Até por uma rede profissional como o LinkedIn o
internauta está sujeito à superexposição
A
essa altura, todo usuário de internet já sabe que tem que tomar cuidado com o
que posta nas redes sociais. Hoje em dia, é possível ser demitido ou até
responder criminalmente por causa de fotos embaraçosas ou comentários polêmicos
feitos em redes como Twitter, Facebook ou Instagram. Mas tão importante quanto a
“etiqueta” online é a proteção da própria privacidade. Alardear a rotina e
ostentar dados pessoais na web pode facilitar bastante a ação de bandidos - de
estelionatários a ladrões e sequestradores.
Dados
pessoais expostos em redes sociais podem ajudar estelionatários a falsificar
documentos e a praticar o roubo de identidade, conseguindo, por exemplo, pegar
empréstimos em nome da vítima. Algumas informações podem fornecer pistas a
respeito de senhas de banco ou de e-mail, e outras permitem a sequestradores e ladrões
traçar um panorama completo da rotina da vítima e do melhor momento para
atacar.
“O
problema desses sites é que, por meio de engenharia social, um criminoso pode
ficar sabendo dos hábitos, dos dados pessoais, dos locais frequentados e dos
amigos da futura vítima”, diz Alexandre Atheniense, advogado especializado em
direito eletrônico. Segundo ele, para saber o que pode ser tranquilamente
compartilhado, basta se perguntar: “eu dividiria essa informação com alguém que
acabei de conhecer?” Veja a seguir 7 tipos de informação que o internauta não
deve divulgar nas redes sociais:
Data e local de nascimento: informar o dia e o mês de nascimento não é
um grande problema, mas ao fornecer o ano e a cidade natal, o internauta pode
facilitar a vida dos falsários interessados em roubar sua identidade.
Combinados a outras informações, esses dados cadastrais possibilitam a fraude
de documentos. “Nos Estados Unidos é mais fácil roubar uma identidade a partir
desses dados, pois muitos serviços estão centralizados em torno do Social
Security Number [espécie de CPF]. Aqui no Brasil isso pode vir a acontecer com
a centralização das informações em torno do Registro de Identidade Civil”,
explica Atheniense.
Fotos e dados familiares: cuidado com o excesso de fotos, principalmente de pessoas que
costumam ser visadas por sequestradores ou golpistas, como os filhos pequenos e
os pais idosos. Uma foto do filho de 3 anos com o uniforme da escola no
primeiro dia de aula pode ser um convite para que um criminoso saiba onde abordá-lo
diariamente. Outra maneira de proteger os entes queridos é evitar a indicação
de laços familiares - por meio de ferramentas como a do Facebook, que permite
ao usuário identificar seus pais, irmãos, namorado(a), e assim por diante.
Currículo completo: algumas informações a respeito da carreira podem ser
facilitadores na aprovação de crédito e acabar ajudando estelionatários a
pedirem empréstimos em nome da vítima, por exemplo. Evite dar informações de
trabalho fora de redes profissionais, como o LinkedIn. E mesmo nelas, prefira
expandir detalhes sobre sua carreira apenas enquanto estiver buscando emprego,
recolhendo-os após ser contratado.
Planos de viagem:
é normal querer compartilhar com os amigos a empolgação de uma viagem que está
por vir, ou então postar as fotos do passeio in loco. Especialistas em direito
eletrônico e privacidade, porém, consideram essa atitude arriscada. “Faltam 3
dias para Nova York!” ou “Machu Picchu, aí vou eu!” podem ser manifestações
espontâneas de alegria, ou sinalizadores de que a sua casa estará vazia durante
um bom tempo. É melhor dividir a experiência apenas na volta.
Indicações “acidentais” sobre os seus passos: há quem utilize as redes sociais,
especialmente o Twitter, para informar sobre todos os passos, desde o lugar
onde se encontra até o que está fazendo. Assim como na dica anterior, essa
atitude pode atrair a atenção de criminosos interessados em monitorar a vida do
internauta, agindo como verdadeiros “olheiros” virtuais.
Dicas de senha:
ao cadastrar uma senha em um site qualquer, o usuário frequentemente é
solicitado a criar uma pergunta para lembrá-la em caso de esquecimento. Crie
perguntas pouco óbvias, e evite compartilhar informações que levem criminosos a
adivinhar a resposta - o nome de solteira da sua mãe, sua canção favorita, o
nome do seu cachorro. Em muitos sites, dados facilmente encontrados numa página
pessoal (como a data de nascimento) e a pergunta de segurança é tudo que
crackers precisam para redefinir uma senha e acessar as informações pessoais e
bancárias de outra pessoa. Foi o que aconteceu em 2008 com a republicana Sarah
Palin, então candidata à vice-presidência americana. Um cracker conseguiu
redefinir sua senha de e-mail utilizando dados encontrados pelo Google: sua data
de nascimento, código postal e a resposta à pergunta de segurança “onde eu
conheci meu marido?”.
Endereço e telefone: não deveria nem ser necessário dizer. Ao entregar de bandeja
seu endereço residencial ou comercial, o internauta pode estar facilitando não
só o roubo de identidade, mas também se tornando mais vulnerável a sequestros
ou golpes telefônicos. Telefone comercial pode ser uma exceção, caso o perfil
na rede social seja usado com propósitos profissionais.
Use e abuse das configurações de privacidade
Além
de se resguardar na web, é fundamental que o internauta seja bastante
criterioso na escolha das pessoas com quem deseja dividir suas informações. “O
sujeito tem que definir primeiro qual perfil ele deseja explorar, se é o
pessoal ou o profissional. Se for pessoal, nunca deve adicionar quem ele não
conhece realmente”, aconselha o advogado Alexandre Atheniense.
Outra
dica importante é jamais deixar seus dados e fotos expostos para qualquer um.
Redes como Facebook e Orkut permitem ao usuário definir quem tem acesso a quais
informações, e até mesmo no Twitter é possível filtrar os seguidores.
Dependendo do objetivo do internauta, pode ser mais interessante criar uma rede
própria, como o Ning, menor e mais reservada.
“O
brasileiro em geral é exibido e ingênuo. As pessoas ainda não sabem separar a
esfera pública da esfera privada e acabam expondo informações íntimas de
maneira exacerbada na internet”, observa Atheniense.
Por
Julia Wiltgen
Fonte
Exame.com