segunda-feira, 10 de junho de 2013

LEI DAS DOMÉSTICAS: DIARISTAS QUE TRABALHAM TRÊS DIAS NA SEMANA TERÃO VÍNCULO


Não é apenas a relação entre patrões e domésticas mensalistas que está mudando com a ampliação dos direitos trabalhistas para a categoria. A regulamentação da Emenda Constitucional 72 vai acabar também com uma polêmica antiga: quando a diarista tem ou não vínculo profissional. Pelo texto aprovado na última quinta-feira na Comissão Mista do Senado, quem trabalhar na mesma casa mais de dois dias na semana terá as mesmas garantias que uma mensalista, como carteira assinada, férias e FGTS.
— Essa é uma discussão antiga e muito difícil. Cada tribunal estadual tem um entendimento diferente. A regulamentação encerra essa polêmica. Mas, para valer, ainda faltam votações na Câmara e no Senado, além da sanção presidencial — explica Patrick Maia Merísio, advogado trabalhista e autor do livro "Os novos direitos dos empregados domésticos".
Por enquanto, no Rio, a linha de entendimento do Judiciário que ainda vale é que três dias na semana na mesma casa não configura o vínculo. Mas a decisão fica a critério de cada juiz.
Para a presidente do Sindicato das Empregadas Domésticas do Rio, Carli Maria dos Santos, a necessidade da regulamentação é urgente:
— Já percebemos que há patrões demitindo a empregada e fazendo a proposta para que ela continue na casa como diarista, algumas vezes na semana. Isso, por medo do que virá, de que os custos aumentem muito.
Para Carli, é fundamental a lei ter mais clareza.
— Jogaram uma bomba, que explodiu, e ficou tudo no ar. Essa incerteza é que gera demissões — diz ela, se referindo à aprovação da PEC das Domésticas, em abril.

Aumento no custo leva à demissão
Na comparação com abril de 2012, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de domésticos com carteira assinada nas seis principais regiões metropolitanas do país caiu de 1,4 milhão para 1,3 milhão.
Para o deputado federal Otavio Leite (PSDB/RJ), o aumento nos custos é um dos motivos para o crescimento no número de demissões. Um levantamento feito pelo parlamentar mostra que os patrões deverão desembolsar 67% a mais com INSS, FGTS, fundo de demissão e seguro-desemprego, considerando o texto aprovado no Senado.
Carli Maria dos Santos, do Sindicato das Domésticas do Rio, porém, ressalta que a briga maior é pelo novo horário de trabalho fixado:
— Não abrimos mão da jornada de oito horas. É uma questão de dignidade. Tem patrão que acha que estamos nos tempos da senzala, e que a empregada tem que estar disponível 24 horas.


Por Ana Paula Viana
Fonte Extra – O Globo Online