O
livro Os Sete Hábitos de Pessoas Altamente Eficazes ensina a trocar a
procrastinação pela realização. Aparentemente, procrastinar é um hábito
universal. Tanto que o livro vendeu mais de 25 milhões de exemplares, em 38
idiomas. E a versão em áudio vendeu mais de 15 milhões de cópias. Em 2011,
entrou na lista dos 25 livros de negócios mais influentes da revista Time. O
autor, Stephen Covey, ajudou o ex-presidente dos EUA Bill Clinton a se preparar
para o cargo.
Com
toda essa qualificação, as ideias do livro deveriam servir, de alguma forma,
para ajudar os advogados a desenvolver suas práticas imediatamente — em
oposição a ficar nos planos de fazer isso quando for possível. Por isso, a
consultora de escritórios de advocacia Paramjit Malhi, jornalista e
profissional de relações públicas da área jurídica, fez um resumo das propostas
do livro, tentando, quando possível, adaptá-las ao dia a dia dos advogados.
O
autor do livro argumenta que a independência pessoal ou o autodomínio, bem como
a interdependência com os outros, no trabalho, podem ser alcançados com o
alinhamento de sete princípios. São princípios da "Ética do Caráter",
ele diz, em contraposição à "Ética da Personalidade", prevalecente nos
livros de autoajuda. O resumo da consultora, enriquecida por informações de
outras fontes que também discutem esses princípios, mostra como eles podem ser
aplicados à prática dos advogados:
Independência pessoal — ou autodomínio
1. Seja proativo.
Significa
assumir a responsabilidade por seu sucesso ou fracasso, em todos os níveis de
sua vida. Deixar de responsabilizar, por exemplo, o governo, o país, o sistema,
a economia, o patrão, o chefe ou o que seja, fora de você mesmo, por seu
destino. Esse princípio equivale a dizer: assuma o controle de sua vida
profissional.
Isso
vale, por exemplo, para advogados que planejam atividades para conquistar mais
clientes, mas nunca vão em frente, porque se rendem ao "famoso complexo da
subjugação ao trabalho", diz a consultora. Esse princípio diferencia os
advogados que arrumam tempo e energia para fazer o que é preciso ser feito para
obter sucesso dos demais, que ficam esperando uma oportunidade.
2. Comece com sua meta em mente.
Isto
é, comece o ano, o mês, a semana, o dia, pensando em suas metas e submetas,
estabelecidas como melhor lhe convier. Metas podem ser estabelecidas para 20
anos, mas também para dez, cinco, três ou um ano. Uma meta de cinco anos pode
ser subdividida em submetas de um ano e assim por diante. As metas devem ser coerentes
com seus valores pessoais mais profundos e com o que você pode chamar de seu
talento e sua vocação.
Crie
uma "declaração de missão" para sua vida profissional. Uma
"declaração de missão" define, por exemplo, o propósito de sua
carreira ou de seu empreendimento, bem como a razão de sua existência. Serve
como uma bússola que lhe vai indicar a direção certa a tomar, a cada dia, e que
atividades você deve exercer e quais deve colocar de lado, para chegar a seu
destino. E, assim, o ajuda a não se enveredar por estradas que o afastam de seu
caminho, mesmo que lhe pareçam interessantes à primeira vista.
3. Dedique-se ao que é mais importante.
Defina
prioridades, de acordo com suas metas e declaração de missão, e as observe
fielmente. Isso é mais fácil dizer do que fazer, especialmente na atual era
digital, em que o volume de distrações é enorme. Se aprender a definir
prioridades de curto, médio e longo prazo, sempre coerentes com suas metas,
pode retornar com mais facilidade a seu curso, sempre que for vítima de
distrações ou de atividades paralelas.
Acostume-se
a atacar suas atividades diárias, semanais e mensais de acordo com as
prioridades que estabeleceu, em conformidade com suas metas, e não com base em
urgências — a não ser que as duas coisas sejam coincidentes. Por isso, é
importante que suas metas se alinhem com seus valores mais fortes. Observe que
valores profissionais e pessoais podem, em alguns casos, ter o mesmo peso — por
exemplo, progredir na carreira e ser um bom pai.
Interdependência (nas relações no trabalho)
4. Pense em soluções "ganha-ganha".
Esse
princípio é antigo, mas às vezes foge das perspectivas dos advogados — e de
outros profissionais. Especialmente na hora de resolver conflitos. Um acordo é
uma possibilidade em resoluções de conflitos, que não pode ser afastada. E,
muitas vezes, pode resultar em benefícios maiores de longo prazo aos advogados,
porque garantem maior satisfação do cliente.
O
princípio também pressupõe a substituição da competição pela colaboração. Ser
generoso, compartilhar e celebrar com os colegas de profissão, por exemplo,
pode render mais dividendos profissionais do que a concorrência acirrada.
Esforce-se, sinceramente, para encontrar soluções benéficas para todos e espere
para colher os frutos, recomenda o livro.
5. Primeiro, procure entender; depois, ser entendido.
Aprenda
a fazer perguntas relevantes a seus clientes — e também a seus oponentes e a
quem quer que seja. E preste atenção nas respostas. Isto é, aprenda a ouvir.
Mostre que está prestando atenção, em vez de folhear um processo ou checar os
e-mails no smartphone.
Saber
ouvir cria empatia. Influencia genuinamente a pessoa que fala e a torna
propensa à reciprocidade — isto é, a outra parte fica predisposta a também
ouvir você com atenção e com a mente mais aberta. Assim, você cria a atmosfera
propícia para influenciá-la, expor seus pontos de vista e ser entendido.
6. Saiba criar sinergia no ambiente de trabalho.
Em
uma de suas definições, sinergia é um esforço de vários agentes, que atuam de
forma coordenada, para atingir um objetivo — segue o pressuposto de que "o
todo é maior que a soma das partes".
É
preciso montar uma equipe e criar um ambiente de colaboração, para obter
resultados maiores do que os que poderiam ser obtidos de esforços individuais.
Nesse contexto, é preciso saber delegar responsabilidades e distribuir tarefas.
7. Afie constantemente sua principal ferramenta de
trabalho: seus conhecimentos.
Alguns
advogados podem pensar que seus esforços de aprendizado terminam com o Exame da
Ordem e seu primeiro emprego. Mas o aprendizado é, na verdade, um processo que
se desenvolve durante toda a vida. Você terá mais chances de sucesso se
continuar fazendo cursos, estudando disciplinas que o ajudem a atuar em uma
determinada área da advocacia. E aprendendo alguma coisa todos os dias, para
melhor servir seus clientes.
Definição de prioridades
Muitas
vezes, a definição de prioridades é um processo complexo, porque muitas coisas
a fazer podem parecer importantes. No entanto, é preciso alinhar suas
prioridades com suas metas profissionais. Mas como definir a importância das
prioridades? O site Moxiepreneur dá uma ideia bem simples para se fazer isso:
imagine suas prioridades como se fossem parte de um ovo. Um ovo tem casca,
clara e gema. Separe a gema. Concentre-se nela e veja o que pode fazer com a
clara e a casca, quando tiver tempo e energia.
Por
João Ozorio de Melo
Fonte
Consultor Jurídico