quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

COMO EVITAR PROBLEMAS DE SAÚDE EM VIAGENS DE LONGA DURAÇÃO


As viagens internacionais de longa duração fazem com que o viajante permaneça sentado por várias horas. Isto pode ter conseqüências muito importantes em termos de saúde. A imobilização das pernas faz com que o sangue que retorna ao coração pelo sistema venoso tenha uma dificuldade maior para vencer a gravidade já que a pessoa viaja na maior parte do tempo sentada. Em algumas pessoas, o acúmulo de sangue nas pernas faz com que se formem coágulos que podem se despregar da parede das veias das pernas, seguindo junto com o sangue para o coração. No coração, esses coágulos passam pelo átrio direito, pelo ventrículo direito e saem para o pulmão pela artéria pulmonar. À medida que a circulação pulmonar se ramifica, esses pequenos coágulos podem bloquear os capilares, impedindo que o sangue que corre por esse capilar capte oxigênio. Dependendo do tamanho dos vasos que ficam obstruídos a pessoa ter uma insuficiência respiratória, porque o sangue que vai para o pulmão não consegue descarregar o CO2 e capturar mais oxigênio. A formação de coágulos nas pernas (membros inferiores) recebe o nome de trombose venosa profunda.
A trombose venosa profunda às vezes é de fácil diagnóstico porque as pernas ficam muito inchadas e com uma coloração arroxeada pelo acúmulo de sangue. Quando um pedaço de coágulo formado na perna se desprende e vai para o pulmão impedindo a troca de oxigênio e gás carbônico recebe o nome de embolia de pulmão ou tromboembolismo pulmonar. A embolia de pulmão é uma doença grave com alto índice de mortalidade mesmo quando tratada no início.
Esse assunto tem ficado tão comum que vários cientistas começaram a estudar o problema. Dois artigos de revisão foram publicados tentando mostrar que o risco de trombose associado às viagens de longa duração é realmente muito elevado, e quais seriam as pessoas com alto risco para essas complicações tromboembólicas. Uma revisão de todos os estudos realizados até o momento mostrou um risco aproximadamente 3 vezes maior de apresentar uma trombose nos membros inferiores em pessoas que viajaram de avião em relação às que não viajaram. Esse risco aumenta quando a pessoa que viaja preenche algumas condições como idade elevada, presença de varizes e outros sinais de insuficiência venosa, como inchaço de membros inferiores, história de trombose venosa prévia, pessoas com doenças do sistema de coagulação que favoreçam o aparecimento de tromboses, grávidas ou mulheres nos primeiros dois meses após o parto e pessoas obesas ou que estiveram em extenso repouso no período prévio à viagem.
Os estudos mostram que o risco também aumenta nas viagens muito longas, com mais de 10 mil km ou duração maior do que 6 a 8 horas. Um outro fator é que o ambiente dentro do avião, muito seco pelo uso do ar condicionado e com pressão na cabine inferior à que existe normalmente no meio ambiente ao nível do mar, diminui a quantidade de oxigênio no ar e favorece a desidratação, o que aumenta o risco de trombose.
Embora o número de casos de tromboembolismo pulmonar típico seja muito pequeno, em torno de 1,5 caso por 1 milhão de pessoas, quando o número de horas de viagem se eleva para mais de 8 horas, o número de casos aumenta para 2,6 por 1 milhão de pessoas. Entretanto, um estudo que analisou a presença de tromboses em pessoas que viajaram por muitas horas fazendo um Doppler (exame que vê o fluxo de sangue nas veias a perna) de membros inferiores depois da viagem mostrou que a freqüência de algum tipo de trombose - mesmo que muito pequena e assintomática - nos viajantes era muito mais elevada, sendo em torno de 1,6% em pessoas sem nenhum fator de risco, mas em torno de 5% nas pessoas com algum fator de risco para trombose.
Vários estudos ainda mostraram que o uso de meias elásticas de baixa e média compressão diminuiu consideravelmente a formação de algum tipo de trombo em membros inferiores. O uso de medicamentos anticoagulantes, como aspirina, e o uso de heparina não foram tão eficazes quanto o uso das meias elásticas.
Por Isabela Benseñor