos anjos, lide com o diabo
Durante
sua trajetória, Madre Teresa precisou lidar com vários “demônios”. A
missionária recebeu até mesmo críticas de que todo o dinheiro que ela conseguiu
arrecadar não poderia ter sido gasto apenas com a sua causa e teria sido usado
pela Igreja Católica para outros fins. Ela respondeu a tudo isso mantendo-se
firme naquilo que acreditava, porque seus anjos eram os pobres e seu objetivo
era ajudá-los. De acordo com o livro,
líderes também precisam saber quais são seus anjos e objetivos, saber onde
traçar suas metas, seus princípios éticos. Eles precisam se comprometer e ter a
coragem de decidir quais acordos são aceitáveis e quais não são. Um líder nem
sempre fará as escolhas certas, e será criticado por isso. É preciso saber
lidar.
3 Espere! E então eleja o seu momento
De
acordo com o livro, o momento definitivo é aquele em que o pensamento muda de
“eu poderia” para “eu posso”, após um mundo de possibilidades de ideias. Porém,
não quer dizer que esse é necessariamente o momento de começar. Madre Teresa sabia em seu coração que estava
destinada a ajudar os pobres, mas ela esperou até o momento certo para começar
sua missão – ela levou cerca de vinte
anos para fundar a Missionárias da Caridade, pois sabia que não poderia
executar suas ideias dentro das organizações católicas existentes, era preciso
criar uma nova. Um de seus maiores desafios foi conseguir autorização da Igreja
para criar a ordem. Ruma Bose e Lou Faust afirmam que um gestor também precisa
eleger o seu momento para tomar decisões. Ele deve pensar se tem recursos
financeiros e humanos para atingir seus objetivos, se pode garantir a qualidade
e o serviço que os clientes esperam e se terá retorno, por exemplo.
4 Acolha o poder da dúvida
Madre
Teresa não só enfrentou, como abraçou as dúvidas e nunca deixou que elas a
fizessem desistir. Ela questionou até mesmo a fonte que a levou para seu
trabalho: a relação com Deus. O livro “Madre Teresa CEO” prega que quando ao
embarcar no desconhecido, é importante reconhecer e processar sentimentos de
dúvida. Dentro de uma empresa, isso seria traduzido na necessidade de um líder
de continuamente avaliar seu progresso rumo ao seu objetivo, revendo operações
financeiras e operacionais, sucessos e falhas e a satisfação de consumidores e
funcionários.
5 Descubra a alegria da disciplina
Madre
Teresa, tinha uma rotina pesada e, em um dia típico, visitava muitos centros e
gerenciava irmãs em cada um deles, mas sempre com alegria. Ela era feliz com o
trabalho diário e sempre estava sorrindo, ainda que fossem 6 horas da manhã.
Segundo o livro, a alegria começa com o entendimento de que a disciplina é uma
prática, e portanto precisa ser repetida para ser efetiva. A alegria da
disciplina entra como um empecilho ao tédio causado pela repetição e impede a
perda de foco o que, consequentemente, gera mais resultados.
Por
Luísa Melo
Fonte
Exame.com